Resumo:
- O livro “One Giant Leap: The Impossible Mission That Flew Us To The Moon”, do jornalista veterano Charles Fishman, expõe as intrigantes revelações sobre a primeira incursão do homem à Lua;
- As curiosidades abrangem o estranho odor da poeira existente na Lua, as tecnologias utilizadas na missão, o motivo da falha na primeira experiência e a tentativa desesperada dos soviéticos de superar a Apollo 11;
- A primeira tentativa da Nasa para enviar uma sonda robótica a Vênus falhou na manhã de 22 de julho de 1962, com apenas três minutos e meio.
À medida que o 50º aniversário da primeira caminhada na Lua se aproxima, uma infinidade de novos livros sobre os mais variados ângulos do programa Apollo, da NASA, estão surgindo. Mas a obra “One Giant Leap: The Impossible Mission That Flew Us To The Moon” (sem tradução para o português), do jornalista veterano Charles Fishman, consegue encontrar várias intrigantes revelações sobre essa história tão comentada.
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Confira, a seguir, 5 curiosidades que você provavelmente não conhecia sobre a primeira missão do homem à Lua:
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Dtlev van Ravenswaay A poeira encontrada na Lua tinha um odor bizarro
Os astronautas comparavam a Lua ao deserto do oeste norte-americano com frequência, mas, independentemente do quão sedutora parecesse de longe, uma vez que os astronautas colocaram os pés nela, a poeira lunar se tornou tanto um incômodo quanto um perigo potencial, sobretudo dada a natureza delicada dos sistemas operacionais do módulo lunar.
Para Armstrong, era “o cheiro de cinza molhada”. Já para o tripulante Buzz Aldrin, era “o cheiro no ar depois de um fogo de artifício ter sido disparado”, escreve Fisherman, observando que os dois astronautas dormiram com seus capacetes e luvas para evitar a inalação da poeira pegajosa e irritante.
Uma hipótese da Nasa para o cheiro da poeira encontrada na Lua, rica em ferro, cálcio e magnésio e ligada a minerais como olivina e piroxena, é simplesmente que ela pode ser comparada a um grande deserto de 4 bilhões de anos. Uma vez que sua poeira entra em contato com uma atmosfera úmida como aquela projetada para suportar a vida dentro do módulo lunar, as moléculas do pó se tornam perceptíveis aos próprios sistemas olfativos do astronauta. No entanto, seu cheiro estranho, semelhante ao de uma pólvora, permanece um mistério.
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Tang, Teflon e Velcro nunca foram tecnologias propriamente da NASA
O refresco em pó Tang foi criado em 1957 por William Mitchell, o mesmo homem que inventou a Cool Whip, escreve Fishman. Em 1962, quando o astronauta John Glenn realizou experimentos alimentares em órbita, a Nasa relatou que o Tang foi selecionado para o menu. Ironicamente, como observa Fishman, a tripulação da Apollo 11 rejeitou o suco como parte de seus suprimentos alimentícios.
O Teflon foi inventado para a DuPont no final da década de 1930, mas, de acordo com a Nasa, a agência o aplicou em escudos térmicos, uniformes espaciais e forros de carga.
Embora seja uma invenção suíça da década de 1940, a Nasa diz que o Velcro foi usado durante as missões Apollo a fim de ancorar equipamentos, com o objetivo de aumentar a conveniência dos astronautas em situações de gravidade zero.
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ullstein bild Dtl/GettyImages A capacidade da Apollo de guiar e navegar o caminho de ida e volta até a Lua se deve a suas raízes na tecnologia da era da Segunda Guerra Mundial
No início de 1953, engenheiros do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) demonstraram uma tecnologia de ponta de navegação e orientação que se revelaria crucial tanto para esforços da Guerra Fria quanto para o programa Apollo da Nasa.
Um dos primeiros testes dessa tecnologia foi realizado na manhã do dia 8 de fevereiro de 1953, quando um velho avião militar B-29 Superfortress decolou de Bedford, Massachusetts, para Los Angeles, observa Fishman. Pesando cerca de uma tonelada, este sistema experimental de orientação inercial foi montado na parte traseira da fuselagem do avião.
A finalidade de qualquer sistema desse tipo é fornecer orientação e navegação autônomas para um navio em movimento sem a necessidade de pontos de referência baseados no solo ou no espaço, de modo a confiar meramente na constante medição dos movimentos do veículo: sua posição, orientação e velocidade. O objetivo era pilotar o B-29 de costa a costa usando giroscópios, acelerômetros, um pêndulo e um relógio, todos conectados a um computador a bordo, diz o autor.
Por cerca de 13 horas, ele voou aproximadamente 2.600 milhas sem qualquer assistência de piloto, até pouco antes da hora de pousar no que é agora o Aeroporto Internacional de Los Angeles. No momento em que o piloto-chefe assumiu o controle da aeronave, ela estava a apenas 16 quilômetros do destino. É claro que esses sistemas de orientação teriam que ser miniaturizados e aperfeiçoados para serem incorporados a espaçonaves reais.
