O governo da França se movimentou hoje (20) para tirar Carlos Ghosn do comando do Renault, um dia após a prisão do executivo no Japão por alegações de má conduta financeira, mas tentou defender a aliança da montadora com a Nissan, abalada pelo escândalo.
LEIA MAIS: Nissan vai demitir Carlos Ghosn
Ghosn, um dos líderes mais conhecidos da indústria automobilística, foi preso ontem (19) depois que a Nissan Motor divulgou que ele cometeu irregularidades, incluindo declarações de valores menores que os pagos a ele pelo grupo. A montadora japonesa planeja tirá-lo da presidência do conselho na quinta-feira (22).
“Carlos Ghosn não está mais em posição de liderar a Renault”, disse o ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, à rádio “France Info”, pedindo que o conselho da Renault se reúna “nas próximas horas” para criar uma estrutura interina de gerenciamento.
O Estado francês possui 15% da Renault, que por sua vez detém 43,4% da Nissan em uma complexa aliança concebida por Ghosn há quase 20 anos e que alguns analistas acreditam que pode se desintegrar sem que o executivo de 64 anos a conduza.
O conselho da Renault se reunirá hoje, disse um porta-voz da companhia. Fontes familiarizadas com o assunto disseram à Reuters que discutiriam a substituição temporária de Ghosn.
“Não exigimos a saída formal de Ghosn do conselho de administração por uma simples razão, que é a de que não temos nenhuma prova e seguimos o devido procedimento legal”, disse Le Maire.
VEJA TAMBÉM: Chairman da Nissan é preso no Japão, diz emissora NHK
Ele disse que entraria em contato com seu colega japonês sobre o assunto, e que a parceria da Renault com a Nissan era do interesse da França e do Japão, e de ambas as empresas.
“A Renault está enfraquecida, o que torna tudo mais necessário para agir rapidamente”, disse Le Maire.
As ações da Renault recuavam 2% por volta das 09:50 (horário de Brasília). As ações da Nissan fecharam em baixa de 5,45%, enquanto as da Mitsubishi Motors, o terceiro membro da aliança, caíram quase 7%.