Quando teve a ideia de criar espaços onde os cachorros pudessem aguardar seus donos durante um breve intervalo de tempo em estabelecimentos comerciais, o engenheiro de produção Georges Ebel estava, antes de tudo, tentando resolver um problema pessoal. Dono de dois labradores cheios de energia (praticamente um pleonasmo), ele tinha acabado de passar pela experiência de ser anunciado pelo alto-falante de um supermercado para conter Mike e Thor, que passeavam alegremente pelas bancas de frutas sob os olhares assustados dos funcionários. Os cães haviam se soltado de uma grade externa do local, onde tinham sido deixados.
“Eu sempre achei que poderia passear muito mais com eles caso os supermercados, shoppings ou quaisquer outros estabelecimentos comerciais tivessem espaços seguros, onde pudessem ser deixados enquanto seus donos resolvessem coisas rápidas”, diz o empreendedor. Na época, final de 2017, Ebel estava deixando o dia a dia da metalúrgica que havia criado anos antes e decidia seus próximos passos no mundo do empreendedorismo. Nesse meio tempo, desenhou uma espécie de gaiola e pediu que a equipe de engenharia da fábrica a construísse. Em seguida, convenceu o gerente do Eataly – espaço gastronômico localizado na cidade de São Paulo que reúne restaurantes, cafeterias e toda sorte de produtos culinários – a deixá-la na porta por um mês.
Trinta dias mais tarde, a loja não só proibiu Ebel de tirar a caixa, como ele já havia recebido uma série de pedidos para fornecer a novidade para outros estabelecimentos. Até que, certo dia, deparou-se com uma mensagem do GPA, responsável pelas bandeiras Pão de Açúcar, Extra, Assaí e Compre Bem, relatando problemas de roubo e sequestro de animais de clientes na porta de suas lojas – crime mais comum do que imaginamos. Só em 2018, 137 cães foram roubados na capital paulista segundo a Secretaria de Segurança Pública, um aumento de 100% em relação a 2017. E, embora a maior parte dos casos ocorra em casa, não são poucas as situações em que os animais são levados de dentro do carro ou nas ruas. “Os estabelecimentos comerciais não têm responsabilidade sobre os animais, mas esse tipo de coisa cria uma experiência ruim para os clientes”, diz.
Diante da demanda, Ebel desenhou um plano de negócios e passou a testar o modelo. Primeiro aperfeiçoou as casinhas com a ajuda de especialistas em comportamento animal e veterinários. Elas, agora, são feitas de metal com acabamento em tinta antibacteriana, superfícies firmes e não porosas, que impedem a proliferação de germes e acúmulo de sujeira, ventilador para circulação de ar, sensor de abertura da porta e controle de temperatura. Em seguida, criou uma plataforma encarregada da administração. “O modelo é igual ao de aluguel de bicicletas. Fazemos a prospecção dos pontos, operamos o sistema e cuidamos do fornecimento e da higienização das casinhas”, explica.
No meio do ano passado, a solução da PetParker, como foi batizada a startup, ficou pronta – incluindo o aplicativo usado pelos donos dos cães – e, em junho, um piloto foi iniciado na loja do Pão de Açúcar na avenida Brigadeiro Luís Antônio. No mês seguinte, outras duas foram instaladas e a unidade do St. Marche no Brooklin, zona sul da cidade, aderiu à novidade.
Para utilizar o sistema, os proprietários de animais devem baixar, gratuitamente, o app da PetParker, disponível na Apple Store e no Google Play. O aplicativo tem um mapa, com todas as lojas que possuem a casinha. Uma vez diante dela, basta escanear o QR Code com o celular para fazer a autenticação e, assim, abrir a porta. Depois disso, é só acomodar o animal lá dentro e fechar a porta, que é travada automaticamente. Todas as informações estarão disponíveis no app – como a temperatura do espaço e o tempo de utilização. Como o sistema é todo controlado pelo aplicativo, ninguém, além do proprietário, pode abrir a casinha. A empresa sugere que o tempo máximo de permanência do animal não ultrapasse 90 minutos, mas ressalta que a média tem girado em torno de 18 minutos. Após a primeira meia hora, o app envia uma notificação para o proprietário.
Ebel explica que, no início, o modelo de assinatura tinha um custo alto para o ponto de venda – algo em torno de R$ 3,7 mil por casinha –, fazendo da solução um recurso viável apenas para lojas premium. Para ganhar escala, o empreendedor criou um modelo de negócio híbrido: parte dos recursos são bancados pelos PDVs (e negociados de acordo com o número de lojas) e parte vem de patrocínios, que a própria PetParker comercializa.
Atualmente, 40 lojas já possuem as casinhas – Padarias Benjamin, Bacio di Latte, Shopping Cidade Jardim e Emporium São Paulo já fazem parte da rede. No ano passado, foram 4.000 acessos. Segundo uma pesquisa feita com os clientes, 40% mudaram a loja onde fazem compras por causa da solução, 46% deles passaram a parar no estabelecimento com mais frequência e 48% fizeram uma visita não planejada à loja devido à facilidade.
Um contrato fechado em janeiro com o GPA prevê a instalação do recurso em todas as suas unidades, cerca de 500. E, até o final de 2021, a intenção é ter mais de 2 mil estabelecimentos conveniados. Neste mês, começa a implantação nos shoppings BR Malls. O primeiro a receber a casinha será o Mooca Plaza Shopping, na zona leste da capital paulista, mas a ideia é que todos os outros em São Paulo e no Rio de Janeiro façam parte da rede. “No caso dos shoppings, as casinhas ficarão estrategicamente localizadas perto das praças de alimentação ou dos pools de loja, para que os proprietários possam deixar os animais enquanto comem alguma coisa ou provam uma roupa. A ideia é uma parada rápida”, explica Ebel.
