O Irã afirmou hoje (14) que prendeu um número não revelado de suspeitos acusados de envolvimento na derrubada de um avião de passageiros ucraniano, enquanto as manifestações contra o governo desencadeadas pelo desastre entraram no quarto dia.
A derrubada do voo 752 da Ukraine International Airlines na quarta-feira (8), que matou todas as 176 pessoas a bordo, provocou uma das maiores contestações públicas aos governantes clericais do Irã desde que estes chegaram ao poder com a Revolução Islâmica de 1979.
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No sábado (11), após dias negando a culpa, o Irã admitiu que abateu o avião durante um estado de alerta horas depois de ter disparado contra bases norte-americanas no Iraque para retaliar o assassinato de seu comandante militar mais poderoso.
Manifestantes, com estudantes na linha de frente, vêm realizando protestos contra o establishment desde sábado, alguns deles reprimidos com violência pela polícia.
Vídeos gravados no país mostraram pessoas sendo carregadas, poças de sangue e o som de tiros. O nível geral dos tumultos é difícil de precisar por causa das restrições ao noticiário independente no país.
O presidente Hassan Rouhani prometeu uma investigação minuciosa do “erro imperdoável” de se abater a aeronave e fez um pronunciamento pela televisão nesta terça-feira, o mais recente de uma série de pedidos de desculpa de um líder que raramente admite erros.
O porta-voz do Judiciário iraniano, Gholamhossein Esmaili, disse que alguns dos acusados de terem ligação com o desastre aéreo já foram presos. Ele não identificou os suspeitos, nem disse quantos foram detidos.
A maioria das pessoas a bordo eram iranianas ou tinham dupla cidadania. Canadá, Ucrânia, Reino Unido e outras nações que tinham cidadãos no voo agendaram uma reunião em Londres na quinta-feira (16) para estudar uma ação legal contra Teerã.
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O desastre e os tumultos subsequentes ocorrem em meio a uma das maiores escaladas entre Teerã e Washington desde a revolução de quatro décadas atrás que os tornou inimigos.
Ataques militares retaliatórios começaram com mísseis lançados contra uma base dos Estados Unidos que mataram um norte-americano em dezembro, e chegaram ao clímax quando Washington matou o arquiteto da rede regional de milícias a serviço do Irã, Qassem Soleimani, em um ataque de drone em Bagdá no dia 3 de janeiro.
Nos últimos dias, manifestantes bradaram “Clérigos, desapareçam!” e outros slogans contra o governo teocrático do Irã. Batalhões de choque espancaram alguns manifestantes com cassetetes, como mostraram postagens em redes sociais.
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