Das 18.814 mortes causadas por terroristas em todo o mundo no ano passado, mais da metade se deveu às ações de apenas quatro grupos: Estado Islâmico, Taleban, Al-Shabaab e Boko Haram.
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Segundo o Índice Global de Terrorismo de 2018, compilado pelo Instituto de Economia e Paz (IEP), essas quatro organizações foram responsáveis por 10.632 mortes em 2017. Suas ações contribuem para a instabilidade de alguns dos países mais perigosos do mundo, incluindo Afeganistão, Iraque, Nigéria, Somália e Síria. Na última década, elas foram responsáveis por 44% de todas as mortes ocorridas por terrorismo.
Estado Islâmico – 4.350 mortes em 2017
Também conhecido no mundo árabe como Daesh e pelas siglas ISIS e ISIL, o Estado Islâmico tem sido o grupo terrorista mais letal do mundo nos últimos três anos. Ele foi derrotado em seu território natal, Síria e Iraque, mas continua sendo capaz de lançar ataques nesses países e também inspirou indivíduos e grupos afiliados a realizarem ataques em outras partes do Oriente Médio, bem como na Europa e na Ásia.
O ISIS tende a optar por bombardeios ou explosões, que foram responsáveis por 69% de seus ataques no ano passado. No entanto, também realiza sequestros e assassinatos.
O poder do Estado Islâmico agora parece estar em declínio. No ano passado, foram 22% menos ataques do que no ano anterior, com o número de mortes caindo de 9.150 em 2016 para 4.350 em 2017. O número de mortes por ataque também caiu de oito em 2016 para 4,9 em 2017.
Taleban – 3.571 mortes em 2017
O grupo afegão tem travado uma guerra com a coalizão apoiada pelos EUA desde 2001 e se mostra bastante resiliente. Em meados de 2017, controlava cerca de 11% do país e disputava mais de 29% dos 398 distritos do Afeganistão. O grupo está ativo em 70% das províncias do Afeganistão.
Em 2017, as forças do Taleban foram responsáveis por 699 ataques, causando 3.571 mortes. Ataques armados e atentados são as formas mais comuns de ação. Além disso, sua afiliada no vizinho Paquistão, Tehrik-i-Taliban Paquistão, foi responsável por outros 56 ataques e 233 mortes.
As ações do Taleban se tornaram mais mortíferas no ano passado e mataram uma média de 5,1 pessoas por ataque em 2017 (contra 4,2 pessoas por ataque no ano anterior). O grupo ajustou suas táticas nos últimos anos, mudando seu foco para longe dos ataques a alvos civis.
O Taleban matou 2.419 policiais e militares em 2017, em comparação a 1.782 no ano anterior. O número de ataques a esses alvos também aumentou de 369 em 2016 para 386 em 2017. Ao mesmo tempo, o número de mortes de civis causadas pelos talibãs caiu para 548 em 2017, em comparação aos 1.223 de 2016.
Al-Shabaab – 1.457 mortes em 2017
O grupo militante extremista Al-Shabaab surgiu em 2006. É uma afiliada da Al-Qaida e, embora sua principal área de operações seja a Somália, também realizou ataques na Etiópia, Quênia e Uganda.
Al-Shabaab foi o grupo terrorista mais mortal na África subsaariana em 2017, sendo responsável por 1.457 mortes, um aumento de 93% em relação ao ano anterior. Dois terços das mortes ocorreram na capital da Somália, Mogadíscio. O pior incidente ocorreu em outubro de 2017, quando 588 pessoas foram mortas e 316 ficaram feridas em uma explosão do lado de fora do Safari Hotel, na área Hodan da cidade.
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Muitos dos países mais afetados pelo terrorismo tiveram um declínio no número de mortes nos últimos anos, incluindo Afeganistão, Iraque, Síria, Nigéria e Paquistão. A Somália, no entanto, tem sido uma exceção a essa tendência, devido às ações do Al-Shabaab. Houve quase 6.000 mortes por terrorismo no país desde 2001.
Boko Haram – 1.254 mortes em 2017
O grupo terrorista nigeriano Boko Haram (também conhecido como Jama’tu Ahlis Sunna Lidda’awati wal-Jihad) já foi o que mais matou no mundo, mas está em declínio desde 2014 e recentemente começou a se dividir em diferentes facções. A maior delas é a Província do Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP).
