Resumo da matéria
- Objetivo do museu é desmistificar o tema e, consequentemente, ampliar os cuidados com a saúde ginecológica
- Iniciativa atua com ações itinerantes e pontuais e precisa de dinheiro para conquistar um lugar fixo
- Se conseguir, Museu da Vagina será estabelecido no Mercado de Camden, em Londres
Há alguns anos, a organização beneficente especializada em câncer ginecológico Eve Appeal entrevistou mulheres com idades entre 16 e 25 anos e descobriu que 65% delas tinham problemas em usar as palavras “vagina” e “vulva”. Algumas até evitaram procurar a ajuda de um médico ginecologista pois achavam tudo muito constrangedor.
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No entanto, ser capaz de falar sobre o assunto pode aumentar a saúde ginecológica das mulheres. Mas como iniciar essa conversa?
A cientista em comunicação Florence Schechter é a fundadora do Museu da Vagina, que tem como missão “conscientizar sobre a anatomia e a saúde ginecológica”. Em 2017, o museu foi curador de uma exposição no Edinburgh Fringe Festival que apresentou obras sobre a vagina criadas por diferentes artistas. Um ano depois, eles inauguraram uma exposição itinerante, “Is Your Vagina Normal?” (A sua vagina é normal?, em português), que visitou museus de ciência e arte, festivais e conferências científicas.
“As pessoas têm sido muito positivas”, disse Florence sobre os eventos pop-up. “Temos muitos voluntários, que tornam o ambiente agradável, acolhedor e aberto para que as pessoas se sintam confortáveis. Aqui, é possível relaxar e aprender sobre essas coisas – podendo até ser engraçado.”
Florence está arrecadando fundos para montar um espaço físico permanente, o que faria dele o primeiro Museu da Vagina do mundo. Assim, existiria um local para eventos e uma sala de exposições, onde mostras rotativas dariam destaque à ciência, à arte e à história de toda a anatomia ginecológica.
Em um pouco mais de duas semanas, o museu ainda precisa atingir a maior parte de sua meta, estimada em £ 300 mil, para garantir um espaço no mercado em Londres. Se a iniciativa for bem-sucedida, o museu sediará eventos regulares, trabalhará com a comunidade local e atrairá parte dos milhões de turistas que visitam o Mercado de Camden todos os anos, onde será sediado.
Florence está animada com a empreitada. “O Mercado de Camden é um lugar famoso, especialmente por ser mais alternativo e descolado.”
Não existe nenhum outro museu da vagina no mundo, mas Florence se sentiu inspirada pelo Museu Falológico Islandês, que inclui demonstrações científicas de pênis animal. Depois de ouvir sobre o museu em Reykjavik, ela tentou descobrir se havia um museu da vagina, mas não obteve sucesso. “Existe um museu virtual, com algumas galerias de arte, condições médicas, mas nenhum museu propriamente dito”, contou. “Eu acho uma injustiça.”
Florence e sua equipe do Museu da Vagina não são os únicos que tentam acabar com o tabu sobre os genitais femininos. A fotógrafa Laura Dodsworth retratou recentemente 100 vulvas, a fim de abordar questões relacionadas à imagem corporal. Além disso, os professores estão incentivando as crianças a usarem palavras não eufemísticas para definir seus órgãos genitais, permitindo que busquem ajuda quando necessário. Já a comediante Amy Vreeke escreveu um programa inteiro chamado “O Ano em que Minha Vagina Tentou me Matar”, no qual compartilhou sua experiência com a endometriose.
Embora não estejam relacionados, esses projetos representam uma certa consciência ginecológica. Mas o Museu da Vagina pode se tornar um centro para todos os tipos de workshops, exposições e apresentações regulares – desde que tenha um local fixo.
“Por enquanto, talvez tenhamos um evento por mês. Mas ter um espaço físico significa que podemos realizar vários na semana”, disse Florence. Ao aumentar essas iniciativas, ela espera derrubar o estigma que existe ao falar sobre vaginas e, por sua vez, fazer com que as pessoas fiquem mais confortáveis para falar sobre sua saúde.
Ao levar em conta que muitas pessoas morrem por não se consultarem com ginecologistas – por pura vergonha ou medo -, é possível dizer que o Museu da Vagina pode até mesmo salvar vidas.
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