Resumo:
- O laptop Samsung NC10, de 2008, conta com o Windows XP e seis malwares notórios instalados;
- Vírus usados em ataques cibernéticos entre 2000 e 2018 estão no dispositivo;
- O projeto The Persistence of Chaos é uma parceria entre a empresa de segurança cibernética Deep Instinct e o artista chinês Guo O Dong.
Você pagaria mais de US$ 1 milhão por um laptop Samsung de 11 anos? E se você soubesse que ele ainda executa o antigo e desatualizado sistema operacional Windows XP? Ainda não está convencido? E que tal saber que ele está infectado com alguns dos malwares mais notórios que o mundo encontrou nos últimos 20 anos? Se você ainda acha que US$ 1,2 milhão é demais, saiba que o frete é grátis e não há taxas para participar do leilão.
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Criado como um projeto de arte chamado The Persistence of Chaos, a máquina é uma colaboração entre o artista Guo O Dong, de Pequim, e a Deep Instinct, empresa de segurança cibernética sediada em Nova York. Os projetos anteriores incluíram uma visita guiada pelo Brooklyn a bordo de um Segway e um bot do Twitter que substituía os nomes chineses em postagens retuitadas. Nenhum dos dois chegou perto de ser tão controverso quanto vender um laptop pré-carregado com malwares. Guo descreve o projeto como “uma espécie de bestiário, um catálogo de ameaças históricas. É mais emocionante ver as feras em um ambiente ao vivo”, diz.
Então, o que você ganha com o investimento US$ 1,2 milhão? Em termos de hardware, é apenas um velho laptop Samsung NC10 de 2008 rodando o Windows XP SP3. Mas ele vem com nada menos do que seis malwares. Entre eles está o ILoveYou, do ano 2000, que ganhou notoriedade ao infectar mais de 50 milhões de dispositivos em apenas dez dias. Há, ainda, o SoBig, de 2003, que é um dos vírus de propagação mais rápida de todos os tempos – embora não tão rápido quanto o MyDoom, do ano seguinte, que também habita o laptop. O representante de 2015 é o BlackEnergy, que ajudou a desligar as luzes na Ucrânia durante um ataque cibernético na rede elétrica. O WannaCry, que causou estragos em muitos hospitais em 2017, também faz parte do pacote, assim como o DarkTequila, de 2018, que um ladrão de credenciais.
Neste ponto, você provavelmente está pensando que tudo parece um pouco… ilegal. Você até estaria certo, na medida em que é crime em muitos países distribuir ou vender malwares para fins nefastos, mas estamos falando, aparentemente, de uma obra de arte. O laptop infectado não está sendo vendido para fins operacionais. Na verdade, os termos de venda são claros ao afirmar que o comprador tem que concordar que o dispositivo é “como uma obra de arte ou de interesse acadêmico” e que “não tem intenção de disseminar qualquer malware”. Além disso, após a conclusão do leilão e antes de o laptop ser enviado, a capacidade da internet, juntamente com todas as portas, serão “funcionalmente desativadas”.
Há um aviso adicional informando que os arquivos de malware “serão criptografados” e lembrando, ao comprador, que eles são amostras ao vivo e perigosas que devem ser executadas sem que a máquina esteja conectada à internet.
A Deep Instinct, que foi responsável por fornecer o malware e a “perícia técnica para executar o trabalho em um ambiente seguro”, também declara que “não terá nenhuma responsabilidade e que o comprador concorda em reembolsar, indenizar e isentá-la de qualquer reivindicação de qualquer terceiro que tenha acesso à obra de arte”.