Resumo:
- V.G. Siddhartha, fundador-proprietário da maior cadeia de cafeterias da Índia, encontra-se desaparecido sob circunstâncias misteriosas, desde a noite de ontem (29);
- Suspeito de ter cometido suicídio, Siddhartha deixou uma carta ao conselho da companhia que reúne autocríticas, acusações e queixas quanto à pressão sob a qual estava submetido;
- A Cafe Coffee Day reportou perdas de US$ 10 milhões, com receita de US$ 17 milhões.
V.G. Siddhartha, ex-bilionário fundador do Cafe Coffee Day, a maior cadeia de cafeterias da Índia, está desaparecido desde a noite de ontem (29) em circunstâncias misteriosas. Ele é suspeito de ter cometido suicídio, segundo a imprensa local.
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Siddhartha, que estava a caminho de Mangalore, partindo de Bangalore, saiu de seu carro perto de uma ponte e não foi mais visto desde então. Uma busca policial está em andamento.
Sua empresa, Coffee Day Enterprises, informou à Bolsa de Valores de Bombaim nesta manhã que Siddhartha não estava acessível desde a noite de ontem, mas não deu mais detalhes. As ações da empresa despencaram 20% no horário comercial da manhã de hoje (30).
Siddhartha escreveu uma carta ao conselho da cadeia de cafeterias, na qual diz que falhou em criar o “modelo de negócios certo e lucrativo apesar de seus melhores esforços”. Além disso, anotou que deu tudo de si e que lamentava decepcionar todas as pessoas que confiaram nele. A agência de notícias ANI postou a carta no Twitter, pela qual o bilionário também acusa uma empresa de private equity de o pressionar a recomprar ações. Siddhartha escreveu: “Eu lutei por muito tempo, mas hoje desisti porque não pude mais aguentar a pressão”.
E acrescentou na carta: “Eu sou o único responsável por todos os erros. Todas as transações financeiras são de minha responsabilidade. Minha equipe, auditores e a alta gerência não têm consciência de todas as minhas transações. A lei deveria me responsabilizar e somente a mim”.
Na carta, ele também acusou fiscais da Receita de seu país de assediá-lo.
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“Siddhartha foi um pioneiro que começou a Cafe Coffee Day como uma resposta da Índia à Starbucks e a transformou em uma marca de muito sucesso”, diz Kiran Mazumdar-Shaw, presidente e diretor-executivo da Biocon, que o conhecia bem.
Siddhartha, cujo sogro, S.M. Krishna, foi o ministro-chefe do Estado de Karnataka, de 1999 a 2004, fundou a cadeia de cafeterias em 1996 com um único estabelecimento, em Bengaluru. Hoje, possui mais de 2.700 pontos de venda em todo o país. No ano fiscal, que terminou em março último, a empresa reportou perdas de US$ 10 milhões com receita de US$ 17 milhões.
O empresário, que apareceu pela última vez no ranking Forbes dos Mais Ricos do Mundo, em 2015, com um patrimônio líquido de US$ 1,2 bilhão, ano em abriu o capitla da empresa. Um de seus concorrentes mais proeminentes foi a gigante da indústria do café Starbucks, sediada em Seattle, inaugurada na Índia em outubro de 2012, em uma joint venture com o Tata Group.
Em 2017, a Receita do país realizou buscas tanto nas empresas do grupo de Siddhartha quanto em sua casa e supostamente encontrou US$ 100 milhões em lucro não declarado. No início deste ano, ele vendeu sua participação de 20,32% na empresa de tecnologia Mindtree para a gigante da engenharia Larsen e Toubro.
Além da cadeia de cafeterias e de uma vasta propriedade de café no sul da Índia, Siddhartha tinha negócios em comércio de madeira, hotelaria e imobiliário.