Negociações também estão em curso com redes de farmácias, academias, fast food, laboratórios de diagnósticos, cafés e condomínios de escritórios. Os patrocínios também estão em vias de serem fechados (com uma instituição financeira cujo nome ainda não pode ser revelado), assim como uma rodada de investimentos para a expansão da iniciativa na qual Ebel pretende arrecadar R$ 3 milhões. Para o segundo semestre, está previsto, ainda, o acionamento das câmeras instaladas no interior das casinhas, para que os proprietários possam acompanhar seus pets em tempo real. “No fim, o objetivo é que as pessoas passem mais tempo com seus pets a partir do momento que tiverem a conveniência de poder inclui-los em suas atividades diárias”, diz o empreendedor que, como consequência, acabou resolvendo um problema de segurança para animais, proprietários e estabelecimentos.
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Aplicativo permite doações por meio de serviço de assinaturas
Todo mundo já está acostumado a serviços de assinatura de jornais, revistas, streaming e até plataformas que oferecem alternativas fitness e de bem-estar. A novidade agora é o uso do recurso para fazer doações. Por meio do aplicativo Ribon – da socialtech de mesmo nome criada por Rafael Rodeiro, eleito Under 30 pela FORBES Brasil na edição 2019, que ficou conhecida por proporcionar doações sem fazer com que o usuário gaste dinheiro – os cadastrados podem fazer assinaturas para receber, mensalmente, uma determinada quantidade de ribons, moeda virtual usada pela plataforma para fazer as doações. São quatro causas disponíveis: nutrição infantil, saúde básica, água potável e medicamentos. O valor doado é convertido em dinheiro e o valor final é transferido para a The Life You Can Save – uma organização internacional que certifica as ONG’s mais eficientes do mundo – fazer a validação e distribuição dos recursos.
A partir de R$ 10, o usuário já pode assinar um pacote de 10.000 ribons. Com essa quantia, é possível doar, por exemplo, 175 dias de fortificação alimentar, 100 dias de medicamentos, 35 dias de água potável e 25 dias de saúde básica para uma pessoa. O impacto pode ser ainda maior se levarmos em consideração as doações gratuitas que também são disponibilizadas na plataforma por meio de marcas patrocinadoras como a Malwee e o Clube de Turismo Bancorbrás.
“Percebemos que as pessoas queriam fazer doações mais constantes. Fomos desenvolvendo testes até que chegamos neste modelo de assinaturas mensais”, relata Rafael Rodeiro, CEO da Ribon. Para ele, esse lançamento marca uma nova fase do empreendimento, não apenas por ser um novo modelo de monetização – que é um desafio comum no mercado de socialtechs, mas também por possibilitar que a doação se torne um hábito na rotina do brasileiro.
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IBM disponibiliza, gratuitamente, sistema para ajudar no combate ao coronavírus
Por meio de sua unidade Watson Health, a IBM anunciou que está disponibilizando, gratuitamente, o sistema IBM Clinical Development para todos os países afetados com casos de Coronavírus, incluindo o Brasil. O IDC poderá ser utilizado pelas agências de saúde nos ensaios clínicos aplicáveis, com o objetivo de acelerar o desenvolvimento de medicamentos para combater o COVID-19.
O sistema foi desenvolvido para reduzir o tempo e o custo dos ensaios clínicos, centralizando e organizando as informações, provendo acesso 24/7 aos dados por meio de uma única URL a partir de qualquer dispositivo habilitado na web e fornecendo uma plataforma de gerenciamento de dados flexível e escalável. O software foi oferecido, primeiro, às autoridades de saúde chinesas, mas, com a propagação da doença, a IBM decidiu oferecê-lo para uma rede mais ampla de agências nacionais de saúde.
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– Uma audiência pública realizada em São Mateus do Sul, a 140 quilômetros de Curitiba, no último dia 5, com a participação da Assespro-PR, Alep e governo do Estado, discutiu o aproveitamento das potencialidades já existentes na região para incentivar de forma mais intensa o desenvolvimento de tecnologias da informação;
– Os usuários do Rappi já podem, a partir de agora, fazer o pagamento de seus pedidos no aplicativo por meio de cartão de débito do Banco do Brasil e Bradesco direto no app, sem a necessidade da maquininha. Com o tempo, o objetivo é incluir cartões de outras bandeiras;
– A Totalpass, empresa que oferece benefício corporativo para prática de atividades físicas nas academias do Grupo Bio Ritmo e Smart Fit, anunciou que deu início à sua internacionalização pelo México. Entre as academias que os profissionais mexicanos podem ter acesso estão a Smart Fit, 9Round, C+, Snap Fitness, Sport City, Sports World e LOAD. Para a operação, a TotalPass fez uma parceria com a Fitpass, uma empresa com operação B2C que reúne mais de 2 mil estúdios no país;
– A América Latina ocupa o segundo lugar no ranking de regiões com maior déficit de profissionais qualificados em cibersegurança, com um gap de cerca de 600 mil pessoas. O levantamento é da organização sem fins lucrativos (ISC)², que apontou que seriam necessários mais 4 milhões de profissionais da área ao redor do mundo. E não para por aí: apenas 38% dos profissionais de cibersegurança atuantes hoje possui graduação.
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