
lavar as mãos várias vezes ao dia com água limpa e sabão deveria ser algo acessível a todos
Tenho lido muitos artigos de sociólogos, filósofos, economistas, entre outros, discutindo como será o mundo depois que a pandemia se for e o coronavírus estiver sob controle. Muito se tem dito, imaginado e proposto. A verdade é que ninguém sabe ao certo o futuro que nos será apresentado.
Embora seja difícil encontrar um lado positivo nessa crise causada pelo coronavírus, como médico eu vejo um, que é o do aumento da preocupação com a higiene das mãos. Evidentemente, lavar as mãos várias vezes ao dia com água limpa e sabão deveria ser algo acessível a todos. Infelizmente, não é. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, diz que mais de 2 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento básico; portanto, não podem lavar as mãos com a frequência e os cuidados necessários.
O restante de nós, com acesso a água tratada, entretanto, tinha maus hábitos de higiene, como apontam várias pesquisas. Lavar bem as mãos antes das refeições, após usar o banheiro ou após tocar lugares sujos não era um comportamento regular. Agora está virando.
Vejo que a aquisição desse hábito será algo como o que ocorreu com o cinto de segurança. Ele sempre esteve no carro, mas ninguém usava. Um fator externo (uma lei, no caso do cinto; o coronavírus, no caso da lavagem das mãos) chegou para mudar a nossa relação com eles para sempre. Hoje, é quase inimaginável pensar em alguém que não entre em seu carro e já coloque o cinto de segurança.
A mudança de costume no que se refere a lavar as mãos deverá se manter nos próximos anos. Nós, adultos, estamos sendo educados para isso. Com relação às crianças, as famílias e a escola deveriam promover a educação continuada delas com relação aos bons hábitos de higiene.
Acredito que testemunharemos pessoas mais preocupadas com a higiene pessoal e mais atentas ao fato de não levar as mãos sujas à boca e aos olhos. Isso é muito bom, pois, além de ajudar na prevenção contra o coronavírus, também contribui para a redução da disseminação de outras doenças, como gripe, conjuntivite, diarreia e outras viroses.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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