O massacre venezuelano não é o maior flagelo político do século 21. A transformação de um país próspero num campo de concentração em menos de duas décadas perde para uma desgraça maior.
Enquanto as tropas do facínora Nicolás Maduro abriam fogo contra a ajuda humanitária, a ONU lavava as mãos: só pode entrar na Venezuela o que o ditador deixar. A mesma ONU que premiou o mesmo Maduro, através da FAO, por seu trabalho no combate à fome. De fato, o faminto com uma bala na cabeça não precisa comer mais nada.
A maior vergonha contemporânea da humanidade – fingir-se de progressista apoiando um regime sanguinário – une uma constelação de instituições e personalidades. À ONU se junta o Papa, também conhecido como companheiro Francisco, que panfleta freneticamente para todas essas almas penadas da suposta esquerda (na verdade, um clube de parasitas): Maduro, Morales, Lula, Dilma, MST e picaretas associados.
Determine você mesmo o nível da demagogia papal: o mesmo Francisco que cancelou sua visita ao Brasil, em represália ao impeachment do governo bandido do PT, não moveu uma palha contra o golpe de Maduro – que passou por cima do Legislativo, coagiu o Judiciário e eternizou-se no poder.
Está no Manual do Covarde: você pode atropelar a democracia e esfolar o povo sem perder a ternura, desde que tenha o apoio de celebridades graciosas e histriônicas.
A cerimônia do Oscar, que virou uma espécie de feirão de lições de vida politicamente corretas, não deu a menor bola para o massacre venezuelano. Ninguém deve ter contado às estrelas do cinema o que se passava logo ali embaixo, exatamente naquela hora – então elas ficaram só afetando aquele altruísmo de butique mesmo. Os cadáveres da Venezuela foram varridos para debaixo do tapete vermelho.
Hollywood anunciou a Terceira Guerra Mundial quando Donald Trump foi eleito. Passados dois anos, os Estados Unidos contabilizam avanços inéditos na diplomacia com a Coreia do Norte, e os indicadores socioeconômicos melhoraram para todas as minorias do país – aquelas que seriam dizimadas pelo fascismo do agente laranja. Aí Hollywood não quer mais brincar de Apocalipse.
No cálculo dessas mentes prodigiosas, apontar a barbárie chavista na Venezuela é favorecer Trump – então é melhor deixar o sangue correr em silêncio. Madonna disse que se mudou dos EUA contra o autoritarismo e estava lá no Oscar cheia de charme, sem dar um pio sobre a ditadura hedionda de Maduro. Seria mesmo chato contrariar Sean Penn, que junto com Oliver Stone e outros astros não só apoiou como ajudou a construir a arapuca chavista – dizendo ao mundo que ali estavam os libertadores do Terceiro Mundo. Contando ninguém acredita.
E aí está o ditador de estimação dos progressistas de auditório mandando chumbo em inocentes enquanto Roger Waters beatifica essa violência – apelidando-a carinhosamente de resistência democrática contra o imperialismo americano.
O maior flagelo do século 21 é o cinismo.
Importante ressaltar que todos os canastrões ideológicos supracitados – e vários outros não citados – apoiaram sem pestanejar a picaretagem brasileira que ajudou a financiar a destruição da Venezuela. A fortuna roubada do povo e enfiada por Lula e o PT na ditadura chavista jamais suscitou um suspiro desse establishment reluzente – mesmo com toda a obscenidade explícita esfregada na cara do Brasil e do mundo pela operação Lava Jato.
Nesse embalo, “Assim é, se lhe parece” ainda vira clássico pornô.
Já o escândalo da agressão homofóbica e racista ao ator americano Jussie Smollett, da série “Empire”, simplesmente murchou quando a polícia de Chicago revelou ter sido uma grande armação da própria vítima. Mentira hoje tem perna longa, e se for pega antes de dar a volta ao mundo tem habeas corpus. Hollywood não viu nada.
Vejamos até quando o mercado vai transformar hipocrisia em ouro, porque o bitcoin dos coitados profissionais já foi longe demais.
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