O mês de novembro traz um novo marco para a estratégia de inovação da Dafiti, que se prepara para abrir o que define como o maior centro de logística automatizado da América Latina.
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A empresa de e-commerce dedicou “centenas de milhões de dólares” ao seu novo centro de distribuição de 72 mil metros quadrados em Extrema (MG), que inicia testes nos próximos dias e deve começar a operar entre março e abril de 2020.
O centro de distribuição contará com um exército de mais de 300 robôs, cuja operação será informada por uma plataforma de inteligência artificial que usa critérios como produtos mais vendidos de acordo com com horário e região.
Com o aumento da automação, a empresa espera escolher itens em duas horas em vez das 24 horas atuais, trazendo uma redução significativa em tempo de entrega de produtos a clientes.
Cristiano Hyppolito, chief information officer da Dafiti, que esteve recentemente no novo centro de distribuição da Amazon, em Cajamar (SP), diz que a futura operação da empresa brasileira está em pé de igualdade com o hub logístico da Big Tech: “Nosso [novo centro] não deixa nada a desejar em relação ao deles”.
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Para construir o centro, a Dafiti mobilizou sua equipe interna com o apoio da parceira norte-americana Bastian Robotics e a norueguesa AutoStore. Após um ano de funcionamento, a empresa espera ter mil funcionários trabalhando no local.
Segundo Hyppolito, um dos maiores desafios está relacionado à qualificação de pessoal no Brasil com expertise que acompanhe o rápido avanço tecnológico da empresa.
Para suprir as demandas no curto prazo, a Dafiti está usando os parceiros internacionais seus próprios funcionários. No médio prazo, no entanto, a empresa planeja sofisticar sua abordagem para atrair o talento que precisa.
Segundo Hyppolito, estratégias em curso, que buscam o fomento da base de talentos no Brasil incluem engajamento com universidades, onde a empresa atua na formulação do conteúdo de cursos para garantir um pipeline de profissionais qualificados.
“Precisamos fomentar o ecossistema de inovação e educação brasileiro para garantir que teremos acesso a profissionais preparados para a indústria 4.0”, ressalta.
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A tecnologia apresenta possibilidades para trabalhar menos e viver melhor, mas a mentalidade para tal não avança no mesmo ritmo da inovação. Em um ensaio sobre o futuro do trabalho, o diretor de pesquisa da Comissão de Caminhos para a Prosperidade, da Universidade de Oxford, Toby Phillips, reflete sobre as previsões do legendário economista John Maynard Keynes para 2030. O futuro traçado por Keynes em 1930 previa que a sociedade teria avançado tanto que, em 100 anos, que as pessoas mal precisariam trabalhar. O maior problema, segundo Keynes, seria o tédio, que trabalhadores combateriam com jornadas de trabalho de 15 horas semanais.
Apesar de automação e avanço tecnológico terem trazido um progresso em produtividade significativo desde que as previsões de Keynes foram feitas, Phillips aponta que a média das jornadas de trabalho globais continua em 30-40 horas semanais. Uma das causas, é o que o acadêmico descreve como uma “esteira hedônica” de consumismo desenfreado. “Discussões precisam ir além das maravilhas da tecnologia e questionar para que serve tudo isso,” aponta. “Se não conseguirmos distinguir progressos importantes do que nos mantém nessa esteira, nossa inércia coletiva significa que nunca atingiremos a jornada de trabalho de 15 horas que Keynes imaginou.”
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O primeiro registro de um recém-nascido no Brasil por meio da tecnologia blockchain ocorreu no Rio de Janeiro. O projeto envolveu o 5º Registro Civil de Pessoas Naturais da Cidade do Rio de Janeiro e a Casa de Saúde São José, onde o bebê Álvaro de Medeiros Mendonça nasceu no dia 8 de julho. O objetivo do piloto de três dias foi analisar os registros emitidos durante o período para estudar possibilidades de ampliação de sua adoção no hospital e em outras maternidades. O processo, que seguiu normas e procedimentos legais, aconteceu através da rede Notary Ledgers, da Growth Tech, que fornece serviços cartoriais digitalmente usando o IBM Blockchain Platform na IBM Cloud.
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Pesquisadores brasileiros e franceses debatem a o impacto da digitalização em cidades hoje (31) no evento HiperUrbano, realizado no Rio de Janeiro pelo Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social da Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), e a Université Paris 8 Vincennes-Saint Denis. O evento discute temas como cidade digital, data city, smart city, as mudanças postas pelas tecnologias de comunicação, e modos de presença na cidade pós-digital.
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Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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