Talvez eles não sejam doppelgängers alienígenas — duplos ou imagens espelhadas de nós. Mas a vida extraterrestre, se existir, pode parecer “estranhamente similar à que vemos na Terra”, disse Charles Cockell, professor de astrobiologia da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Em seu novo livro, “The Equations of Life: Physics Shapes Evolution, Basic Books” (ainda sem edição em português), Cockell sugere uma “biologia universal”. Adaptações alienígenas, significativamente semelhantes à vida terrestre — de humanoides a beija-flores — podem ter surgido em bilhões de mundos. “A vida na Terra pode ser um modelo para a vida no universo”, diz ele.
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A sustentação para a teoria de Cockell, de maneira abreviada: as leis físicas são as mesmas em todos os lugares. A gravidade, por exemplo, é onipresente, não exclusiva do nosso sistema solar. Portanto, as mesmas restrições estão em todo lugar. Moléculas orgânicas, na Terra ou em outro ambiente, ainda se desintegram em altas temperaturas e se desativam nas baixas.
Certos ingredientes são indispensáveis para a vida em quase todo lugar. O carbono é o elemento ideal para montar a vida florescente; a água é o melhor solvente para transportá-lo. O salto provocativo dado por Cockell é afirmar que essas condições são limites que impedem uma “grande variação” no visual dos seres vivos pelo universo.
“As leis da física canalizam a vida para formas restritas”, diz ele. “Elas restringem o escopo da evolução. A vida alienígena pode ter muitas semelhanças com a vida da Terra.” No próprio planeta, é possível verificar isso. “Vá para o oceano. Lá, ‘criaturas com corpos finos e aerodinâmicos’ predominam e, por razões óbvias: para se mover rápido pela água.”
Isso tem sido verdade por centenas de milhões de anos, é claro. Golfinhos, tubarões, ictiossauros — espécies de mamífero, peixe e dinossauro extinto — têm uma aparência de fato comparável. “As coisas acabam se parecendo, apesar de serem linhagens completamente diferentes”, diz Cockell.
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Em terra, a maioria dos animais tem apêndices, membros para se movimentar. No céu, sejam pterodáctilos sejam pombos, “as leis que governam a aerodinâmica são observadas”. Até mesmo as borboletas, embora extremamente detalhadas com “infinitas cores, matizes e padrões”, seguem as leis da física.
“Uma asa muito pequena e uma borboleta não consegue decolar”, diz Cockell. Detalhes, ele admite, podem ser “infinitos”. Mas “a física restringe a forma”.
Exceções ocorrem, certamente. Cobras, sem membros, deslizam. “Experiências da natureza”, justifica Cockell. Mas a maior parte dos seres vivos, diz, “é talhado por regras que podem ser chocantemente estreitas”. Incluindo humanoides inteligentes e tecnologicamente inteligentes, se estiverem por aí.
Voltando aos ETs: apêndices e membros são possíveis. “Você não constrói civilizações sem a capacidade de usar ferramentas”, diz Cockell. Mas talvez eles não tenham braços e pernas: tentáculos também podem agarrar objetos. E há a cabeça — eles podem ter olhos, ouvidos e uma boca? Provavelmente.
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“Mas não há razão para que tudo esteja no mesmo lugar”, diz ele. “Uma boca não precisa estar abaixo dos olhos.”
Afinal, eles não são clones de nós, mas parentes distantes. Os clássicos programas de ficção científica da TV — sem CGI, as imagens geradas por computador, apenas atores humanos e um pouco de maquiagem — já sabia disso.