Instalado em uma área de 15 mil metros quadrados em Salto de Pirapora, interior de São Paulo, o Instituto Magnus trabalha, há pouco mais de um ano, para oferecer aos deficientes visuais, de forma gratuita, cães-guias e, desse modo, contribuir para a inclusão dessas pessoas na sociedade.
Maior complexo do tipo na América Latina, a entidade de assistência social conta com maternidade, área de lazer, canil com 16 baias climatizadas, anfiteatro e hotel, totalizando 2,3 mil metros quadrados de área construída. Os reprodutores – atualmente um padreador e cinco matrizes, todos das raças labrador e golden retriever – ficam hospedados com famílias voluntárias.
“Esses animais foram escolhidos após uma análise criteriosa de origem, pedigree, genética e condições de saúde dos pais, em conformidade com o protocolo estabelecido pela Federação Internacional de Cães-Guias”, explica Thiago Pereira, principal responsável pelo instituto. Isso porque o processo de formação de um cão-guia é longo, caro e, atualmente, muito abaixo da demanda. Pereira estima que, até estar totalmente pronto, cada animal consuma entre R$ 50 mil e R$ 80 mil. Por isso, é necessário aumentar ao máximo o nível de aproveitamento dos filhotes.
O processo começa com o cruzamento. Cerca de dez dias antes do parto, a fêmea vai para a maternidade do instituto – uma casa toda mobiliada, com ar condicionado, para que os filhotes já nasçam em uma atmosfera de socialização. “Além disso, o ambiente é todo preparado para simular os estímulos que os animais terão externamente”, explica Pereira. Isso inclui, por exemplo, piso semelhante ao dos ônibus e escadas.
Com 60 dias, os filhotes seguem para suas famílias temporárias – voluntários que se dispõem a ficar com eles durante um ano, cumprindo uma agenda que inclui passeios regulares, uso do transporte público e encontros mensais no instituto, que é mantido pela fabricante de ração homônima com a parceria de 12 outras empresas. Pereira conta que as famílias candidatas passam por uma rigorosa avaliação. “Os animais não podem, por exemplo, ficar sozinhos por mais de quatro horas.” Atualmente, existem 35 filhotes em processo de socialização. Até fevereiro do ano que vem, a expectativa é ter 54.
A VOLTA
Um ano depois, os animais voltam para o instituto, onde ficam durante cerca de cinco meses antes de serem doados definitivamente. Nesse período, eles são avaliados por profissionais técnicos para identificar seus perfis e fazer a melhor combinação possível com os perfis das pessoas inscritas que estão no banco de dados – atualmente, há uma fila de espera de 400 deficientes visuais. “É nesse momento que analisamos, por exemplo, a altura do cão e da pessoa, o ritmo da caminhada de ambos, o estilo de vida do candidato, entre outras características, para que a adaptação seja a melhor possível”, conta Pereira.
Uma vez feita a combinação, os candidatos contemplados são avisados. Hospedados no hotel do instituto por 15 dias, eles recebem instruções e treinamento 24 horas por dia. Em seguida, cão-guia e deficiente visual seguem para casa, para mais um período de 15 dias com acompanhamento especializado, desta vez já na rotina de vida de ambos. Segundo Pereira, só existem dois treinadores desse tipo hoje no Brasil e dois deles estão no Instituto Magnus.
Além de todo esse processo, há outros fatores que impactam o custo de formação de um cão-guia. Um deles é que, em função da alta demanda, o instituto precisou firmar um convênio com três canis credenciados para a compra de filhotes extras e, assim, não depender apenas dos animais próprios. “O bem-estar animal é prioridade. Então, nem sempre um cio é sinônimo de filhotes. Muitas vezes, uma fêmea pode cruzar em um cio e pular o próximo. Os cruzamentos só são feitos se os animais estiverem em perfeitas condições.”
Outro fator é que, apesar de todo investimento feito nos filhotes – de tempo e dinheiro – nem todos se tornam cães-guias. O especialista explica que, de cada 10 animais que passam por esse processo, de quatro a seis são habilitados realmente para a função. “Há perdas por problemas de saúde, como catarata e displasia, por exemplo. E tem, ainda, os animais que não têm vocação para a tarefa por questões comportamentais.” No primeiro caso, os cães são doados. No segundo, o instituto tenta encontrar uma outra função para o animal, como o acompanhamento de pessoas com autismo ou cadeirantes. Mas Pereira conta que, depois que o cão segue definitivamente para seu dono, a taxa de aproveitamento é de 100%. “Nunca aconteceu uma devolução”, diz, contando que o instituto entregou 18 animais até o momento.
Aos 10 anos, o animal se aposenta. A partir daí, ele pode tanto ficar com o deficiente visual, quanto ser encaminhado para uma pessoa do seu convívio. Pereira explica que a extensão do trabalho vai muito além do atendimento aos deficientes visuais. “Todo esse processo acaba criando um impacto social muito maior. O trabalho da família voluntária que fica com os filhotes até um ano, por exemplo, acaba disseminando a cultura que envolve o tema, uma vez que ela tem o direito de frequentar os mesmos lugares com o cão em treinamento que os deficientes visuais têm pela legislação federal. Essas famílias se tornam instrumento de educação da população sobre o assunto.” O instituto, que abre para visitação uma vez por mês, também promove palestras informativas e educativas, vivências, dinâmicas de grupos e ações de divulgação da causa.
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Foxbit compra corretora Modiax
A corretora de criptomoedas Foxbit acaba de comprar a Modiax, plataforma de investimentos centrada no investidor digital. A aquisição tem como objetivo solidificar a posição de mercado da Foxbit, ampliar o portfólio de serviços e oferecer uma melhor experiência de investimentos. “As duas empresas têm muita sinergia, já que têm como meta simplificar a entrada de novos clientes no mundo cripto de forma confiável e segura. Trabalhamos os mesmos pilares de segurança, tecnologia e compliance. Com a aquisição, estamos nos preparando para os próximos cinco anos”, diz João Canhada (foto), CEO e fundador da Foxbit, que não revelou o valor do investimento. A operação traz para o time da empresa quatro reforços: Ricardo Dantas Takayagui, ex-Mercado Bitcoin, Multiplus, B2W/Loja Americanas e Accenture, como CoCEO; Bruno Soares, ex-GetNinjas e Ogilvy, como CTO; Marcelo Person, ex-Rocket Internet, Mar Ventures e Evino, como CFO; e Vinicius Gracia, ex-Easy Taxi, como conselheiro.
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A insatisfação com a saúde
A Salesforce anunciou ontem, em nível global, a primeira edição do relatório Connected Healthcare Consumer, estudo conduzido com 6 mil consumidores de nove países, incluindo o Brasil, para saber mais sobre suas experiências com fornecedores, seguradoras de saúde, empresas farmacêuticas e de dispositivos médicos. Os dados revelam uma lacuna entre o aumento das expectativas do consumidor e a experiência oferecida hoje pelos setores de saúde. No Brasil, por exemplo, 47% dos consumidores afirmaram que as empresas de saúde e ciências da vida estão mais focadas em suas próprias necessidades do que nas dos pacientes. Além disso, somente 35% dos brasileiros acham que os prestadores de serviços adotam uma abordagem proativa.
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