Ele não responde aos seus e-mails, ignora suas ideias, exclui você das reuniões. Nem sempre seu chefe está de bom humor e isso é perfeitamente normal, mas, quando o assédio é constante, até mesmo as menores atitudes podem ser consideradas bulling ou mobbing no trabalho.
Para ter certeza se você está sofrendo de agressão psicológica no ambiente corporativo, é preciso ficar de olho na forma como é tratada pelo seu gestor todos os dias. Pequenos gestos, quando repetidos e acumulados, acabam por funcionar como uma espécie de terrorismo psicológico. Aí você passa a sentir como se não fizesse parte da equipe. Para compensar, você resolve trabalhar mais, se doar mais, fazer hora extra e, quando vê, está com a imunidade lá embaixo, além de problemas de tendinite, dores nas costas e sono desequilibrado.
E parece que a situação tende a se agravar em épocas de crise. Como o medo de perder o emprego é maior graças às mudanças que ocorrem nas empresas, o clima, que antes era amistoso e de qualidade, passa a ser visto como disfuncional e de enorme pressão, resultando, finalmente, no mobbing ou no bulling.
Como diferenciar?
Diferentemente do que muita gente pensa, os casos de agressão psicológica no trabalho não são todos iguais. O mobbing, por exemplo, caracteriza-se pelo diferencial de poder, onde existe sempre uma vítima e alguém que tenta ter mais força. Já no bulling o que acontece é a violação das normas interpessoais, como a falta de respeito ou de civismo do empregador para com o funcionário, além, é claro, da repetição desses maus tratos que ocorrem com uma base frequente.
Agressão psicológica no trabalho. Como identificar?
Segundo Joel Neuman e Robert Baron, psicólogos americanos e autores de uma importante pesquisa sobre agressão psicológica no trabalho, “a agressão laboral é definida como qualquer forma de comportamento dirigido a uma ou mais pessoas no trabalho, com o objetivo de prejudicar ou lesar uma ou mais pessoas, ou a organização”.
Estes comportamentos estão presentes em qualquer lugar e em qualquer área da empresa, seja ela administração, limpeza, direção e, pelo o que relatou a pesquisa, estão presentes principalmente no setor acadêmico e de saúde.
E se engana quem pensa que a agressão psicológica vem apenas dos gestores. Tem muito profissional pró-ativo por aí sofrendo bulling e represálias por parte dos próprios colegas de trabalho que tentam boicotar seu sucesso ou prejudicar sua imagem.
Esse desvio de normas se deve principalmente porque hoje a grande maioria das empresas se tornou um ambiente tóxico, e os quadros de depressão e competitividade vistos em muitos funcionários se devem não apenas ao clima ruim, mas também à falta de alternativas para revertê-los. O resultado? Carga horária elevada, redução de salários, excesso de trabalho, opressão direta dos gestores, inibição do progresso pessoal e profissional dos funcionários e falta de companheirismo entre os membros da equipe.
Não feche os olhos para o problema.
No começo, é normal bater aquela insegurança na hora de relatar o problema ao RH, afinal, você não quer correr o risco de ser taxada de fraca, traíra, criança. Mesmo assim, é importantíssimo que você não se deixe intimidar ao se sentir alvo de agressão psicológica. Exponha a situação e mostre, inclusive, a importância de procurar viver em um ambiente corporativo agradável, servindo de exemplo a possíveis outros funcionários que sofrem do mesmo problema que você, mas não que têm coragem de tomar uma atitude.
A agressão psicológica no trabalho nada mais é do que um reflexo da instabilidade da organização e do seu mau funcionamento e, para Neuman e Baron, é preciso que haja políticas de tolerância zero quanto a essas questões, além de serviços de aconselhamento e mediadores em situações de conflito, com sistemas que garantam o anonimato quando alguém reporta o problema.
Mesmo que seja difícil, você deve deixar o medo de lado e procurar seus direitos. O trabalho é uma obrigação, mas nada impede que ele também seja um momento divertido e prazeroso do seu dia, afinal, tem coisa mais gostosa do que fazer o que a gente ama na companhia de pessoas que só querem o nosso bem?
Fabiana Scaranzi é apresentadora, com passagens na Globo e na Record, à frente dos programas Jornal Hoje, Jornal Nacional, Bom Dia Brasil, Jornal da Globo, Globo Rural, Fantástico e Domingo Espetacular. É autora do livro “Mulheres Muito Além do Salto Alto”, CEO da FAB PRODUÇÕES e formada em Coach de Vida e Carreira pelo ICI – Integrated Coaching Institute. Em 2019, abriu o primeiro coworking feminino do Brasil.
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