A Ambev dobrou seu faturamento de inovação neste ano e busca dar mais protagonismo à área, com jogadas que incluem a contratação de Anitta como head de criatividade e inovação para uma de suas marcas, a Skol Beats.
Resultados gerados por produtos com menos de 36 meses de vida mal chegavam aos dois dígitos no ano passado e, em 2019, já representam 10% do faturamento anual. A estratégia da empresa rendeu uma indicação ao Caboré, premiação tradicional do mercado publicitário, que neste ano tem inovação como nova categoria.
“Nosso faturamento será cada vez mais nichado, com novos produtos e novas embalagens. Estamos dando bastante foco à inovação para acompanhar um mercado que será cada vez mais segmentado”, diz Felipe Cerchiari, diretor de inovações alcoólicas na Ambev.
“Estamos nos preparando para nos tornarmos uma empresa que consegue fazer cada vez mais produtos que interessam ao seu público chegarem ao mercado de forma estruturada”, acrescenta.
O sucesso da área foi tamanho que, em 2020, a empresa pretende expandir o escopo da área de inovação para além da materialização de novas ideias e partir para novas abordagens de comercialização de produtos.
“Para dar realmente certo, a inovação não tem de ser só criar, mas pegar mesmo no mercado. Para isso, estamos investindo bastante em vários ângulos, desde a concepção do produto e como ele será mostrado para o consumidor até a venda e o pós venda”, detalha.
Para Cerchiari, a expectativa de que responsáveis por inovação gerem receita é parte do processo de transformação que a maioria dos setores atravessa e uma realidade cada vez mais presente no Brasil.
“Nosso papel tem sido de, cada vez mais, entrar por onde o desejo do consumidor caminha. Não teremos todas as respostas sempre, mas é importante que o caminho até lá esteja claro, para nortear as estratégias, produtos, processos e serviços e criar o clima de inovação dentro das empresas.”
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Segundo o executivo, uma das demandas que a empresa busca atender é a sofisticação do gosto dos brasileiros por bebidas, que tem ocorrido à medida em que o país se desenvolve.
“Antigamente, nem sequer se falava em calorias. Hoje em dia, as pessoas já consideram isso na hora da compra, então, a área de inovação precisa ver como esse movimento influencia a categoria e como a cerveja pode abraçar cada vez mais essas tendências”, aponta Cerchiari.
Preferências de consumo de cervejas no Brasil amadureceram em comparação há 20 anos, quando o público preferia bebidas super leves. Segundo o diretor de inovação, a empresa tem uma frente de desenvolvimento de produtos de maior amargor para acompanhar esta mudança. Outra área de foco é conveniência.
“Temos muitas iniciativas focadas em facilitar a vida do nosso consumidor, desde a interação no ponto de venda e canais até formas de comunicação”, diz Cerchiari, que acrescenta que a equipe também tem projetos voltados à conversão de vendas entre as diversas marcas do portfólio de forma orgânica.
“Quanto mais o mercado se sofistica, a escolha passa a ser baseada não somente na preferência por uma marca”, explica. “O fator determinante passa a ser a ocasião. O consumidor pode pedir uma Skol quando estiver na praia, uma Corona em um barzinho mais bacana, uma Stella Artois em um jantar com a esposa.”
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Segundo Cerchiari, o desenvolvimento do mercado se traduz em um foco maior em inovação para a empresa em diversas frentes. Por exemplo, tecnologias como machine learning são usadas na produção da Ambev para garantir o percentual ideal de oxigênio nas garrafas e prevenir a reação com outros compostos presentes na cerveja.
Por outro lado, a empresa desenvolve inovações que impactam diretamente a experiência do consumidor. Um exemplo de projeto criado pela equipe de inovação é o delivery de cerveja, pelo qual os clientes recebem produtos em menos de uma hora.
O departamento também tem a tarefa de refinar conceitos totalmente inéditos. Em um nível, de menos risco, trabalham-se ideias como novas embalagens. Em outro, mais incerto, existem projetos que incluem desde cervejas sem lúpulo até bebidas que podem nem conter cerveja.
“Queremos desenvolver produtos e os lançar com mais velocidade para poder matar as provas e obter aprendizados reais no mercado. Com o beta lançado, podemos movimentar melhorar a campanha antes de trazer a versão final”, aponta Cerchiari.
Estes projetos beta têm sido conduzidos há um ano, com alguns produtos em escala “super pequena”, segundo o diretor. As inovações só permanecem no mercado depois que a empresa decide que os produtos têm chances de ir mais longe.
Para habilitar esta fábrica de projetos inovadores, a Ambev estruturou uma rede de stakeholders que inclui startups, especialistas de produto e influenciadores, como Anitta, que se juntou à empresa como head de criatividade e inovação para a marca Skol Beats.
Segundo Cerchiari, o pipeline baseado em sugestões da cantora já inclui produtos como o novo shot 150bpm e possibilidades de novas embalagens. “O obejtivo é continuar trocando ideias com a Anitta e as implementar em lançamentos futuros: ela entende tudo sobre o nosso consumidor, e a junção dos insights dela com nossa expertise de qualidade e distribuição será muito positiva.”
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A startup de pagamentos cross-border Ebanx adquiriu a fintech curitibana Juno. As empresas trabalhavam juntas desde 2015 no processamento de boletos bancários, e a aquisição foi concluída há pouco mais de um mês. O movimento apoia a estratégia de processamento local de pagamentos da empresa. A Uber selecionou a Ebanx como a única empresa brasileira a fazer parte de seu ecossistema de pagamentos, que a Forbes anunciou exclusivamente no mês passado.
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O impacto e a evolução da inovação e tecnologia no setor da educação serão discutidos em um evento organizado pela edtech de São José dos Campos (SP) Quero Educação. O evento Quero Captação acontecerá no próximo dia 25, no Expo Center Norte, em São Paulo, e terá sessões com mais de 40 palestrantes, incluindo o escritor Luiz Felipe Pondé, Ari de Sá Neto, da Arcos Educação, Ricardo Amorim e o norte-americano Jeremy Rossmann, CEO e fundador da MakeSchool, faculdade de tecnologia norte-americana onde alunos só pagam quando começam a trabalhar.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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