A China alertou o Canadá hoje (8) de que o país sofreria sérias consequências se não libertar imediatamente a diretora financeira da Huawei Technologies Co. LTD’s, chamando o episódio de “extremamente desagradável”. Meng Wanzhou, diretora financeira global (CFO) da Huawei, foi presa no Canadá em 1º de dezembro e enfrenta extradição para os Estados Unidos, que alega ter descoberto que ela acobertava as ligações de sua empresa com uma companhia que tentou vender equipamentos para o Irã, apesar das sanções. A executiva é a filha do fundador da Huawei. Se extraditada, Meng pode enfrentar acusações de conspiração para fraudar várias instituições financeiras, disse um tribunal canadense ontem (7), com uma sentença de até 30 anos para cada acusação. Nenhuma decisão foi tomada e, após seis horas de argumentações e contra-argumentações, a audiência de extradição foi adiada para segunda-feira.
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Em um comunicado curto, o ministro das Relações Exteriores da China disse que o seu vice-ministro, Le Yucheng, havia emitido o alerta para liberar Meng para o embaixador canadense em Pequim. A prisão de Meng no Canadá, a pedido dos Estados Unidos, enquanto ela trocava de aviões em Vancouver, foi uma séria violação dos seus direitos, disse Le. A medida “ignorou a lei, não foi razoável”, e, na sua própria natureza, “foi extremamente desagradável”, acrescentou. “A China pede veementemente que o Canadá liberte imediatamente a pessoa presa e protege seriamente seus direitos legais e legítimos, do contrário, o Canadá precisa aceitar total responsabilidade pelas sérias consequências causadas”. O comunicado não entrou em detalhes.
Adam Austen, porta-voz da chanceler canadense, Chrystia Freeland, disse neste sábado que “não há nada a acrescentar além do que a ministra disse ontem”. Freeland havia dito a repórteres que o relacionamento com a China é importante e valorizado, e o embaixador do Canadá em Pequim assegurou à China que o acesso consular será fornecido a Meng.
Quando perguntado sobre a possível reação chinesa após a prisão da CFO da Huawei, o primeiro-ministro Justin Trudeau disse a repórteres ontem (7) que o Canadá tem um relacionamento muito bom com Pequim.
“Haverá provavelmente um profundo congelamento em visitas e trocas com chineses no alto nível”, disse o ex-embaixador canadense na China, David Mulroney, na sexta-feira. “A habilidade para falar sobre livre comércio será colocada na geladeira por um tempo. Mas vamos ter que viver com isso. Esse é o preço de lidar com um país como a China.”
A prisão de Meng aconteceu no mesmo dia em que o presidente americano Donald Trump encontrou-se com Xi Jinping, na Argentina, para buscar maneiras de resolver uma cada vez pior guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.