A herança do investidor bilionário Richard Rainwater financiará uma série de prêmios multimilionários para combater doenças degenerativas do cérebro, como o Alzheimer.
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“Meu pai entrou no ramo da pesquisa neurológica da mesma forma que entrou no ramo dos investimentos: ele estudou o assunto”, conta o herdeiro Todd Rainwater, de 46 anos, que preside o conselho de administração da Rainwater Charitable Foundation. Durante sua vida, o bilionário ficou conhecido por seus investimentos ousados em empresas como Disney, Marathon Oil e Texaco e por apostar em jovens talentos, como os bilionários Eddie Lampert e David Bonderman.
Em 2009, Rainwater foi diagnosticado com paralisia supranuclear progressiva, ou PSP, uma doença cerebral rara que afeta entre três e seis pessoas a cada 100 mil em todo o mundo e que não tem cura. “Vamos encontrar uma solução antes de morrermos”, afirma Todd.
Depois que Rainwater recebeu seu diagnóstico, que levou seis meses para ser concluído, ele rapidamente criou sua fundação e financiou o Tau Consortium, um grupo de pesquisadores em busca de uma cura para a PSP e para outras doenças neurodegenerativas. De acordo com Todd, seu pai decidiu, pouco antes de sua morte em 2015, que queria usar um de seus fundos de caridade para realizar uma série de premiações.
A maior delas, chamada Rainwater Breakthrough Prize, destinará US$ 2 milhões, US$ 4 milhões e US$ 10 milhões para financiar tratamentos aprovados pela Food and Drug Administration (o equivalente à Anvisa, no Brasil) para a PSP. A segunda premiação, a Rainwater Milestone Prize for Advances in Tauopathy Research, doará US$ 2 milhões para um pesquisador ou grupo que contribuir significativamente para a pesquisa em torno de doenças como o Alzheimer, “abordando lacunas críticas em tecnologia e conhecimento de doenças”, segundo descrição da fundação Rainwater. A terceira premiação será anual e concederá US$ 250 mil para um pesquisador ou grupo cujo trabalho seja considerado uma contribuição significativa para a compreensão de doenças neurodegenerativas.
“Esta foi uma oportunidade para criar um legado do qual ele teria orgulho”, diz Richard Carmona, ex-cirurgião geral dos EUA que conhecia Rainwater há décadas e que presidirá o programa de premiações. “Mesmo com toda sua riqueza e capacidade de alcançar as pessoas mais inteligentes que estão pesquisando sobre o assunto nas partes mais distantes do mundo, ele não conseguiu ser ajudado. No entanto, nunca esqueceu que haveria outras pessoas seguindo seus passos.”
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De acordo com o Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrames, a PSP vem do acúmulo de depósitos de proteína tau nas células nervosas do cérebro, o que faz com que elas parem de funcionar da maneira que deveriam e morram. A doença causa sintomas que afetam a visão de uma pessoa, seu jeito de andar, seu equilíbrio, sua fala, sua deglutição e seu pensamento.
A fundação da Rainwater já doou quase US$ 100 milhões para ajudar a financiar os testes de oito tratamentos potenciais para a doença e quase duas dúzias de outras terapias ainda em estágios iniciais na Tau Consortium.
Ainda assim, há um longo caminho pela frente para alcançar um prêmio como esse. “Creio que uma cura para uma doença como a PSP está muito distante de ser alcançada”, diz Howard Fillit, diretor executivo e diretor científico da Alzheimer’s Drug Discovery Foundation. “É por isso que a fundação Rainwater é importante, pois há um interesse farmacêutico e industrial, mas é preciso de filantropia para levar as coisas adiante quando se trata de uma doença como essa.”
Depois de um período trabalhando como corretor da Goldman Sachs, Rainwater, nascido no Texas, conseguiu um emprego aos 25 anos para trabalhar para Sid Bass, gerenciando os investimentos do herdeiro da família. Juntos, eles levaram a fortuna da família Bass de US$ 50 milhões para US$ 5 bilhões. Em 1986, ele fundou sua própria empresa, a Rainwater Inc.. Também era integrante de longa data da lista Forbes 400 e, quando morreu, acumulava um patrimônio líquido de US$ 3 bilhões.
O programa de premiações de Rainwater foi uma das duas iniciativas em pesquisa anunciadas nesta semana. Os prêmios Oskar Fischer, divulgados na última segunda-feira (5), pretendem recompensar com US$ 2 milhões os pesquisadores que examinem a literatura científica sobre o Alzheimer e elaborem uma teoria que explique a doença.
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As indicações para os prêmios Rainwater foram abertas na última segunda-feira.