Ontem (13), o mundo foi impactado por uma perda irreparavelmente triste: Stan Lee, lendário criador do Homem-Aranha, Hulk e de, basicamente, qualquer personagem da Marvel que alguém já amou, faleceu aos 95 anos.
SAIBA MAIS: Cocriador da Marvel, Stan Lee morre aos 95 anos
Enquanto as mídias sociais estão em chamas com lembranças e homenagens sinceras, o trabalho de Stan Lee teve um impacto pessoal na minha vida. Enquanto crescia, eu enxergava em seus personagens o potencial que os párias, solitários e perdidos tinham de encontrar um propósito maior em suas vidas. As obras de Lee ensinavam como encontrar nossa força e usá-la para um bem maior, – duas lições de importância incrível nos dias de hoje.
O impacto de Stan Lee
Durante o desenvolvimento da Marvel, Lee fez parcerias com ícones como Steve Ditko e Jack Kirby para desenvolver personagens com personalidades fortes, que se tornaram mais do que aquilo que eram, e que com esses novos poderes e desafios encontraram seu novo eu. Ken Paulson resume bem: “A abordagem de Stan Lee foi revolucionária. Seus super-heróis eram pessoas reais com problemas reais que, por acaso, estavam salvando o universo. Peter Parker era um estudante de ciências, um adolescente angustiado quando foi picado por uma aranha radioativa. Depois disso, ele poderia escalar paredes, mas os problemas de intimidação e com as meninas não poderiam ser resolvidos com uma super força… Acima de tudo, lemos sobre pessoas decentes tentando mudar o mundo para melhor. Claro, esse é o tema da ficção mais heróica, mas, de alguma forma, nas mãos de Stan Lee, foi muito mais compreensível”.
As obras de Stan Lee ensinaram a autodescoberta e a responsabilidade e, muitas vezes, refletiram a diversidade tão necessária até hoje. Os X-Men, por exemplo, foram notoriamente usados como uma alegoria para a luta pelos direitos civis (juntamente com a angústia em torno disso). Lee fez o que todos os grandes autores do gênero fizeram: adaptou as convenções de ficção científica/ fantasia para abordar as questões do dia de maneira atemporal. E, para Lee, como deveria ser para todos nós, a opressão é, foi e será, para sempre, completamente errada.
Stan Lee presenciou isso durante toda a sua vida e reiterou, pouco mais de um ano atrás, em uma forte declaração, que a Marvel representa toda a igualdade (e a oposição ao ódio) desde o primeiro dia até hoje:
https://www.youtube.com/watch?v=sjobevGAYHQ
Seu legado é apropriadamente honrado em todos os lugares, mas o que eu quero dizer é mais amplo do que isso. Eu quero discutir o que o esse legado nos mostra – e a Hollywood – sobre o papel da arte na mudança social.
Grandes poderes trazem grandes responsabilidades
Lee usou sua plataforma para defender a igualdade de várias maneiras. Ele criou personagens e situações que, às vezes, serviam como metáforas para lutas por igualdade, como no caso do X-Men. Outras vezes, ele e seus co-autores criaram personagens – como o Pantera Negra – como fontes diretas de empoderamento e representação. O importante é que isso não é uma tentativa cínica de maximizar a representação superficial para fins de marketing, mas que esses personagens abordam problemas reais de pontos de vista críticos e que permanecem consistentes e evoluem com o tempo. Os X-Men começaram como uma metáfora dos direitos civis, como já disse, mas certamente também refletiram questões de igualdade com a comunidade LGBT à medida que a série evoluiu.
Hollywood pode aprender com este exemplo. Devem ser desenvolvidos personagens que reflitam e capacitem as comunidades que mais precisam. Eles podem dar às crianças e jovens adultos das comunidades mais carentes modelos que quebram estereótipos e destacam força, honra, justiça, bravura, empatia e inteligência. Eles podem abordar questões reais que essas comunidades enfrentam, tanto diretamente quanto por meio de metáforas.
Resumindo: Hollywood pode aprender com Stan Lee como desenvolver personagens fortes e diversificados que possam desafiar e, ao mesmo tempo, nos capacitar. E usar ficção de gênero para lidar com essas questões e expandir a representação em formas de empoderamento pode ser um empreendimento lucrativo – certamente não a consideração mais importante, mas a evidência de que as empresas não devem evitar personagens fortes que sirvam a um bem maior. Há muitas maneiras pelas quais a arte pode servir aos objetivos da justiça social, mas Lee nos mostra como o desenvolvimento do caráter é uma técnica essencial para o empoderamento das comunidades que precisam dele.
Então, para Stan Lee, eu digo “Excelsior”! Muito obrigado por tudo que você nos mostrou e por tornar minha vida muito mais brilhante. Pode ter certeza que aprendemos muito com o exemplo que você estabeleceu.
Veja, na galeria abaixo, alguns dos super-heróis criados por Lee e suas características:
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Getty X-Men
O grupo liderado por Charles Xavier luta contra o preconceito e a intolerância. Movidos por um bordão de “salvar o mundo do ódio e se auto-salvar”, os mutantes são alvos de diversos comentários por parte dos humanos que os temem. Um de seus inimigos, Magneto, defende que a superioridade dos mutantes deve subjugar os humanos comuns, e os personagens principais lutam a todo instante contra essa premissa.
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Getty Hulk
Robert Bruce Banner, o famoso Hulk, é um físico nuclear prestes a desvendar uma bomba muito mais potente que a atômica. Seu pai, Brian, era alcoólatra e espancava o filho quando criança, que, como consequência, desenvolveu problemas de transtorno de personalidade, estresse, instabilidade emocional e paranóia. Um pouco antes do teste subterrâneo da bomba inventada por ele, um civil invadiu a área. Bruce tentou evitar a desgraça, mas não conseguiu escapar a tempo da detonação, o que fez com que seu corpo absorvesse as partículas gama, que modificaram o DNA do cientista, transformando-o em uma criatura verde cada vez que tinha acessos de raiva.
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Homem-Aranha
Peter Parker, nome original do famoso Homem-Aranha, é um estudante adolescente de ensino médio, um pouco deslocado socialmente e que se esforça para ajudar a tia nas tarefas de casa. Preocupado com situações mundanas, o menino que se tornou órfão ainda bebê tem grande interesse em temas relacionados à ciência. Tímido, sofria bullying na escola e tinha problema em relacionar-se amorosamente.
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Getty
X-Men
O grupo liderado por Charles Xavier luta contra o preconceito e a intolerância. Movidos por um bordão de “salvar o mundo do ódio e se auto-salvar”, os mutantes são alvos de diversos comentários por parte dos humanos que os temem. Um de seus inimigos, Magneto, defende que a superioridade dos mutantes deve subjugar os humanos comuns, e os personagens principais lutam a todo instante contra essa premissa.