Na terça-feira (5), pesquisadores de Israel confirmaram que fizeram um progresso significativo no isolamento de um anticorpo que poderia ser usado para tratar infectados pela Covid-19. Embora não tenha sido testado em animais ou seres humanos, o anticorpo parece ter três componentes clínicos essenciais necessários para um tratamento viável, dando esperança de que o tempo de desenvolvimento do tratamento pode ser reduzido substancialmente.
A pesquisa, anunciada pelo Instituto de Pesquisa Biológica de Israel, pretende atender a três parâmetros principais. Primeiro, o anticorpo é monoclonal, o que significa que especificamente não possui proteínas prejudiciais que, de outra forma, dificultariam o uso do anticorpo. Segundo, é capaz de neutralizar o coronavírus. Terceiro, dadas as várias mutações do vírus em todo o mundo, o anticorpo israelense foi testado especificamente contra a cepa agressiva da doença. Os pesquisadores israelenses afirmaram em uma declaração que “até onde sabemos, de acordo com publicação científica abrangente de todo o mundo, o Instituto de Pesquisa Biológica é o primeiro a alcançar essa inovação nesses três parâmetros ao mesmo tempo”.
LEIA TAMBÉM: Descoberto anticorpo que evita entrada do novo coronavírus na célula
Embora a linha do tempo para um desenvolvimento avançado não tenha sido confirmada, os próximos passos na pesquisa de anticorpos serão os testes de placas de Petri para animais e, eventualmente, humanos –que levam bastante tempo. No entanto, em uma corrida global para encontrar intervenções médicas para o coronavírus, o anúncio israelense alimenta o otimismo de que progressos podem ser feitos em ritmo mais acelerado. O Instituto de Pesquisa Biológica permaneceu cauteloso em relação ao cronograma, no entanto, reconhecendo em sua declaração: “Esse é um marco importante, mas depois vêm testes complicados e um processo de obtenção de aprovação regulatória. De acordo com uma avaliação dos cientistas do instituto, essa inovação tecnológica está pronta para encurtar o processo, que ainda assim continuará por vários meses”.
De muitas maneiras, não é de surpreender que Israel esteja bem preparado para ser um líder em pesquisas relacionadas ao coronavírus, um esforço global que agora tem mais de 100 grupos de pesquisa em todo o mundo focados em encontrar anticorpos e vacinas. Israel tem vários institutos importantes focados em buscar avanços nessa crise. Além do Instituto de Pesquisa Biológica, o Instituto de Pesquisa Migal Galileia, no norte do país; o Instituto de Ciência Weizmann, em Rehovot; a Universidade Ben Gurion, em Negev; a Universidade Hebraica, em Jerusalém; e o Instituto de Tecnologia Technion-Israel, em Haifa, estão todos trabalhando em vários aspectos do combate à doença.
Mas, tanto como as instituições de pesquisa, os avanços de Israel também são impulsionados por um setor privado que possui um grande número de empresas focadas em ciências biológicas, contribuindo com sua reputação como nação de startups. De acordo com um relatório de 2019 da Autoridade de Inovação de Israel, a nação de quase nove milhões de habitantes possui mais de 1.600 empresas de ciências da vida, atraindo mais de US$ 1,5 bilhão em financiamento em 2018. Muitas vezes, saindo de programas financiados pelo governo e prosperando em um ecossistema profundamente empreendedor, companhias israelenses continuam a fazer avanços no setor de biociências, da indústria farmacêutica à tecnologia alimentar e à cannabis medicinal. Mas, agora, um grande foco está nos projetos de pesquisa relacionados ao coronavírus, já que Israel, como grande parte do mundo, foi substancialmente impactado pela pandemia.
Como todas as outras descobertas sobre o assunto, as notícias de Israel devem ser recebidas com reservas até que mais testes possam ser feitos. Mas, em um momento em que qualquer novidade de progresso científico é uma boa informação, o grande desenvolvimento desse país relativamente pequeno deve nos dar um pouco de otimismo.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.