O Brasil tem se mobilizado por uma série de causas. Dos bares aos meios acadêmicos se debateu exaustivamente, por exemplo, se azul é para meninos e rosa para meninas, se pode ser o contrário ou se deve ser o contrário. O país discutiu apaixonadamente também se era para cantar o Hino Nacional nas escolas ou não. Mas, quando os parasitas do Congresso Nacional surgem, de cara lavada, propondo garfar mais 2 bilhões de reais do contribuinte para financiar sua panfletagem, o Brasil boceja.
Em plena crise fiscal, onde se viu gente dizendo que se tirassem mais um centavo da reforma da Previdência ela seria inútil, R$ 2 bilhões passam assobiando na cara de todo mundo, numa boa. É o assalto sobre o assalto. Depois de arrancar as calças do país regendo um cartel de empreiteiras para ordenhar os cofres públicos, os maestros do petrolão propuseram a proibição da doação eleitoral de empresas – olha como eles são éticos e progressistas (de pança cheia). Vieram com aquele papo choroso de que “o poder econômico corrompe a democracia” etc – como se várias democracias sólidas não permitissem que empresas financiassem partidos.
O problema, naturalmente, não é a empresa – é a corrupção. Quando a vocação é forte, até as almas mais honestas e puras vendem seu corpinho por aí, como ficou demonstrado. E por que o capital não pode, dentro da lei, fazer escolhas políticas? O poder de influência de um artista famoso não é, também, um capital eleitoral decisivo? Alguém pensou em proibir cantor de MPB de usar seu prestígio e popularidade para fermentar candidatos picaretas apanhados pela Lava Jato?
Por acaso, é a mesma quantia que a Lava Jato conseguiu que fosse restituída pelos meliantes aos cofres públicos este ano: entram 2 bilhões de reais recuperados pelos homens da lei, saem 2 bilhões de reais garfados pelos homens sem lei – ou pior, sem inibição para retocar a lei como quem retoca a maquiagem democrática.
O Rui Barbosa do Centrão já está em todas as manchetes amigas dizendo que o saque bilionário é essencial para a democracia. Vai engolir mais essa, Brasil?
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