Se te perguntarem qual é o ponto de ebulição da vergonha, você já sabe a resposta definitiva: é o ponto em que conspiração política com informação roubada virar emblema da liberdade de expressão.
Todo mundo já entendeu o teatrinho dos arapongas: uma armação petista para tentar detonar Sergio Moro. Claro que vão ficar aí cansando a sua beleza para sempre com a conversa do hacker inocente que procurou a Manuela etc. Mas você sabe que estavam todos juntinhos na cela do Lula, outro dia mesmo, numa antológica sessão de bajulação fantasiada de entrevista. Quantos vão parar na cadeia por conspiração criminosa não se sabe, depende de quantos rabos eles deixaram de fora. Mas o enredo completo você já sabe qual é.
Só que personagens como Rodrigo Maia pensam que você não sabe. O presidente da Câmara dos Deputados gravou um vídeo por ocasião de um ato sindical de jornalistas, organizado para defender Glenn Greenwald, o operador do falso escândalo da Lava Jato. O homenageado pelos bravos defensores da liberdade de conspiração agradeceu o apoio do companheiro Maia – e espalhou a notícia.
Aí o presidente da Câmara resolveu declarar que o seu vídeo para um ato em defesa de Greenwald não era uma defesa de Greenwald… Normal: quem de fato acredita que todo mundo é otário costuma levar sua crença às últimas consequências.
Vamos ajudar o companheiro Maia, para que ele não sofra com essa onda de ódio que persegue os picaretas simpáticos: pessoal, ele não fez por mal. Era só mais uma tentativa de surfar num caso que está nas manchetes para que seus amiguinhos na imprensa pudessem destacá-lo como guardião da liberdade, baluarte da democracia, enfim, esse press release de Rui Barbosa do Centrão que você já se acostumou a receber.
A OAB é mais autêntica que Rodrigo Maia. Pelo menos assumiu seu fisiologismo para quem quiser ver, saindo com bravura do armário petista que não lhe dava espaço para a coreografia completa da ópera Lula Livre.
Se ainda não estiver claro, aí vai a fórmula: Rodrigo Maia, OAB e cia vão tentar bombardear, em qualquer circunstância, Sergio Moro. E também Paulo Guedes, e quem mais esteja tentando construir alguma coisa nesse lugar. O terreno baldio é o único habitat que serve a eles – até por ser o único lugar onde liberdade de expressão e liberdade de conspiração significam a mesma coisa.
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