O dólar era negociado em disparada acentuada contra o real hoje (9), chegando a superar R$ 4,79 na máxima do dia em meio à onda de aversão a risco global, apesar das tentativas do Banco Central de frear a disparada recente da moeda norte-americana.
Às 10:06, o dólar avançava 2,17%, a R$ 4,7351 na venda, e chegou a tocar a máxima recorde de R$ 4,7950 nos primeiros negócios. Enquanto isso, o dólar futuro saltava 2,45%, a R$ 4,747.
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“O mundo está de pernas para o ar”, disse à Reuters Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora. “O movimento do real acompanha o exterior em meio a uma crise de confiança generalizada.”
Segundo ele, a queda acentuada dos preços do petróleo ajudava a estressar os mercados, ainda abalados pelo surto de coronavírus. A Arábia Saudita sinalizou no fim de semana que elevará a produção para ganhar participação no mercado, que já está com sobreoferta devido aos efeitos do coronavírus sobre a demanda.
“Esse é mais um episódio com consequências imprevisíveis sobre as economias”, afirmou Gomes da Silva.
No exterior, o dólar ganhava contra boa parte das divisas arriscadas, como rand sul-africano, lira turca, peso mexicano e dólar australiano, enquanto perdia contra o iene japonês, moeda considerada segura que entra em demanda em tempos de tensões financeiras ou geopolíticas.
No cenário doméstico, segundo Gomes da Silva, “independentemente do que acontece lá fora, estamos numa crise política e institucional interna”. “Temos que esperar para ver as decisões do presidente (Jair) Bolsonaro sobre o Congresso e a movimentação do dia 15”, afirmou.
Em meio à disparada recente do dólar o Banco Central vem intervindo nos mercados com leilões de swap cambial tradicional e agora de dólar à vista, numa tentativa de injetar liquidez nos mercados.
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“Hoje é um dia complicado, e o caminho do dólar depende de como o Banco Central vai lidar com isso”, disse Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais. “O BC tem reservas suficientes pra gerar liquidez, mas não sabemos o quanto de liquidez que precisa gerar e nem se está disposto a fazer isso.”
O BC realizou hoje leilão de venda de dólar à vista de até US$ 3 bilhões, em que vendeu o total da oferta, depois de ter cancelado o anúncio de venda de até US$ 1 bilhão feito na sexta-feira (6).
Além disso, hoje, o diretor de política monetária da autarquia, Bruno Serra, estava no foco dos investidores à medida que falava em evento da Bloomberg. Ele disse que a conjuntura permite ao BC utilizar todos os instrumentos no mercado de câmbio e que tem instrumentos mais do que suficientes para contrapor o momento de crise, o que tirava alguma pressão do real.
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