Empresas brasileiras precisam adotar uma série de requisitos como habilidade para lidar com problemas e ajustar suas expectativas de retorno para conseguir evoluir estratégias de inovação, segundo especialistas.
Transformações tipicamente resultam de um desejo de CEOs por aumento de receita e são impulsionadas por uma oportunidade ou apresentada pela digitalização, mas, segundo Fabiano Virginio, diretor do centro de inovação do Istituto Europeo di Design (IED), nem sempre a casa está em ordem para colocar esses novos planos em prática.
“Ouço muitos gestores de organizações tradicionais dizendo que tudo o que faziam no passado e que os trouxe ao sucesso que tem hoje simplesmente não funciona mais”, aponta.
“Além disso, parece que toda aquela experiência acumulada de anos resolvendo desafios também não faz mais efeito: os desafios mudaram, a dinâmica dessas mudanças é muito intensa e faz com que muitas das referências destas empresas não sejam mais aplicáveis”, acrescenta.
A maioria das organizações brasileiras sofre com o processo de trazer requisitos básicos, muitos deles a ver com pessoas, para introduzir uma agenda de inovação, segundo o especialista.
“Para começar, é preciso preparar a equipe para poder se adiantar um pouco mais em relação a inovação e para isso, é preciso se atentar às mudanças globais e como elas estão afetando o negócio”, aponta. “Assim, é possível construir uma ponte entre o que a empresa é e o que quer ser no futuro.”
Com base em seu envolvimento no design de estratégias de inovação junto a empresas, Virginio aponta que a teoria parece óbvia, mas organizações tem uma imensa dificuldade em relação aos aspectos práticos.
“Empresas que não possuem uma experiência anterior e projetos que são apresentados como ferramentas ou possibilidades precisam de uma grande personalização para identidade do negócio”, explica. “Isso acaba gerando uma etapa muito rica e ao mesmo tempo complexa, que gestores não sabem exatamente como resolver.”
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Em seu trabalho no IED, o especialista conduz estudos com gestores para entender os desafios de inovação e o avanço feito, e se utiliza desta escuta para identificar entraves não mencionados e prover um potencial contexto.
“A solução passa por pensar como os problemas são atualmente nutridos e como isso se relaciona com as pessoas”, detalha. Essa análise cobre desde aspectos como recrutamento, um dos pilares fundamentais para organizações que buscam inovar, bem como recomendações para implementação e um plano de monitoramento para que gestores possam medir os resultados obtidos durante a implantação.
“É preciso pensar em como criar equipes cujas competências sejam complementares, uma mistura de perfis criativos e pragmáticos, onde engenheiros, designers, especialistas de marketing criam células ágeis para gerir e entregar projetos de inovação”, recomenda.
A contratação destes perfis é um dos estágios do processo onde empresas normalmente precisam de ajuda, segundo Virginio: “Empresas não sabem contratar profissionais para este novo modelo e também não conseguem criar formas para que operem de forma multidisciplinar, onde um problema é simultaneamente tratado a partir de diversas perspectivas.”
O especialista aponta que outro tema tratado pelo IED junto a seus clientes como condição para ir além do estágio inicial quando o assunto é inovação é aceitar que problemas surgirão.
“Gestores que decidem parar projetos no primeiro momento de dificuldade raramente conseguem avançar com seus projetos de inovação, pois tomam as rédeas dentro de uma visão antiquada e matam o investimento, perdendo tempo e recursos”, ressalta.
Segundo Virginio, todas as dificuldades que a inovação traz precisam ser entendidas como uma aprendizagem rica sobre o negócio, que merece ser levada até o fim e com calma.
“Mudanças imediatas não são profundas o suficiente para garantir o futuro, portanto um certo sangue frio é necessário para encarar os inevitáveis momentos de ansiedade quando os problemas chegam e resultados não vem tão rápido quanto o desejado.”
Fabiano Virginio é um dos palestrantes do evento Forbes Start sobre serviços financeiros, que acontecerá no próximo dia 27 das 9h às 12h, no Spaces Berrini, em São Paulo, como parte da programação da São Paulo Tech Week.
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Apple remove apps relacionados a cigarros eletrônicos
A medida em que aumenta o debate sobre a responsabilidade social das Big Techs em relação aos serviços que fornecem, a Apple removeu mais de 180 aplicativos relacionados a cigarros eletrônicos, os chamados “vapes”, de sua loja.
O anúncio segue dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, que relacionou o uso dos dispositivos a uma crise de saúde pública, com um aumento em mortes e doenças pulmonares, particularmente entre jovens. Segundo a CDC, 1 em 9 adolescentes norte-americanos usa cigarros eletrônicos.
Os aplicativos que até recentemente estavam disponíveis na App Store permitiam desde controle de temperatura e outros ajustes dos vapes até jogos para usuários, cujo conteúdo era visto como apelativo para crianças e jovens adultos. Não havia venda dos cigarros eletrônicos ou de cartuchos através de apps.
A Apple, cuja plataforma de aplicativos gera bilhões em receita, diz que não estava aceitando nenhum aplicativo relacionado a cigarros eletrônicos desde junho.
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Neon recebe R$ 400 milhões em novo aporte
A fintech Neon levantou R$ 400 milhões em nova rodada liderada pelo Banco Votorantim e o fundo General Atlantic. Os fundos de venture capital Monashees, Omidyar Network, Propel, Quona e Mabi, investidores na Series A, acompanharam o aporte. Segundo a empresa, o valor será usado para ampliação da oferta de produtos, como novas modalidades de crédito e produtos de investimento, tecnologia e contratação de talentos, bem campanhas publicitárias e aumento da densidade da marca fora do eixo Rio-São Paulo.
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Bob Wollheim assume estratégia na CI&T
Bob Wollheim assumiu como chief strategy officer (CSO) da CI&T, multinacional brasileira especializada em transformação digital. Empreendedor, sócio-fundador do festival de cultura digital youPIX e ex-head de digital do Grupo ABC, Wollheim tem a tarefa de reforçar a estratégia da companhia na “construção de sua reputação, na comunicação com os clientes e na transformação de pessoas.”
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Spotify fecha com Magalu
O Magazine Luiza e o Spotify fecharam acordo de parceria para oferecer aos clientes do pacote de serviços digitais Magalu Conecta – um trial de quatro meses de assinatura gratuita do serviço de streaming de música Spotify Premium. O serviço da varejista, que custa R$ 49, inclui acesso a 6 mil pontos de wifi, antivírus, localizador de dispositivo e suporte técnico.
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UFSCar lança hub de tecnologias verdes
A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) lança na quarta-feira (20) a plataforma de tecnologias verdes e sustentabilidade em setores agroindustriais Field & Food Tech Hub. A missão é aglutinar iniciativas das instituições de pesquisa de São Carlos, relacionadas ao desenho, produção, distribuição, consumo e manejo de biomassa ou resíduos das cadeias agroindustriais e outros materiais apropriados, para promover a saúde humana e do ambiente. O hub será lançado em evento que conta com palestras sobre o tema com acadêmicos brasileiros e alemães a partir das 9h no Centro de Pesquisas em Materiais Avançados e Energia, na área Norte do Campus São Carlos da UFSCar.
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Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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