A Souza Cruz começou a colher os primeiros resultados de um novo plano de negócios que tem a inovação como pilar central e vai replicar projetos criados no Brasil para outros países.
A área de transformação digital da empresa de tabaco de 116 anos começou seus trabalhos há 18 meses com investimento de R$ 3,5 milhões e virou prioridade para o board da empresa, que vê tecnologia como uma forma de gerar resultados financeiros e de resolver problemas do negócio.
Os ganhos de produtividade na empresa já são tão animadores que o investimento em digital será aumentado no próximo ano, e projetos bem-sucedidos serão replicados outros mercados. A Souza Cruz é subsidiária da British American Tobacco, maior empresa de tabaco do mundo e presente em mais de 200 países.
“Estamos conseguindo levar muitas inovações que introduzimos no Brasil, principalmente em fábricas, para regiões como África e outros países latinos como Chile e México”, diz Beatriz Copelli, chief information officer (CIO) para as Américas e África na empresa.
“A experimentação e inovação na cadeia produtiva acontece muito fortemente no Brasil, porque este mercado cobre desde a parte agrícola até a distribuição, e isso nos fornece dados integrados de todo o processo e em grande escala”, explica Beatriz, que é baseada em Londres.
“Além de expandir para além das fronteiras do Brasil, queremos que nossas iniciativas de inovação sejam benéficas internamente, mas que também alcancem nossos clientes.”
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A aplicação de tecnologias de ponta na Souza Cruz começa logo nos estágios iniciais da cadeia produtiva, onde profissionais da empresa que estão em contato com produtores agrícolas usam aplicativos móveis com uso intenso de análise de dados em tempo real para prever safras.
“Isso abriu uma janela enorme de oportunidades para nós, pois trabalhamos não só dados que tínhamos internamente, mas combinações criativas com várias outras fontes [externas], que geram insights valiosos”, descreve Beatriz.
Um bot chamado Robyn ajudou a empresa a agilizar pesquisas no departamento jurídico e será expandido para recursos humanos. “Começamos pilotos de tecnologias em certas áreas e muito rapidamente temos identificado o potencial de adoção em diversas áreas do negócio.”
A digitalização também ajudou no processo contratual entre a empresa e produtores rurais. Segundo a executiva, trâmites no modelo tradicional com documentos físicos que levavam mais de duas semanas agora são concluídos em cinco dias.
Na fábrica da empresa, em Uberlândia (MG), processos de data analytics e machine learning são aplicados na otimização de equipamentos como caldeiras. Isso trouxe economias significativas para a empresa de tabaco, que também prevê conseguir reduzir seu consumo de energia elétrica em até 10% com ajuda das inovações.
Tecnologia de realidade virtual também está em uso para apoiar a manutenção remota de máquinas no Brasil por técnicos da empresa na Alemanha, segundo Beatriz.
“Estamos começando a expandir iniciativas dentro das áreas ou expandindo para outras partes do negócio e agora começaremos a ter benefícios ainda mais significativos”, aponta.
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Segundo a executiva, o reposicionamento da área também trouxe o entendimento de que uma mudança cultural era necessária, com novos valores como agilidade e simplicidade nos pilotos. “Aprendemos a fazer e falhar mais rápido e mais barato”, conta.
A readaptação dos processos de trabalho para adotar abordagens mais colaborativas, ágeis e flexíveis tem sido um desafio, que a empresa vence à medida em que os benefícios continuam a serem entregues.
Mas o fator crucial para a evolução da digitalização da empresa, segundo Beatriz, é o patrocínio da diretoria. “O fato de que a liderança banca a transformação digital e acredita nisso é um fator fundamental para o sucesso desse plano.”
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A startup de pagamentos cross-border Ebanx se tornou o novo unicórnio brasileiro, com um investimento de follow-on da FTV Capital, empresa de investimento de growth equity dos Estados Unidos. No mês passado, a Uber anunciou que a empresa curitibana será um dos parceiros de seu novo ecossistema de pagamentos. Para aumentar sua capacidade local de processamento, a empresa adquiriu a fintech Juno, também de Curitiba.
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A brasileira Blockum quer ser o maior ecossistema de blockchain do mundo, com mais de 50 mil nós validadores até 2021. A iniciativa, que diz ser o primeiro ecossistema sem fins lucrativos de blockchain do Brasil e o segundo do mundo, foi lançada pela empresa de tecnologia Golchain. A rede foi inspirada na espanhola de fomento de blockchain Alastria, que tem membros como o Santander e Telefónica. A iniciativa brasileira tem o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, a Universidade Estadual de Londrina, Pontifícia Universidade Católica do Paraná e a operadora Sercomtel como apoiadores iniciais.
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Amanhã (17), a Amcham Arena vai revelar a melhor startup do Brasil na opinião de grandes corporações. A final do concurso trará a vencedora de um processo de avaliação de mais de 750 startups, com uma banca de jurados formada por nomes como Viveka Kaitila, da GE, Carlos Zalenga, da General Motors, João Miranda, da Votorantim, e Guilherme Gerdau, além de outros CEOs de empresas como a Cargill, Embratel e Colgate Palmolive. O evento acontece na sede da Amcham, em São Paulo.
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A Associação Brasileira de Startups abriu a primeira fase da sexta edição do Startup Awards. Até o dia 25, haverá a votação popular aberta para diversas categorias que incluem a melhor aceleradora, investidor anjo e startup revelação do ano. Um conselho irá votar e selecionar os três finalistas de cada grupo até o dia 1º de novembro, e os finalistas serão revelados durante a Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo (CASE) 2019, nos dias 28 e 29 de novembro, em São Paulo.
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Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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