Este ano assinala o 20º aniversário da introdução do euro, mas não foram abertas muitas garrafas de champanhe para comemorar. Desde 2008, a União Europeia vem sendo assolada por crises econômicas que embaçaram o brilho que a nova moeda exibia.
Que pena… Se os europeus tivessem entendido os princípios corretos da política monetária, o euro seria um sucesso estrondoso, representando para os países da UE exatamente o que o dólar representa para os EUA: uma moeda comum que facilita enormemente o investimento e o comércio, geradores de prosperidade. Porém, essa criação extraordinária tem sido atormentada por enganos profundos que podem ameaçar sua própria existência.
Muitos críticos lamentam que o euro tenha impedido Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e outros países de usar desvalorizações para ajudar suas economias a se recuperar de recessões terríveis. Outros reclamam de que o euro permitiu à Alemanha acumular grandes superávits comerciais sem receio de ter de reavaliar sua moeda, como teria acontecido anteriormente. A principal reprovação refere-se ao fato de que o euro estará condenado, a menos que a UE tenha um sistema de regulamentação financeira e bancária unificado, bem como um sistema fiscal/orçamentário unificado.
Essas e outras avaliações negativas são infundadas:
• Prosperidade. O euro facilitou o fluxo transnacional de capital, reduzindo, assim, os custos do câmbio de moedas individuais e protegendo contra o risco de as moedas flutuarem umas contra as outras. No entanto, o desempenho econômico do continente, cronicamente abaixo da média, não melhorou tanto quanto se esperava, já que os problemas são estruturais: excesso de impostos e regulamentação, sobretudo no que diz respeito às práticas trabalhistas inflexíveis. Quando, no início dos anos 2000, a Alemanha fez reformas na área trabalhista e nas regras das pensões, a economia do país melhorou acentuadamente.
• O euro é uma camisa de força. Um dos mitos mais perniciosos que afligem a atual formulação de políticas econômicas é o de que as desvalorizações são uma ótima maneira de impulsionar uma economia em apuros. Segundo essa lenga-lenga, os produtos de exportação de repente ficam mais baratos, estimulando, assim, as vendas no exterior. Uma oferta monetária artificialmente dilatada estimula a atividade. Mas a realidade é esta: nenhum estado, na história, ganhou força e prosperidade com base em desvalorizações. Uma moeda instável prejudica o investimento produtivo e, pior, direciona o capital de forma errada. Será que nos esquecemos da bolha imobiliária, cuja causa básica foi o dólar barateado?
Contudo, muitos economistas lamentam que países como Grécia e Itália não possam desvalorizar suas moedas, pois estão vinculados ao euro. Todos deveriam se alegrar que seja assim. Do contrário, a Grécia teria se tornado a versão europeia da Venezuela, e a lira italiana se assemelharia ao peso argentino, que não para de encolher. (O estado de Illinois está passando por sérios problemas financeiros, mas ninguém fala em sair da “zona do dólar dos EUA” para enfrentar seus problemas.)
• O euro só pode funcionar se tiver um único acordo regulatório e fiscal/orçamentário para toda a Europa. Bobagem. Um país pode usar qualquer moeda que quiser. Panamá, Equador, El Salvador e Timor-Leste usam diretamente o dólar dos EUA. Países como a Costa Rica permitem que o dólar seja usado lado a lado com sua própria moeda nacional. O euro tem curso legal em Mônaco e na Cidade do Vaticano. Numerosas nações utilizam sistemas de “currency board” para atrelar rigidamente seu dinheiro a uma moeda forte, como o dólar ou o euro. (Em um “currency board”, a moeda local é 100% respaldada, digamos, pelo dólar.) Hong Kong faz isso com o dólar desde o início dos anos 1980. A Bulgária faz o mesmo com o euro há mais de 20 anos. Vários países da África estão atrelados ao euro.
É desnecessário dizer que, em nenhum desses casos, os orçamentos, impostos, gastos do governo e regulamentos financeiros são coordenados com os EUA ou a UE.
• O euro vai acabar fracassando porque obriga a Alemanha a socorrer países perdulários, como a Grécia. Não, não vai, e não, não obriga. Na década de 1970, Washington se recusou a socorrer a cidade de Nova York quando ela estava à beira da falência, embora tivessem a mesma moeda.
O euro ficaria muito bem se as autoridades levassem a sério as seguintes verdades que são fundamentais, mas andam fora de moda:
• O dinheiro não é um instrumento para direcionar uma economia. Ele não é semelhante ao volante de um carro. Tentativas de usá-lo dessa maneira retardam o progresso econômico. Países com dinheiro estável e confiável sempre se saem melhor do que aqueles cuja moeda é fraca. Sempre.
Os bancos centrais norte-americanos e europeus já tentaram muitas vezes, além da conta, usar a política monetária para superar barreiras estruturais ao crescimento.
• O dinheiro mede o valor da mesma maneira que um relógio mede o tempo. O dinheiro funciona melhor quando tem um valor fixo, assim como os mercados funcionam melhor com pesos e medidas fixos.
• A melhor maneira de obter uma moeda estável e confiável é vinculá-la a um peso fixo de ouro. Ao contrário do que diz o mito, isso não limita o tamanho de uma economia, assim como o fato de haver 100 centímetros em um metro não limita o tamanho de um edifício que um construtor queira erguer. Quatro mil anos de experiência comprovam que o padrão-ouro funciona melhor do que qualquer outra coisa.
Robert Mundell, economista ganhador do Prêmio Nobel e considerado o pai do euro, acreditava que sua criação levaria a uma Europa mais forte e próspera e se tornaria uma alternativa mundial ao dólar, obrigando as autoridades responsáveis pelas duas moedas a seguir políticas monetárias sadias. Ele nunca imaginou que ambas permaneceriam sob o domínio dos teoremas do dinheiro de brinquedo.
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