A bolsa brasileira teve negócios interrompidos hoje (9), logo após a abertura do pregão, depois do Ibovespa ter atingido 10% de queda no mecanismo chamado de Circuit Breaker.
O índice foi pressionado, principalmente, pela queda acentuada das ações da Petrobras, além das perdas expressivas em outras ações de companhias brasileiras como consequência da notícia da última sexta-feira (6) sobre o impasse comercial entre a OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e a Rússia.
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Os aliados da OPEP não conseguiram fechar um acordo sobre a redução na produção internacional de petróleo como medida para conter a queda na cotação do barril em função da crise de demanda causada pela disseminação do coronavírus. A Rússia, líder informal da Opep, não aceitou uma proposta de reduzir a oferta coletiva em mais 1,5 milhão de barris por dia.
No sábado (7), inesperadamente, o governo da Arábia Saudita anunciou uma retaliação com a redução entre seis e oito dólares por barril em seus preços de venda e também planos de elevar a produção em 9,7 milhões de barris por dia. Além de ameaçar concorrentes que têm custos de produção mais elevados e mirar na indústria norte-americana, a medida acentuou o clima de aversão ao risco já existente nos mercados globais.
As cotações do petróleo tinham queda de 30% ontem (8), logo na abertura dos mercados futuros da commodity. Hoje, as perdas nas cotações dos barris Brent e WTI oscilam perto de 20%.
No Brasil, as ações da Petrobras lideram as perdas do Ibovespa, com PETR4 PN e PETR3 ON em baixa de perto de 25%. Os ADRs da Petrobras no pré-mercado da NYSE, a bolsa de Nova York, chegaram a cair até 20%. Escritórios de análises já começam a revisar a recomendação para as ações da companhia. O Bradesco BBI foi um dos primeiros e rebaixou a recomendação de compra para “neutra”.
Em nota, a Petrobras informou que monitora o mercado e segue com seu plano estratégico que prepara a companhia para atuar com resiliência em cenários de preços baixos. Ainda de acordo com a nota, a companhia avalia que ainda é cedo para fazer projeções sobre eventuais impactos estruturais no mercado de óleo e gás associado à recente e abrupta variação nos preços do petróleo “dado que ainda não está claro nem a intensidade ou mesmo a persistência do choque nos preços”.
Mais cedo, o diretor geral da ANP, Agência Nacional do Petróleo, Décio Oddone, falou à Forbes Brasil sobre a crise. Ele reafirmou que o Brasil é um mercado que pratica preços livres que já refletem os preços internacionais.
“Com o tempo, os preços dos combustíveis vão refletir inicialmente, nas refinarias e na importação, os preços internacionais, e depois a cadeia vai transferir estes preços ao consumidor. Isso a gente imagina como impacto”, afirmou.
Oddone ainda disse que não acredita em uma duração prolongada desta crise internacional do petróleo.“A transferência de preços no mercado brasileiro acontece espontaneamente porque esta volatilidade toda não permanece. Quanto tempo vai durar esta redução de preço é a pergunta que ninguém sabe responder e que vai determinar o resultado desse processo todo. Eu acredito que uma crise aguda dessa não tem potencial para permanecer muito tempo”.
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Luciene Miranda é jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios com coberturas independentes na B3, NYSE, Nasdaq e CBOT
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