Com a quarentena deflagrada em parte das cidades brasileiras, não há mais a necessidade de enfrentar o trânsito todos os dias, de levar as crianças na escola, de frequentar reuniões ou festas. Ironicamente, mesmo havendo mais tempo à disposição, muitas pessoas têm se queixado de que essa avalanche de mudanças em nosso estilo de vida está afetando as suas vidas sexuais.
Em confinamento, são muitos os comportamentos que ficaram alterados. Sono, apetite e até idas ao banheiro. Relativizemos: a vida sexual é mais um entre esses tantos comportamentos que foram impactados diretamente. Para uma parcela significativa de nós, é difícil, senão impossível, entrar no clima dado que há o fantasma da Covid-19 e todas as suas consequências pairando no ar. A sobrecarga devido ao estresse e à ansiedade de perder o emprego, os investimentos e a própria vida potencialmente tem o poder de afetar todos os relacionamentos e de intoxicar o desejo sexual. Ninguém está imune a isso.
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É importantíssimo que tenhamos algo em mente: não há um jeito certo ou errado de lidar com o momento sem precedentes como esse que vivemos. Isso significa que não é justo você se culpar de não estar conseguindo ter relações sexuais com o seu parceiro ou parceira nem sequer pensar que talvez esteja tendo menos relações do que acredita que deveria. Não há uma frequência sexual que seja considerada padrão em nenhuma cultura. A vida sexual de um par é algo extremamente pessoal, particular. É um acordo que fazemos com a nossa outra metade.
A questão é que, nessa situação de enclausuramento, a nossa vida sexual e os pactos implícitos ou explícitos acordados antes da pandemia parecem ter sido submetidos a uma lente de aumento. Tudo adquiriu maiores proporções. Quando a crise amainar e tirarmos essa lupa da frente, veremos que as questões que acreditávamos terem sido amplificadas, afinal, não eram tão grandes assim.
Esse período de estresse intenso –que nos parece interminável– também oferece aos pares uma enorme oportunidade de repactuar uma série de coisas, como projetos futuros. A reclusão nos dá a chance de fazermos várias reflexões, podendo ser uma ótima ocasião para criar novo arranjo com relação à vida sexual.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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