“Trocava toda a minha tecnologia por uma tarde com Sócrates”, Steve Jobs
Para o filósofo ateniense citado na frase acima, precisamos estar abertos ao novo e preparados para quebrar modelos predefinidos e despertar o conhecimento. O parafuso da tecnologia vai sendo apertado, volta a volta. Um dia irá parar?
Esse dia, se houver, será o dia do fim do mundo. O dessalgado (gostei do termo) Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, já se terá tornado um holograma que dará pílulas de sabedoria aos super-humanos gerados e geridos nas barbas das fibras da inteligência artificial.
Na verdade, não acredito nesse apocalipse. Uso a galhofa para dizer que as empresas de tecnologia estão colocando nosso entendimento de mundo de cabeça para baixo, ao mesmo tempo que temos a sensação de que tudo está ao nosso alcance, que a um estalar de dedos surgirá uma solução iluminada.
Se a Segunda Guerra nos fez dolorosamente evoluir, tanto no conceito de paz quanto no desenvolvimento de diversas áreas, somos agora levados pelas mãos da tecnologia, que nos lançou até aqui a inimagináveis conquistas.
E assim caminhamos, sob uma profusão de inovações que tem mudado o mundo, influenciado negócios e colocado em conflito muitas corporações tradicionais que não conseguem enraizar em sua cultura a nova realidade. O mesmo ocorre com as pessoas. Esse é o desafio!
Talvez a China seja o exemplo mais evidente a seguir. De um país basicamente agrícola, saltou para áreas como inteligência artificial, biotecnologia, computação quântica e exploração espacial. Deixou nações historicamente desenvolvidas na poeira. O país se projeta como uma startup gigantesca – ou milhões delas.
Assim como o país asiático, as empresas precisam virar a chave e se projetar em outro período de espaço e tempo para acompanhar essa mudança na nossa experiência de mundo.
No meu quadrante, o jurídico, a tecnologia vem colaborando efusivamente. Ainda bem! Não há tempo nem mão de obra suficientes para dar jeito, por exemplo, à massa processual em nossos tribunais – não a um custo suportável. Usamos sistemas de automação em inúmeras tarefas. Gestão dos processos em andamento, elaboração de peças generalistas e pesquisas de jurisprudência são algumas das tarefas que já estão sendo executadas por robôs. Liberamos, com isso, nossos profissionais para atividades mais complexas, que exigem raciocínio humano.
Como Bill Gates, para quem a tecnologia é uma ferramenta igual ao martelo para um ferreiro, não vejo outro caminho. Cada ponta do triângulo “pessoas-processos-tecnologia” deve estar em sintonia para que a gestão seja eficaz e o resultado, satisfatório. A ponta da tecnologia nos coloca diante de novos quebra-cabeças com os quais precisamos aprender a lidar. Precisamos evoluir, olhar para aquilo que nos trouxe até aqui, fazer uma análise crítica do que deu e não deu certo e projetar o futuro. O mercado muda, os clientes mudam e a tecnologia avança. É importante identificar e implantar as novas ferramentas, mas também fazer com que as pessoas se identifiquem com isso e se adaptem, para funcionar. E tudo isso muito rapidamente.
Outras inovações virão. Zuckerberg, por exemplo, está pronto para tirar de seu tecnobolso uma nova plataforma de computação – algo que, por meio de hologramas, vai criar a sensação de que você está no mesmo lugar que outra pessoa, a milhares de quilômetros.
Para retornar ao encontro com o filósofo Sócrates pretendido por Steve Jobs, arriscaria dizer que ainda estamos nos entendendo num processo maiêutico (termo bacana, socrático) de autoconhecimento coletivo para nos adaptarmos aos novos tempos. Haja sabedoria!
Nelson Willians, CEO da Nelson Willians & Advogados Associados
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