Resumo:
- Desinstalar aplicativos que não são usados com frequência é uma das soluções para restringir coleta de dados;
- Aplicativos pagos também captam informações, mesmo que não apresentem propagandas para seus usuários;
- O smartphone possui a opção de desabilitar a coleta de informações dos aplicativos para publicidade personalizada, mas não a elimina.
É irônico pensar na campanha publicitária da Apple: “O que acontece no seu iPhone fica no seu iPhone”, enquanto, na realidade, os aplicativos instalados no smartphone da empresa monitoram todos os movimentos do usuário e coletam seus dados para ajudar na publicidade. Não que isso seja uma grande surpresa. Se você não paga por um aplicativo, então, você é o produto. O grande número de apps envolvidos, o número de rastreadores usados por cada um deles, o volume e a frequência da coleta de dados são motivo de preocupação.
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O que acontece?
Quando o “Wall Street Journal” investigou o universo dos controles de privacidade do iPhone, descobriu que, na realidade, esses sistemas não são tão úteis assim. Os repórteres da publicação analisaram cerca de 80 aplicativos iOS, todos recomendados na App Store como “Apps We Love”. O que eles descobriram foi que todos usavam rastreadores de terceiros para coletar dados sobre o usuário. A maioria utilizava mais de um rastreador, em média, quatro por aplicativo.
Quais são os dados coletados?
Além dos detalhes do dispositivo iOS, como o modelo, o nome e o número de telefone, esses rastreadores podem coletar endereço de e-mail, o endereço IP alocado à sua conexão à Internet e até sua localização exata a qualquer momento. Tudo, desde aplicativos de streaming de música e previsão do tempo até aplicativos de notícias e armazenamento, coleta informações. Talvez a Apple deva mudar seu slogan publicitário para: “Invadir sua privacidade, há um aplicativo para isso”.
Claro, não são apenas aplicativos iOS que fazem isso. Apps para Android são ruins também. No entanto, isso não significa que a Apple tenha o caminho livre. Especialmente, à luz da campanha: “O que acontece no seu iPhone…”. Os rumores são de que o CEO da Apple, Tim Cook, tentará abafar o problema com um anúncio hoje (3) sobre limitar esses rastreadores, quando se trata de aplicativos na seção “Kids” da App Store. No entanto, mais de um especialista em segurança e privacidade de informações já me disse, em conversas offline, que acha improvável que isso seja viável.
O que você pode fazer para impedir a espionagem?
Então, o que fazer para impedir o rastreamento sozinho? É uma boa pergunta, para a qual a resposta é: “nada”. Mas, se a pergunta for “O que você pode fazer para limitar o problema de rastreamento”, as coisas são um pouco mais positivas. Só não espere ser capaz de parar toda a espionagem, porque isso não será possível, o que dá medo. Comece, na opção Configurações > Privacidade > Publicidade no seu iPhone. Lá, ative a função “Limitar o rastreio de anúncios”. Isso impedirá que os anunciantes obtenham estatísticas de uso, que incluem dados do histórico de pesquisa. Isso também significa que você verá anúncios aleatórios em vez de anúncios segmentados, ainda que, para ser sincero, a maioria dos anúncios “segmentados” que vejo em qualquer plataforma são bastante aleatórios. Enquanto estiver nas configurações de privacidade, você também pode desativar os serviços de localização para os aplicativos que não deseja que rastreiem sua localização.
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É recomendável também desativar a função “Atualização de aplicativo em segundo plano”, que pode ser encontrada em Configurações > Geral para os apps que realmente não precisam dela. Isso serve para permitir que os aplicativos que precisam realizar verificações de atualização e de conteúdo façam isso enquanto você não os usa ativamente e, assim, fornecer notificações e coisas do tipo. Eu recomendaria não fazer isso com todos e ter cuidado ao escolher quais aplicativos você irá desativar. Sempre haverá um equilíbrio necessário entre usabilidade e privacidade no final do dia. E, por esse motivo, alguns aplicativos o espionam até enquanto você dorme.
A opção mais drástica
Se você quiser frustrar os coletores desses dados o máximo possível, existem outras medidas mais drásticas que você pode tomar. O mais óbvio é desinstalar todos os aplicativos que não são 100% essenciais. Essa remoção, feita regularmente, não é ruim, pois também foca no uso da memória e de armazenamento. Você pode desativar coisas como Wi-Fi, GPS e Bluetooth quando não precisar deles. Embora a expressão “Não existe almoço grátis” se aplique tanto aos aplicativos quanto a qualquer outra coisa, a verdade é que, mesmo quando pagos, os aplicativos não garantem uma experiência sem rastreamento. A maioria das versões pagas dos apps também coleta esses dados, mesmo que eles não exibam ativamente publicidade.