Desde que surgiu no nordeste do país, em 2002, espalhou-se para outros países vizinhos, como o Chade, Camarões e Níger, e o grupo jurou lealdade ao Estado Islâmico.
A queda nas mortes de terroristas na Nigéria nos últimos anos foi de 83% em relação ao pico de 2014, o que indica que as forças de segurança da região, auxiliadas por aliados internacionais, estão impactando grupos como o Boko Haram. Mas a batalha está longe de ser vencida. O Boko Haram realizou 40% a mais de ataques e foi responsável por 15% a mais de mortes em 2017 do que no ano anterior.
A maioria dos ataques do último ano passado foi realizada na Nigéria, particularmente no Estado de Borno, com números menores nos Camarões e no Níger. O grupo ganhou notoriedade por fazer reféns em massa e pelo uso extensivo de crianças e mulheres como homens-bomba.
Outros grupos terroristas
Além dessas quatro organizações mortais, muitos outros grupos terroristas estão ativos em todo o mundo. No ano passado, um total de 169 grupos foram responsáveis por pelo menos uma morte, mas mais de 130 outros também realizaram ataques.
Muitos desses grupos são pequenos, mas alguns são grandes, incluindo a Al Qaeda, que se acredita ter 30.000 integrantes em 17 países do Oriente Médio e da África. Outros grupos menos conhecidos estão se tornando mais proeminentes, incluindo os Fulani, na Nigéria, responsáveis por 321 mortes e 72 ataques em 2017. Embora esses números representem uma queda em relação a 2016, o IEP afirma que houve um aumento significativo de violência pelo grupo em 2018. Outro grupo mortal na Nigéria é o Bachama, que realizou quatro ataques e matou 30 pessoas no ano passado.
Na Síria, há numerosos grupos terroristas, incluindo Hayat al-Tahrir al-Sham (anteriormente conhecido como Jabhat Fateh al-Sham e Al-Nusra) e Jaysh al-Islam. Eles foram responsáveis por 176 e 127 mortes, respectivamente, em 2017.
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No Paquistão, os grupos mais ativos incluem o Lashkar-e-Jhangvi e o Khorasan Chapter, do Estado Islâmico, que também está ativo do outro lado da fronteira no Afeganistão.
Na Índia, o grupo mais letal do ano passado foi o Partido Comunista da Índia (Maoista), também conhecido como Naxals, que foi responsável por 205 mortes e 190 incidentes. O Estado de Jammu e Caxemira, no norte da Índia, é um foco particular da atividade terrorista no país. No ano passado, cinco grupos diferentes, incluindo o Lashkar-e-Taliba, o Jaish-e-Mohammad e o Hizbul Mujahideen, foram responsáveis por 102 mortes no Estado.
No Iêmen, o grupo mais ativo é o Houthi, que está em uma guerra brutal contra a coalizão liderada pelos sauditas que apoiam o governo do presidente, Abd Rabbu Mansour Hadi. É importante notar que a definição de terrorismo usada pelo IEP, que cobre apenas ataques de atores não-estatais, significa que o alvejamento de civis pelas forças sauditas e seus aliados não está incluído no Índice Global de Terrorismo. Outros grupos ativos no Iêmen incluem a Al-Qaeda na Península Arábica (AQAP) e a Província Adan-Abyan do Estado Islâmico.
Entre os grupos mais mortais que operam fora dos principais centros terroristas da África e do Oriente Médio está o Novo Exército Popular nas Filipinas. No ano passado, matou 113 pessoas, em 235 ataques em todo o país. Há também uma afiliada do Estado Islâmico no país, Abu Sayyaf – Província das Filipinas, que foi responsável por 37 mortes em 2017. Outro grupo de extremistas islâmicos, o Grupo Maute, matou 26 pessoas.
Na Europa Ocidental e na América do Norte, extremistas de direita são uma ameaça crescente. Em 2017, eles realizaram 59 ataques, que mataram 17 pessoas. A maioria dos incidentes foi levada a cabo por indivíduos motivados por crenças nacionalistas ou antimuçulmanas extremas.
O custo de todo esse terrorismo em 2017 foi estimado, de maneira conservadora, em US$ 52 bilhões pelo IEP.