O dólar subia pela oitava sessão consecutiva hoje (28), dia volátil devido à formação da Ptax de fim de mês, com a moeda renovando a máxima recorde acima de R$ 4,50 logo após a abertura à medida que a disseminação do coronavírus para fora da China levantava temores de uma recessão econômica global.
A moeda caminha para a mais longa série de altas desde 2005 e para fechar fevereiro com a mais forte valorização para o mês em cinco anos.
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As esperanças da semana passada de que a doença poderia ser contida na China foram substituídas nos últimos dias por preocupações de que as infecções estejam se espalhando pelo mundo. As medidas para conter o vírus têm abalado as cadeias de suprimentos, a economia mundial e os mercados financeiros.
“O crescimento global começa a ser afetado pelo vírus, enquanto ainda se busca uma prevenção contra a doença”, disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. “O crescimento do Brasil pode não ser alcançado devido ao impacto do surto, outros países emergentes podem ser prejudicados… Isso assusta todo mundo, e o investidor quer um porto seguro; alguns compram ouro e outros compram dólar.”
Às 10:52, o dólar avançava 0,50%, a R$ 4,4974 na venda. Na máxima do pregão, a cotação foi a R$ 4,5083 na venda, novo pico recorde intradiário. O dólar futuro de maior liquidez tinha queda de 0,08%, a R$ 4,4950.
Caso confirme a oitava sessão consecutiva de alta, o dólar registrará a mais longa sequência de ganhos desde os nove pregões de valorização entre 7 e 19 de dezembro de 2005. Ao fim daquela série, o dólar estava em R$ 2,382 na venda.
Em fevereiro, a moeda acumula alta de 4,9%, a caminho da maior apreciação para o mês desde 2015 (+6,19%).
O Banco Central volta a atuar nos mercados hoje, realizando oferta líquida de até 20 mil contratos de swap cambial tradicional, em que vendeu todos contratos, no equivalente a US$ 1 bilhão. Segundo a XP Investimentos, “a medida visa, em alguma medida, contrabalancear o efeito de aversão ao risco sobre o câmbio”.
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Além disso, a autarquia fez a rolagem integral de todos os US$ 3 bilhões ofertados em linhas de dólares com compromisso de recompra. O BC ofertará ainda nesta sessão até 13 mil contratos de swap cambial para rolagem do vencimento abril.
Galhardo, da Treviso, acredita que o caminho da moeda norte-americana – que também vem sendo impulsionada por menos ingressos de recursos e pelo cada vez menor diferencial de juros entre Brasil e outros pares emergentes – pode mudar com a aprovação das reformas econômicas propostas pelo governo brasileiro.
“Aprovadas as reformas, o investidor pode se sentir confortável e voltar a investir aqui. Quando voltar a entrar dinheiro novo, aí que o dólar vai dar uma aliviada.”
O mercado acompanhava ainda nesta sessão a formação da Ptax de fim de mês – aquela que serve de referência para a liquidação de contratos futuros e outros derivativos. A “briga” entre comprados e vendidos em dólar por uma taxa mais conveniente a suas operações costuma adicionar volatilidade aos negócios.
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