Ainda longe do almejado final feliz, descobrimos de forma doída que alguns acontecimentos estão muito além de nosso controle. Sim, nem tudo podemos controlar. Mas seguimos aprendendo com a pandemia, a duras penas, ressalta-se. Particularmente, estou aprendendo a valorizar o presente, tornando os meus dias melhores e tentando contribuir, entre outras coisas, com a minha paixão: o Direito e a advocacia.
Tenho com o Direito e a advocacia essa relação afetiva intensa. E sob este aspecto, permito-me, com sua licença, fazer uma pequena reflexão no dia do advogado, pois nesses tempos de incertezas e desafios inéditos, é imprescindível que o advogado assuma o seu papel de liderança do Estado Democrático de Direito, construindo soluções práticas interdisciplinares, para além do jurista.
Isso é indispensável. A gravíssima crise decorrente do coronavírus leva o país a contabilizar dezenas de milhares de mortos em um cenário sem precedentes de recessão e desemprego. Relacionamentos empresariais e comerciais de longos anos estão sendo destruídos impiedosamente, gerando um volume de conflitos sem paralelo neste século.
E é justamente nesse cenário de pandemia, inquietações e turbulências sociais que os advogados — indispensáveis à administração da justiça — devem, cada vez mais, buscar meios alternativos para a solução consensual dos conflitos, sendo a autocomposição a palavra de ordem.
Não tenho dúvida de que será uma árdua missão. Mas, ao mesmo tempo, uma rara oportunidade para a própria advocacia rever conceitos, ampliar os horizontes da profissão e colocá-la em compasso com os novos tempos. Sem, obviamente, se afastar dos alicerces que fundamentam o direito, seus valores e princípios que nos são caros e indisponíveis.
Há algumas semanas, coloquei em meu Instagram um rol de sugestões com o objetivo de contribuir para a construção de pontes para a advocacia desses novos tempos. Sugestões essas impulsionadas pela pandemia que nos obrigou a lançar mão de uma série de processos, para dar prosseguimento à normalidade jurídica.
São meras sugestões para reflexão e debate, pois, ainda que a adoção das medidas de isolamento social seja com o tempo relativizada, é indubitável que uma nova dinâmica nos relacionamentos pessoais e profissionais está se constituindo, não apenas no Direito, mas praticamente em todas as áreas.
Dessa maneira, diante da necessidade de compreensão de novas formas de atuação no exercício da advocacia, entendo que se impõe o aprofundamento de estudos que alinham o olhar humanizado, a tecnologia e a lei, até mesmo a libertação de amarras tradicionais, com a finalidade de promoção de uma sociedade mais justa e equitativa.
“Direito não é só uma coisa que se sabe, mas também uma coisa que se sente”. A lição deixada pelo jurista Tobias Barreto deve ser estimulada na formação humanística dos advogados, incluindo-se filosofia, história e sociologia, ao lado do constante e imprescindível aperfeiçoamento técnico, com a criação de uma plataforma digital para a disponibilização de cursos e palestras. Como disse acima, continuamos a aprender com a pandemia, ainda que a duras lições. Uma dessas lições expôs a nossa humanidade e fragilidade.
Da mesma forma, que o uso da tecnologia pelas Cortes de Justiça, sempre sem prejuízo dos direitos e garantias fundamentais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, parece ser irreversível. Sob esse aspecto, cabe aos profissionais do Direito contribuir para a solidificação do processo eletrônico e aperfeiçoamento de suas plataformas e ferramentas. Os recursos tecnológicos demandam ainda novas formas de aproximação com a sociedade e um novo olhar sobre a publicidade na advocacia, a própria captação de clientes, especificamente no que se refere ao marketing digital, resguardados os princípios que orientam o Código de Ética e Disciplina da classe.
O mundo digital se solidifica e, cada vez mais, se estabelece como um dos pilares da dignidade da pessoa humana, exigindo também uma nova advocacia para ajudar a comboiar esse caminho.
Como ressaltei, a pandemia nos ensinou que não estamos no controle de tudo, mas que podemos tentar fazer um dia melhor de cada dia. E isso me leva a uma frase de Bill Gates: “ao olhar para o próximo século, líderes serão aqueles que capacitam os outros e mostram horizontes auspiciosos”. Essas são, portanto, pequenas contribuições para reflexão e debate colocadas nesse mês em que se comemora o Dia do Advogado (11 de agosto). Parabéns!
Nelson Wilians é CEO da Nelson Wilians & Advogados Associados
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