O modelo de consultoria como o conhecemos hoje não consegue atender às demandas de empresas por resultados quando o assunto é transformação digital. A partir dessa premissa, a filial brasileira da KPMG reinventou a provisão deste tipo de serviço e vai exportar a nova abordagem para outros países.
Criada há 16 meses, a Leap é uma plataforma de inovação aberta criada para dar escalabilidade à oferta de serviços da consultoria e possibilitar maior participação da empresa nos processos de transformação de clientes, lançando mão de ferramentas e processos de ponta para acelerar a criação de valor.
O modelo proposto por esta unidade da KPMG, gerida em parceria com a rede de centros de inovação Distrito, inclui metodologias e processos de mudança comportamental, bem como conexões entre grandes empresas, universidades, investidores. Inclui também acesso às milhares de startups mapeadas pela Distrito, que usa inteligência artificial e machine learning para monitorar a adoção de tecnologias emergentes e antecipar tendências, que por sua vez podem ser usadas na solução de problemas de clientes.
Um dos protagonistas da iniciativa, o sócio-líder da KPMG no Brasil, Oliver Cunningham, prevê que a Leap representará até 6% da receita local da empresa neste ano. Várias subsidiárias latinas da gigante de consultoria querem implementar ofertas de consultoria baseadas no modelo introduzido pela Leap no Brasil, segundo o especialista, bem como a matriz norte-americana.
“[O consultor da era digital] não se baseia no que ele próprio pode fazer, mas no que é possível buscar no mercado para os clientes, agregar valor e gerar impacto”, detalha. A KPMG Brasil está criando pontes com diversos ecossistemas globais como China e Israel com o propósito de alavancar a oferta de inovação, segundo o consultor, e também está em discussões com uma aceleradora global para aumentar o alcance da plataforma de open innovation.
Segundo Cunningham, o modelo clássico de consultoria prevê o fornecimento de orientações que são seguidas por clientes com certa independência, mas a abordagem da Leap é bem diferente.
“Estamos vivendo uma transição do modelo industrial para o pós-industrial e a capacidade de apoiar organizações nesse momento é muito importante”, ressalta. “Temos que estar muito mais engajados com nossos clientes no sucesso ou no insucesso de suas iniciativas.”
TENDÊNCIAS GLOBAIS
O projeto da KPMG reflete profundas mudanças em curso no business de consultoria. Um estudo da Vrije Universiteit de Amsterdã em parceria com a empresa de serviços profissionais Sioo detalha a emergência de um trio de abordagens nesse segmento: em uma delas, empresas de consultoria usam formas mais sofisticadas de colaboração.
Outra abordagem exposta no estudo prevê um modelo de consultoria contínua, com mais interação através de ferramentas que podem ser acessadas pelos clientes quando necessário (gerando, assim, mais receita), enquanto outro modo de prestar serviços emprega técnicas como gamificação para organizações mais disruptivas, onde o valor do consultor é demonstrado quase que instantaneamente.
Os frutos da Leap já começam a ser notados na KPMG “clássica”, com negócios de consultoria tradicional sendo amplificados com o aspecto digital, diz Cunningham. Além disso, a plataforma de inovação também criou o Mindhacking, um programa de avaliação e transição digital, pensado inicialmente para consumo da própria gigante de consultoria, mas que também vai virar oferta comercial para clientes externos.
Atualmente, a empresa tem mais de 20 iniciativas de transformação digital em andamento com empresas de diversos setores, incluindo projetos como uma solução digital de acompanhamento de pacientes e um app de mobilidade interestadual para criar linhas de receita além da venda de passagens. A Leap tem 30 funcionários no momento e pretende chegar a 50 pessoas em 2020.
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Carro próprio disputa com corridas compartilhadas no Brasil
Um levantamento inédito sobre a mobilidade no país, do Boston Consulting Group (BCG) confirma a tendência que o carro enquanto objeto de desejo logo será um tema do passado: corridas compartilhadas agora são tão populares quanto o carro próprio.
O estudo aponta que 55% dos brasileiros das classes A, B e C usam aplicativos como o Uber e 99 para se locomover, enquanto o veículo próprio é usado por 58%. Dos 1.500 brasileiros consultados, 10% não planejam comprar um carro e 31% dos que ainda não têm a carteira nacional de habilitação sequer cogitam obtê-la.
