A aceleradora paulistana BlackRocks Startups (BRS) prepara uma nova estratégia para seu novo ciclo, com um aumento da base de ideias a serem desenvolvidas para atender à demanda por produtos e serviços criados por empreendedores negros.
Segundo dados do Instituto Locomotiva, a população negra movimenta R$ 1,7 trilhão por ano no Brasil. A BRS busca responder a esta oportunidade: liderada por Maitê Lourenço, a empresa ajudou cinco empresas a se desenvolverem em 2019 e neste ano, vai acelerar 16 startups em estágio inicial de desenvolvimento.
“Há um crescente desenvolvimento econômico da população negra e também uma valorização em se afirmar negro e entender que somos potência e geramos riquezas para o Brasil”, ressalta Maitê. “Além disso, pessoas que não se sentem representadas por marcas e procuram negócios que as representam e geram oportunidades que abarcam as necessidades de um público cada vez mais exigente”, continua. E vai além: “[Esse público] também quer investir e ter retorno, levando em consideração o propósito de ver mais e mais pessoas negras em todos os lugares, principalmente na liderança”.
Em seu primeiro batch, a BRS trabalhou com um parceiro, a Fundação Arymax, para viabilizar o programa. Segundo Maitê, a nova estratégia de arrecadação de recursos vai focar em fundos de investimento, organizações filantrópicas e empresas de tecnologia, e pessoas físicas também poderão aportar recursos.
“[O investimento] poderá agregar valor e gerar fluxo de caixa para os participantes, ou servir como fonte de recursos para que as startups possam investir em pessoas e no desenvolvimento de seus produtos e serviços”, explica.
Em sua primeira edição, a BlackRocks Startups buscou desenvolver as competências dos participantes em aspectos como desenvolvimento de produto e construção de MVPs. O programa também ofereceu estações de trabalho para reuniões e trabalho para as startups de base tecnológica com as quais trabalha.
“Os participantes também tiveram muitas oportunidades de networking e de criar conexões reais com empreendedores e outros negócios”, conta Maitê.
A aceleração gerou outros resultados tangíveis: a InovaQA, especialista em automação de qualidade de software liderada pelo empreendedor Diego Conrado, chegou a um faturamento de mais de R$ 20 mil por mês em oito meses com o apoio da BlackRocks. As startups do programa também foram apresentadas a empresas como a Atlas Schindler, Alelo e Oracle. O intuito é colocar as startups lideradas por negros no radar de grandes corporações, que podem considerá-las como futuros fornecedores.
MUDANÇA DE MENTALIDADE
As metas de expansão da BRS refletem o crescente interesse em apoiar o empreendedorismo negro, mas bancos, fundos de investimento e grandes instituições ainda precisam perceber que esta parcela da população tem interesse de consumir e gerar impacto para sua comunidade, segundo Maitê.
A empreendedora ressalta que tal reconhecimento pode abrir caminhos para que instituições criem ações responsáveis e aproveitem este potencial: “Pessoas querem, cada vez mais, se sentirem representadas e pagam bem por isso”, ressalta.
A situação é desafiadora no Brasil e em outros mercados desenvolvidos como os Estados Unidos: dados de um estudo da Pitchbook sugerem que menos de 3% dos US$ 40 bilhões captados por fundos de venture capital são destinados a startups lideradas por negros.
No entanto, Maitê acredita que, por mais que ainda existam desafios enormes a enfrentar, existe uma mudança de mentalidade em curso, que trará um impacto positivo para sua aceleradora.
No final de 2020, a empreendedora prevê que os negócios apoiados pela BlackRocks já estarão integrados ao ecossistema de startups, ganharão relevância para outras empresas e para a sociedade, e gerarão lucro para fundadores, bem como para seus investidores. Além disso, Maitê espera que os próximos meses trarão uma maior conscientização sobre a oportunidade do empreendedorismo negro: “Espero que barreiras ainda impostas, como a do racismo, sejam cada vez mais discutidas e observadas para que possamos ultrapassar algo que prejudica a economia como um todo”
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Reserva compra Touts e cria marketplace de roupas
A marca de roupas carioca Reserva comprou a startup de personalização de roupas Touts e criou uma plataforma que permite que empreendedores criem suas próprias lojas online e façam a customização de seus produtos.
O marketplace Reserva Ink, que cobra uma mensalidade de R$ 129 e um percentual das vendas, cuida da criação, fabricação, logística e estoque das peças para os empreendedores parceiros, que também podem definir o valor final de seus produtos. A projeção de faturamento da plataforma, que também terá uma plataforma online com conteúdo sobre empreendedorismo, é de R$ 10 milhões em 2020.
Também nesta semana, a empresa anunciou uma outra inovação para o Carnaval, com uma camiseta com um QR Code estampado que torna as pessoas “escaneáveis” – ao apontar o celular para a roupa, a pessoa tem acesso ao perfil do Instagram do “crush”.
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Brazil at Silicon Valley faz competição de startups com Google
A conferência anual de tecnologia e inovação Brazil at Silicon Valley abriu inscrições para uma competição de startups realizada em parceria com o Google. A Startup Battle acontece durante a segunda edição da conferência, nos dias 30 e 31 de março, em Mountain View, na Califórnia.
A competição selecionará 15 startups de estágio inicial de desenvolvimento, que apresentarão suas ideias para um comitê composto por membros do Google for Startups e de grandes empresas de venture capital presentes no evento.
Além do convite para participar da competição, os fundadores aproveitarão o networking do evento, que é organizado por estudantes brasileiros das universidades de Stanford e Berkeley. As startups também terão acesso a um dos programas do Google for Startups na segunda metade de 2020. As inscrições para a Startup Battle estão abertas até 14 de fevereiro.
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BTG Pactual abre processo seletivo focado em tecnologia
O banco de investimentos BTG Pactual abriu inscrições para o um programa que busca novos talentos na área de tecnologia. O programa I-Traction 2020 tem foco em profissionais, que competirão pelas 40 vagas baseadas nos escritórios de São Paulo e Rio de Janeiro, com início de trabalho em abril de 2020. O BTG trabalha com padrões de desenvolvimento como nuvem, micro serviços, containers e serverless, bem como linguagens como Java, Node, Angular, .Net e Python. O banco também aplica as abordagens DevOps, integração contínua, automação de deploy e automação de testes. O processo seletivo terá quatro etapas e inscrições estão abertas até 28 de fevereiro.
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IOUU recebe aporte de R$ 6 milhões
A IOUU acaba de receber um novo aporte de R$ 6 milhões liderado pela DOMO Invest, com participação da Indicator Capital e da Devas Invest. De acordo com Bruno Sayão (foto), CEO da fintech de P2P lending que propõe alternativas financeiras para empresas que necessitam de crédito, os recursos serão utilizados em tecnologia e marketing que ajudarão a chegar a R$ 50 milhões em empréstimos captados em 2020.
O executivo explica que as pequenas e médias empresas têm dificuldade para encontrar uma boa fonte financeira para ter capital de giro a taxas mais acessíveis. “Estamos investindo em empresas que ajudam a aumentar a produtividade, que auxiliam outros empreendedores a crescerem e a se desenvolverem. Acreditamos que algumas startups têm este DNA”, diz Rodrigo Borges da DOMO Invest. Com um plano de expansão em andamento, a empresa espera impactar diretamente mais de 1.000 empresas em 12 meses. Em dois anos, o objetivo é alcançar mais de R$ 100 milhões em empréstimos captados. “Vamos investir também em refinar mais ainda nosso modelo de análise de crédito e cobrança, garantindo a menor taxa de inadimplência do mercado”, completa Sayão.