Dizem que tem um “acordão” para proteger criminoso e abafar a Lava Jato. Estranho. Nestes nove meses de 2019, foram oito operações da Lava Jato – pegando até o irmão do Lula e sua mesada personalizada com selo Odebrecht de garantia. Recentemente foi homologada a delação do empreiteiro Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que abrirá diversas novas frentes na Lava Jato – e implica até parlamentar que está na base do governo… Esse acordão não tá bão.
A decisão absurda do STF no caso Bendine, que faz retroceder vários processos da Lava Jato, acaba de ser confrontada pelo novo procurador-geral, Augusto Aras – que segundo a teoria do acordão foi nomeado para refrescar os corruptos. Aras condenou o princípio da revisão de sentenças e vai atuar contra isso. Quem diria?
Dizem que o Coaf foi amordaçado. Falso. Transferido para o Banco Central, o órgão de controle das atividades financeiras, aquele que detecta movimentações bancárias atípicas, será mais independente do que nunca – e continuará subsidiando investigações. O que se está combatendo é o contrabando político das suas informações.
Ou seja, a velha pegadinha triangular: alguém vaza informações bancárias do Zé da Quitanda, alguém publica o vazamento na imprensa e alguém do Ministério Público usa a publicação para abrir inquérito e transformar o Zé da Quitanda em suspeito – num circo de manchetes que pode durar meses, como o Brasil já se cansou de ver.
Não tem ninguém blindado contra investigação alguma com dados do Coaf. Basta os investigadores fazerem o seu trabalho direito, colherem as evidências de ilicitude e obterem os devidos mandados judiciais para seguir com seus inquéritos, denúncias, indiciamentos e respectivos processos.
Ninguém está a salvo da lei – o que não tem nada a ver com guerrilha de vazamentos para politicagem.
Num país que passou nove meses lendo notícias sobre o isolamento de Sergio Moro, a tristeza de Sergio Moro e a demissão de Sergio Moro – que não deve ter lido nenhuma delas, pois continua anunciando a redução de todos os indicadores de criminalidade – não convém deixar gasolina dando sopa para o pelotão da sabotagem.
Guilherme Fiuza é jornalista e escritor com mais de 200 mil livros vendidos, autor dos best-sellers “Meu nome não é Johnny” (maior bilheteria do cinema nacional em 2008), “3.000 dias no bunker” (história do Plano Real, também adaptado para o cinema), “Bussunda – A vida do casseta”, entre outros. Escreveu o romance “O Império do Oprimido” e é coautor da minissérie “O Brado Retumbante” (TV Globo), indicada ao Emmy Internacional.
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