Hoje, 12 de junho, Dia dos Namorados no Brasil, é a data mais romântica do calendário oficial do país. Neste ano, em meio a uma pandemia, casais apaixonados têm mais uma chance de tornar o isolamento social, necessário para enfrentarmos o novo coronavírus, um momento mais especial para renovar os votos de amor.
A data também é a ocasião perfeita para falar sobre um tema, que, se não praticado, pode custar caro às mulheres: a independência financeira.
Mesmo quando está tudo bem a dois, é muito importante pensar na nossa situação financeira, independentemente do parceiro. Essa atitude não significa achar que o amor vai acabar, mas se preparar para estar mais forte em qualquer momento da vida.
Falar sobre independência financeira não pode ser um tabu. Até mesmo porque, para muitas mulheres casadas, infelizmente, o divórcio vira uma realidade em algum ponto da relação.
É muito importante construir sua independência financeira e ter a sua mala pronta. Eu costumo chamar de “mala pronta” a minha reserva de emergência! É aquele dinheiro que corresponde a três meses do seu custo de vida e lhe dá segurança para sair de um casamento e ter um tempo para colocar a cabeça no lugar.
Eu sei, hoje é Dia dos Namorados, e ninguém quer pensar em se separar, e sim em celebrar sua relação. Mas cultivar o casamento e cuidar do seu dinheiro não são coisas antagônicas. Independentemente do status civil, nós mulheres precisamos buscar a nossa independência financeira.
Divorciada, talvez. Falida, jamais!
A pandemia do novo coronavírus trouxe à tona frustrações, incertezas, medos e os problemas mais profundos dos nossos relacionamentos. Como consequência, o número de pessoas à procura de informações sobre divórcio disparou. Segundo dados da Google, a pesquisa pelo termo “divórcio online gratuito” aumentou 9.900% entre os dias 13 e 29 de abril. Já a busca por “como dar entrada em um divórcio” cresceu 82% no mesmo período.
Minha intenção não é fazer uma apologia ao divórcio, mas casamentos não dão certo por inúmeros motivos e, um deles, é o dinheiro. A falta de diálogo e de sinceridade entre as partes, geralmente, resulta em pessoas frustradas em relação ao dinheiro ou infiéis financeiramente. Sim, aquele caixa dois para pequenas despesas, a grana extra que entrou e você não contou para ninguém, tudo isso é infidelidade financeira e um alerta de que falta comunicação no seu relacionamento quando o assunto são as finanças.
Esse “problema de comunicação” que, dentro do casamento, pode parecer inofensivo, é a causa de muitas mulheres ficarem na pobreza quando um divórcio acontece. Em média, os homens se preparam dois anos para um divórcio, e os bens e patrimônios que ficam com a mulher são em geral aqueles que o agora ex-marido meticulosamente quis deixar.
Quando uma mulher se separa, em média, seu padrão de vidacai 71%. Esse número assusta? Se você precisasse se divorciar hoje, entraria para essa estatística? Eu me divorciei duas vezes e não sofri financeiramente. Como? Eu tinha a minha “mala pronta”.
Independência financeira no casamento
A minha mala pronta não é uma Louis Vuitton. A minha “mala” é a minha reserva de emergência. Aquele dinheiro investido que precisa ser suficiente para pelo menos três meses do nosso custo de vida, um tempo razoável para colocar as ideias e os sentimentos no lugar, sem precisar se preocupar com dinheiro.
No meu caso, além da reserva de emergência, eu também tinha contas bancárias e investimentos individuais. Respeito quem opta por ter uma conta conjunta com o parceiro(a), mas acredito que é fundamental buscar independência financeira dentro do casamento.
A minha recomendação é que toda mulher tenha sua individualidade financeira. Hoje em dia, todo mundo pode ter uma conta em um banco digital, sem burocracias, pagando menos taxas e com o saldo rendendo 100% do CDI. Essa é uma oportunidade de começar a cuidar do seu dinheiro, e do seu futuro, em um simples passo.
Se você depende atualmente da renda do seu esposo, fale abertamente sobre o seu plano e suas preocupações com o futuro. O casal pode escolher fazer a jornada da independência junto ou individualmente. Se vocês estão em sintonias diferentes em relação às finanças, o ideal é definir uma mesada para cada um na relação. Assim, cada um faz o que quer com o seu dinheiro e, você, mulher, pode investir em produtos financeiros e construir a sua reserva de emergência.
De olho no regime, de casamento!
O regime de casamento também importa. Se você casou com comunhão parcial de bens, o ideal é que os investimentos sejam feitos juntos. Destine 20% do custo de vida da família para investir todos os meses. Não se esqueça do “pague-se primeiro” e garanta segurança financeira para as pessoas que você ama.
Já se o regime for de separação total de bens, abra o olho. Se você casou com separação total, mas tem conta conjunta e está sem a “mala pronta”, tenha muito cuidado para não entrar nas estatísticas de mulheres mais pobres após um divórcio. Nós, mulheres, fazemos mais pausas em nossas carreiras para cuidar da família, temos duplas jornadas, ganhamos menos que os homens e ainda esperamos a gratidão do parceiro(a) no momento de um divórcio.
Neste caso, a minha orientação é: invista nas pessoas, mas não espere nada delas. A mulher que cuida do seu dinheiro deve ser bem honesta com seu parceiro(a) em relação a um possível divórcio. Pergunte para ele(a) como ficaria sua vida financeira caso o relacionamento não desse certo.
Dinheiro é liberdade
O casamento é uma união com objetivos convergentes, mas, às vezes, esses objetivos de vida entram em conflito, e o resultado é uma separação. E tudo bem! Dinheiro não traz felicidade, mas traz liberdade. Experimente ter dinheiro, sobretudo, quando estiver infeliz. Isso já resolve em muito boa parte dos problemas.
Além do projeto família, nós, mulheres, também precisamos lembrar do projeto “eu”. Equilibrar o casamento com a carreira costuma melhorar a autoconfiança e nos torna mais seguras. Não dá para passar a vida investindo em tudo e em todos, menos em nós mesmas. Esquecer de si mesma a fará uma forte candidata a cair nas estatísticas.
Tenha em mente que a “mala pronta” não é a sua independência financeira. Ela é a sua reserva de emergência. A independência vem com investimento em renda variável e outros produtos financeiros, mas o primeiro passo é sempre ter a cobertura do seu custo de vida para os meses em que a vida dá aquela reviravolta. Por isso, foque na sua reserva de emergência.
Escolher onde, por que e com quem estar é fundamental para que você possa ser livre e feliz. Não deixe isso na mão de ninguém.
Francine Mendes é educadora financeira para mulheres, economista pela Universidade Federal de Santa Catarina, com mestrado em psicanálise do consumo pela Universidade Kennedy. Apresentadora do canal Mary Poupe, no YouTube, e comunicadora na RiCTV Record.
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