Lições que as escolas de negócios não ensinam
Em 1996, Marc Benioff deixou seu cargo executivo na gigante de software Oracle para um sabático na Índia e no Nepal. Durante esse tempo, ele ficou se perguntando como as novas empresas deveriam ser. Alguns anos depois, aplicou as ideias surgidas no período de reflexão em sua própria startup – a Salesforce. Sua visão, ousada, é verdade, era revolucionar o mercado tradicional de softwares corporativos por meio de uma solução fácil de usar, acessível por qualquer navegador e barata. Tudo isso regado por valores como confiança, sucesso do cliente, inovação, retribuição e servir a um propósito maior. O resultado foi uma companhia avaliada em US$ 129 bilhões, que emprega mais de 35 mil pessoas no mundo e fatura anualmente US$ 13 bilhões.
Essa jornada está descrita no livro “Trailblazer: The Power of Business as the Greatest Platform for Change”, que Benioff acaba de lançar. E a mensagem é muito clara: os valores de uma empresa são o mecanismo mais poderoso para o sucesso. Nele, o executivo analisa cada um deles, com histórias que ilustram lições valiosas. Veja uma pequena amostra:
Confiança: a obsessão pelo crescimento pode levar a atalhos e o resultado final é capaz de minar a confiança, enfraquecendo a empresa ou até destruindo-a. Um exemplo foi quando o site da Salesforce caiu, um pesadelo para a companhia. A tendência era restaurá-lo e não tocar mais no assunto. Em vez disso, Benioff se deu conta de que as coisas precisavam ser diferentes e liderou uma equipe encarregada de criar um painel que fornecesse métricas em tempo real sobre o desempenho do sistema, cronograma de manutenção e outros importantes indicadores da plataforma. Ao optar pela transparência, ele transformou uma crise em algo positivo e aumentou o nível de confiança.
Sucesso do cliente: Benioff esteve sempre incansavelmente focado nas necessidades do cliente. Por isso, ficou chocado ao saber, em 2013, que a Merrill Lynch, o maior cliente da empresa, considerava o produto da Salesforce pesado e complicado. Houve até um congelamento da conta. Foi um grande alerta, mas, no final, a experiência fortaleceu a companhia. O que Benioff percebeu foi que havia caído na armadilha da “falta de recursos”. Em outras palavras, ele teve que se concentrar novamente na compreensão dos pontos problemáticos do cliente.
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Dica de mestre
De passagem pelo Brasil, onde participou de uma série de encontros e reuniões, Gary Burnison, presidente global da Korn Ferry, companhia especializada em consultoria organizacional, discutiu temas como soft skills, mudança nas habilidades dos profissionais provocadas pelo advento da tecnologia, turnover, liderança e outros aspectos da área de recursos humanos. Perguntado qual seria o principal conselho para os millenials, ele foi direto ao ponto: “É preciso ouvir. Essa é uma habilidade importantíssima. Eu digo isso, inclusive, aos meus filhos. É realmente importante ouvir o silêncio, ouvir a pausa. Como CEO, noto uma coisa interessante: ninguém nos diz a verdade. Por isso, é preciso ser capaz de parar e olhar nos olhos de alguém, já que a linguagem corporal é muito difícil de ser escondida, a menos que você seja um ator como George Clooney. Portanto, a capacidade de ouvir é o primeiro passo para o aprendizado. E o aprendizado é incrivelmente importante se você deseja crescer e desenvolver diferentes tipos de habilidades para competir e, finalmente, tornar-se um líder. Para liderar outras pessoas, você deve, primeiro, liderar a si mesmo. O conceito do autoaperfeiçoamento é realmente importante, então ouça, aprenda e viva”.
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Genéricos brasileiros pelo mundo
A farmacêutica paranaense Prati-Donaduzzi, especializada no desenvolvimento e produção de medicamentos genéricos, está dando mais um passo rumo à internacionalização. Responsável pela produção de 11,5 bilhões de doses terapêuticas por ano, a companhia anunciou que abrirá uma unidade de negócios nos Estados Unidos ou no Canadá no próximo ano. “Queremos estar presentes em um ecossistema de inovação. O objetivo é licenciar e desenvolver produtos inovadores que serão comercializados no Brasil e exterior”, disse Eder Fernando Maffissoni, diretor-presidente da empresa, revelando que a escolha está entre Miami, Tampa, Gainesville, Orlando e Montreal. A unidade terá como objetivo estabelecer parcerias, buscar oportunidades e captar inovações para desenvolver e licenciar medicamentos na área do sistema nervoso central, foco de pesquisa da indústria nos próximos anos. Até 2020, a Prati-Donaduzzi prevê ampliar seu portfólio com pelo menos 100 produtos, entre novas moléculas de genéricos, medicamentos de marca e novas apresentações. A maioria deles terá como função tratar doenças como ansiedade, depressão, epilepsia refratária, demência e distúrbios.
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Logística de peso
A Bloomin’ Brands, proprietária das marcas Outback, Abbraccio e Fleming’s no Brasil, acaba de renovar por cinco anos seu contrato de gestão da cadeia de suprimentos das 112 lojas com a Comfrio, especializada em logística de armazenamento refrigerado. Isso inclui o planejamento de demanda das lojas, armazenamento multi-temperatura (climatizado, refrigerado e congelado) e entrega. Os números impressionam: são 500 toneladas de proteína (bovina, costela e frango) e cerca de 1 mil entregas em todo o país por mês.