O surto do novo coronavírus se espalhou por todas as regiões do país e chegou a 70,7% dos municípios do Brasil, com casos de Covid-19 confirmados em quase 4.000 municípios, enquanto o Ministério da Saúde permanece com um general como ministro interino e sem um chefe para a fundamental Secretaria de Vigilância em Saúde, responsável pelo enfrentamento à pandemia.
O coronavírus, que já deixou mais de 26 mil mortos no Brasil, avançou de 297 municípios em 28 de março para 3.936 em 28 de maio, informou hoje (29) o Ministério da Saúde em boletim sobre a pandemia, ressaltando a interiorização da doença.
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O Nordeste passou a ser a região com maior número de municípios com casos confirmados de Covid-19, a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, ultrapassando o Sudeste, primeiro local afetado pelo vírus no país. De acordo com o ministério, 1.489 municípios nordestinos já registraram casos de Covid-19, ante 1.101 no Sudeste.
Apesar de muitas capitais brasileiras estarem com seus sistemas de saúde à beira do esgotamento devido ao avanço do coronavírus, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou nesta semana que as grandes cidades precisarão prestar atendimento a pacientes de municípios menores que buscarão ajuda, uma vez que no interior “não há estruturas”.
Apesar do avanço da doença pelo território, com recorde de 26.417 casos registrados em 24 horas ontem (28), Pazuello não concedeu entrevista ao longo de toda a semana.
Depois que o secretário Wanderson Oliveira pediu demissão da Secretaria de Vigilância em Saúde na sequência de duas trocas no comando do ministério em menos de um mês, coube ao secretário substituto, Eduardo Macário, prestar esclarecimentos técnicos sobre a pandemia nesta sexta.
“A interiorização é um fenômeno real que a gente tem observado em termos de transmissão, então o Sistema Único de Saúde tem que estar bastante preparado para toda essa situação que virá e que vem se desenhando, na medida em que o principal objetivo é salvar vidas”, afirmou Macário. O cargo de secretário de Vigilância em Saúde está vago desde a saída de Wanderson na segunda-feira (25).
Pazuello assumiu o ministério de forma interina em 15 de maio, após Nelson Teich se tornar o segundo ministro a deixar o cargo em menos de mês.
Assim como Luiz Henrique Mandetta, a quem substituíra em abril, Teich deixou o cargo por discordar do presidente Jair Bolsonaro com relação às medidas de enfrentamento à Covid-19. O presidente é contra o distanciamento social e defende o uso ampliado do medicamento cloroquina, apesar da falta de comprovação científica de eficácia contra a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.
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O ministério atualizou nesta sexta-feira a situação de testagem da Covid-19 no Brasil, informando que até o momento foram concluídos 488.802 testes moleculares em laboratórios oficiais de um total de 4,7 milhões de exames recebidos pelo governo federal. No total, o governo prometeu realizar um total de 24 milhões de testes desse tipo neste ano diante da pandemia do novo coronavírus – número ainda distante de ser alcançado.
Somando os testes realizados nos cinco maiores laboratórios privados de análises clínicas do país, o Brasil tem, no total, 930.013 exames de Covid-19 realizados, informou o ministério em documento sobre a situação epidemiológica da Covid-19 no Brasil.
Apesar de ser o segundo país do mundo com mais casos confirmados da Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, o Brasil fica bem longe de vários países em termos de testes realizados. Os laboratórios certificados da Alemanha, por exemplo, tinham capacidade de analisar cerca de 838 mil testes por semana em meados de maio. (Com Reuters)
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