Mas não é exagero dizer que sem sistemas tão precisos, a espaçonave Apollo nunca teria tido o tipo de orientação necessária para levar a tripulação da Flórida em direção a um destino seguro.
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ale_flamy/GettyImages A Nasa aprendeu cedo que um movimento em falso na programação de computadores poderia levar ao desastre
Mariner 1, a primeira tentativa da agência espacial de enviar uma sonda robótica a Vênus, falhou na manhã de 22 de julho de 1962. Com apenas três minutos e meio de sua trajetória, o foguete Atlas-Agena ficou fora de curso e de controle, dirigindo-se para as rotas marítimas do Atlântico Norte, segundo Fisherman. Aos 4 minutos e 50 segundos de voo, um oficial de segurança do Cabo Canaveral acionou dois interruptores e explosivos destruíram o foguete.
Qual foi problema? O código de computador manuscrito repetiu dezenas de vezes nas linhas de orientação equações sem uma “barra” crucial acima do símbolo da letra “R” (para “Raio”). Este erro de codificação confundiu os computadores de terra que erroneamente começaram a enviar as correções de curso desnecessárias do foguete. E, assim, a primeira tentativa da Nasa de realizar uma missão interplanetária foi condenada antes mesmo de deixar a órbita da Terra.
Contudo, a Nasa levou a sério essa lição dolorosa e os computadores de bordo da Apollo 11 surgiram com cores vorazes, embora, às vezes, estivessem sobrecarregados e apresentassem poderes computacionais que são apenas uma fração do que é possível hoje.
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Central Press Stringer/GettyImages Os soviéticos fizeram uma última tentativa desesperada de superar a Apollo
A missão soviética Luna 15 era, supostamente, uma viagem de retorno de amostra lunar robótica, lançada em 13 de julho de 1969, cerca de três dias antes da Apollo 11. Ainda que a Luna 15 tenha chegado à órbita lunar dois dias antes da rival, o altímetro da nave soviética “mostrou leituras muito variadas para a área de pouso projetada”, observa Fisherman. Assim, no momento em que a Luna 15 chegou a testar um pouso lunar, Armstrong já havia ido e voltado. O Observatório Britânico Jodrell Bank estava monitorando as manobras da Luna 15 e foi o primeiro a relatar que seus sinais de rádio haviam terminado abruptamente, de acordo com Fishman. Mesmo após orbitar a Lua mais de 50 vezes, a Luna 15 bateu em uma montanha lunar próxima. Claramente, a Apollo ganhou o dia.
Tragicamente, o homem que inspirou tudo isso nunca viveu para ver os primeiros passos tênues de Armstrong e Aldrin na superfície lunar. Em contrapartida, uma semana antes de seu assassinato, o Presidente John F. Kennedy visitou o Cabo Canaveral e conseguiu ver o foguete Saturno I na rampa de lançamento antes de ir, de helicóptero, para um navio de observação da Marinha para assistir a um lançamento submarino de um de seus primeiros mísseis Polaris. Como observa Fisherman, a Marinha até fez Kennedy dar a ordem de fogo.
O escritor tem um argumento paradoxal final de que, se Kennedy tivesse vivido e ganhasse um segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, seu objetivo declarado de mandar astronautas para a Lua e voltar antes que a década terminasse poderia nunca ter se concretizado. Particularmente dentro de sua própria administração, JFK parecia hesitar em seu apoio a uma missão de retorno lunar tripulada de curto prazo. De acordo com memorandos internos, escreve Fisherman, JFK estava considerando até mesmo uma cooperação com a então União Soviética para tal missão.
No entanto, sua trágica morte apenas pareceu solidificar o apoio público à Nasa, fazendo com que esse gigante histórico desse um salto por conta própria.
A poeira encontrada na Lua tinha um odor bizarro
Os astronautas comparavam a Lua ao deserto do oeste norte-americano com frequência, mas, independentemente do quão sedutora parecesse de longe, uma vez que os astronautas colocaram os pés nela, a poeira lunar se tornou tanto um incômodo quanto um perigo potencial, sobretudo dada a natureza delicada dos sistemas operacionais do módulo lunar.
Para Armstrong, era “o cheiro de cinza molhada”. Já para o tripulante Buzz Aldrin, era “o cheiro no ar depois de um fogo de artifício ter sido disparado”, escreve Fisherman, observando que os dois astronautas dormiram com seus capacetes e luvas para evitar a inalação da poeira pegajosa e irritante.
Uma hipótese da Nasa para o cheiro da poeira encontrada na Lua, rica em ferro, cálcio e magnésio e ligada a minerais como olivina e piroxena, é simplesmente que ela pode ser comparada a um grande deserto de 4 bilhões de anos. Uma vez que sua poeira entra em contato com uma atmosfera úmida como aquela projetada para suportar a vida dentro do módulo lunar, as moléculas do pó se tornam perceptíveis aos próprios sistemas olfativos do astronauta. No entanto, seu cheiro estranho, semelhante ao de uma pólvora, permanece um mistério.