O dólar chegou a subir 1% contra o real hoje (30), acompanhando a cautela global em relação ao impacto econômico do coronavírus, enquanto, no cenário doméstico, divergências entre governos regionais e federal sobre a resposta à pandemia continuavam no radar.
Às 10:16, a moeda norte-americana avançava 0,89%, a R$ 5,1522 na venda. O contrato mais líquido de dólar futuro avançava 1%, a R$ 5,1525.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prorrogou ontem (29) as diretrizes de permanência em casa até o final de abril, abandonando um plano duramente criticado para reativar a economia até meados de abril depois que um assessor médico graduado disse que mais de 100 mil norte-americanos poderiam morrer durante o surto de coronavírus.
A medida intensificava o nervosismo em relação às consequências econômicas da pandemia, o que impulsionava o dólar contra divisas arriscadas. Rand sul-africano, lira turca, peso mexicano e dólar australiano, pares do real, tinham quedas acentuadas hoje.
“Investidores estão começando a semana digerindo o fato de que a maior economia do mundo permanecerá paralisada por mais tempo depois que Trump ouviu os conselhos dos principais médicos do governo”, disse em nota a XP Investimentos.
“Do lado da cautela, os indicadores econômicos e das empresas continuarão se deteriorando nas próximas semanas, o tempo necessário para voltarmos à normalidade permanece incerto, e as notícias positivas referentes aos pacotes anunciados ao redor do mundo (EUA, Europa) ficaram para trás”, completou.
Ainda no radar dos investidores, o clima político no Brasil continua tenso à medida que o presidente Jair Bolsonaro insiste na retomada das atividades apesar dos riscos sanitários apresentados pela Covid-19.
O presidente disse ontem que está “com vontade” de editar um decreto hoje que permita que todos os profissionais que precisam trabalhar para sustentar suas famílias retomem suas atividades, apesar das medidas de restrição à circulação tomadas por vários Estados e municípios para conter a disseminação do coronavírus.
Além disso, no dia seguinte ao Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defender o isolamento horizontal para evitar a disseminação do coronavírus, Bolsonaro divulgou vídeos em que sai às ruas de Brasília, dizendo que o povo deve voltar ao trabalho. O Twitter depois retirou duas publicações do presidente do ar por desrespeito às orientações de autoridades de saúde.
“Com certeza esse clima político mais desfavorável em tempos de pandemia afeta o preço dos ativos”, disse à Reuters Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset.
“Um governante fala uma coisa, outro fala outra… Não se sabe a quem seguir. É lógico que os empresários querem voltar à atividade, mas ainda não é claro o comportamento da curva (de contágio no Brasil)”, completou. “Vamos ter volatilidade nos preços dos ativos por muito tempo.”
Na última sessão, na sexta-feira (27), a moeda norte-americana à vista fechou em alta de 2,22%, a R$ 5,1066 na venda, registrando seis semanas consecutivas de ganhos.
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