Como todo mundo sabe – e alguns até admitem saber – a indústria da patrulha humanitária é uma das mais prósperas no mundo de hoje. Ou, melhor dizendo: patrulha totalitária (humanismo é o nome fantasia). Você é uma pessoa péssima e altamente preconceituosa até prova em contrário – e antes que você prove já terá um gladiador politicamente correto enfiando o dedo na sua cara e te expondo na internet. Aí vem o gesto da Danuza Leão.
Contra essa onda burra e covarde, que com a resistência ao fascismo imaginário engolfou quem faltava (e que até anteontem pensava), Danuza resolveu parar de escrever.
Após décadas assinando crônicas deliciosas e fundamentais – olhando a vida como ela é, e às vezes como queríamos que ela fosse – essa grande autora decidiu parar no auge. Por quê? Porque uma pessoa que passou a vida fazendo picadinho dos preconceitos não acha a menor graça em viver cercada de patrulheiros pregando rótulo de preconceituoso em todo mundo.
Falar de amor entre homens e mulheres tendo que pagar pedágio para feminismo reaça e panfleto LGBT? Logo ela, que ajudou a libertar todo mundo, de todos os sexos, com a sua escrita e a sua vida? Não dá.
A asfixia moralista atual sobre todos os temas vendáveis – em nome da liberdade! (pode rir para não chorar) – chegou ao limite para Danuza Leão.
“Percebi que estava me autocensurando”, disse ela no blog da jornalista Lu Lacerda. Veja que barra pesada: os supostos libertários são hoje os verdadeiros censores. E são bem piores que os convencionais – eles matam a liberdade por dentro.
Num tempo em que todo dia aparece um grande talento andando de quatro e abanando o rabinho para essa revolução fake (guardando seu lugar no clube), Danuza se manteve de pé. E não está apontando dedo para ninguém. Está só dizendo que essa patrulha politicamente correta encaretou tudo – e que não dá para escrever sem liberdade. Mas pensar, dá.
Ela avisou que de agora em diante vai se divertir pensando. Xeque mate nos talibãs fantasiados de progressistas. Obrigado, Danuza.
Guilherme Fiuza é jornalista e escritor com mais de 200 mil livros vendidos, autor dos best-sellers “Meu nome não é Johnny” (maior bilheteria do cinema nacional em 2008), “3.000 dias no bunker” (história do Plano Real, também adaptado para o cinema), “Bussunda – A vida do casseta”, entre outros. Escreveu o romance “O Império do Oprimido” e é coautor da minissérie “O Brado Retumbante” (TV Globo), indicada ao Emmy Internacional.
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