Mulheres usam mais carros privados compartilhados, segundo a pesquisa, com um índice de penetração de 60%. Um motivador é a segurança: 33% das entrevistadas não se sentem seguras em meios de transporte como ônibus e metrô.
Outra conclusão do estudo do BCG é relacionada ao custo de deslocamento: para quem roda até 5 mil quilômetros no ano em carros básicos ou 6 mil em veículos mais completos, com câmbio automático, é mais barato usar plataformas de compartilhamento de transporte do que ter um carro.
Porém, a ideia da liberdade associada ao carro ainda perdura: 48% dos participantes gostam de ter um carro próprio para poder ir e vir a qualquer hora. Mas 20% concordam que ter um carro é um problema, principalmente no que diz respeito a custos e inconvenientes como estacionamento e a impossibilidade de beber se estiver dirigindo.
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Spotify responde à demanda de podcasts no Brasil com lançamento
O Brasil é o segundo maior consumidor de podcasts do mundo depois dos Estados Unidos e o lançamento do Spotify responde a este movimento. Segundo a empresa, o programa “Sociedades Secretas” é o primeiro na indústria de podcasts mundial a ser lançado em três mercados simultaneamente: Estados Unidos, México e Brasil, que foi incluído na ação por conta do aquecimento deste mercado por aqui.
A empresa também escolheu o Brasil para fazer seu primeiro evento dedicado a podcasters, que aconteceu em novembro do ano passado. O novo programa, lançado pela própria plataforma da empresa, o Spotify Originals, tem cast e produção locais e trata do mundo de seitas assassinas, clubes da alta sociedade e poderosas cabalas políticas.
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Richard Branson lança campanha contra scammers
Basta ler os comentários de posts de celebridades em mídias sociais e eles estarão lá: os scammers tendem a marcar presença em conteúdo que bomba nas redes, com comentários que incluem links cujo objetivo é tentar ter acesso a dados pessoais ou até mesmo contas bancárias.
Para combater esse problema, o bilionário Richard Branson, fundador do grupo Virgin, lançou um guia animado que ensina usuários a identificar um scammer antes que seja tarde. O próprio Branson quase foi vítima de um deles em 2017, quando recebeu um pedido de ajuda para pagar um resgate de um suposto sequestro.
Na animação, Branson conta como fraudadores usaram seu nome e foto no passado e as táticas que eles normalmente usam e oferece dicas de como identificar engajamento real online. “Mesmo que seja um perfil verificado, saiba que eu e minha equipe não mandamos mensagens diretas para ninguém. Eu nunca apoio esquemas do tipo ‘fique rico rápido’, que são uma forma certeira de perder seu investimento.”
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Nestlé anuncia selecionadas para programa de aceleração
O primeiro programa global da Nestlé para acelerar projetos da área de saúde anunciou as startups que participarão da iniciativa no primeiro semestre deste ano. O programa Nestlé Beyond Food é um projeto do braço de saúde e ciência nutricional da empresa e é realizado com a Startse e a Innoscience. Inscrições de 130 projetos foram recebidas e as vencedoras passaram por duas etapas de seleção.
Participarão do programa a Meplis, do Rio de Janeiro, e a Insight Technologies, de São Paulo. Ambas vão dividir um aporte de até R$ 1 milhão para desenvolvimento dos projetos que responderam a desafios propostos, que focam na jornada do paciente no processo de desospitalização, bem como o suporte ao profissional de saúde, por meio de ferramentas que auxiliam na tomada de decisão e respondem às demandas de terapia nutricional desses pacientes.
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FGV lança pós para advogados que querem atuar na área digital
Já existem mais de 400 startups ativas no setor jurídico no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L). A transformação digital no setor veio para ficar e pede perfis onde a formação tradicional é muitas vezes insuficiente.
Como resposta a este movimento, a FGV Direito do Rio de Janeiro criou uma pós graduação em inovação e tecnologia. O novo LLM de 360 horas aborda temas como fundamentos da programação para advogados; proteção de dados e privacidade; direito para startups; private equity e venture capital; fintechs; regulação e concorrência em mercado digitais, cyber segurança e crimes virtuais. O curso tem início em 16 de março e acontece na sede da FGV na capital carioca, na Praia de Botafogo.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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