“Meu pai me criticava muito, falou que eu não ia ser nada, e, no momento, eu nem liguei, pois eu amava o que eu estava fazendo!”. A confissão é de Lukas Ruiz, mais conhecido como DJ Vintage Culture, um dos produtores de música e DJs mais bem-sucedidos do Brasil e do mundo, destaque da lista Forbes Under 30 de 2017.
Vintage compartilhou sua trajetória de carreira e seu start na indústria musical durante uma live com o CEO e publisher da Forbes, Antonio Camarotti, transmitida no canal da publicação no Instagram. “Quando eu era criança eu queria ser piloto de colheitadera como meu pai”, Ruiz cresceu em uma pequena vila no Paraguai, a qual ele diz que nem existe mais, e com aproximadamente 8 anos se mudou para Mundo Novo, uma cidade na fronteira do Brasil. Foi lá que o garoto descobriu que a vida agrícola não era mais o que ele queria.
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O DJ contou que nesta época de sua vida, sua mãe era muito rígida e mal deixava o sair de casa. Foi por causa desta reclusão que o garoto começou a treinar e estudar como produzir e mixar músicas, “Ficava no quarto o dia inteiro com meu computador, não tinha o que fazer, então eu fazia isso”, ele ri. A música eletrônica, porém, entrou em sua vida inicialmente não pela internet, mas sim, por aqueles infames carros de som que percorriam pela sua cidade e depois por CDs lançados pela rádio Jovem Pan e pelo programa “Pânico”. O DJ conta que não sabia exatamente o que fazia e que tentava incansavelmente chegar a resultados, baixando programas em CDs velhos e treinando suas habilidades em lan houses da sua cidade.
“Antigamente não existia música assim no Brasil. A cena eletrônica era bem diferente, e muito dificil de se entrar, e eu queria realizar o sonho da minha mãe, não tinha ideia de onde isso ia parar”, diz, contando que o sonho de sua mãe era que ele fosse concursado público.
O renomado DJ conta que aprendeu vendo tutoriais no YouTube, e que melhorou na base da persistência. “Não me considero bom, nem talentoso, me considero insistente”, fala, modesto. Sua primeira música foi feita com uma barata caixa de som, e ele nunca teve nenhum instrumento, fez aulas de música ou possuiu qualquer equipamentos de som adequados, “Não tem essa desculpa! Se você gosta, você faz”, ele completa.
Quando Vintage terminou o terceiro ano da escola, foi estudar direito e morar sozinho em Maringá, no Paraná. Ali que as coisas começaram a acontecer para o futuro artista. Em uma quitinete na frente da faculdade –que ele reitera que foi paga com muito esforço pela sua mãe–, confessa que não ia para nenhuma aula, e ficava dia e noite inteira fazendo música: tentando, pesquisando e estudando. “Criei uma conta no Soundcloud e, já que não tinha tinha nada a perder, postei.”
O lançamento na plataforma musical acabou sendo um sucesso. “Todo mundo começou a perguntar quem eu era. Em 2013, meu som era mais lento, e isso chamou a atenção”. Ele se recorda também da primeira vez que escutou uma música dos Adana Twins, os famosos DJs alemães, e que essa música deu o estalo para que ele criasse o “projeto” Vintage Culture, misturando “samples” de músicas dos anos 1970 e 1980 com beats modernos. O resultado ele descreve como uma música com batidas mais “gordurosas” e uma sonoridade mais lenta e mais sexy.
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“Meu ainda nome era Lucas Ruiz, e tinha um outro cara com mesmo sobrenome, o Victor Ruiz”, fala. “Todo mundo me comparava a ele, acharam que eu era um cover.” A decisão de mudar para Vintage Culture veio com mais ascensão. Mas as críticas familiares, infelizmente, continuaram. “As pessoas não entendiam o que que poderia vir a ser.”
Em 2015, veio o que ele chama de seu “turning point”, ao tocar em um festival no parque de diversões Hopi Hari. No mesmo ano, ele participou das edições brasileiras dos megaeventos Tomorrowland e Lollapalooza. “A partir daí, comecei a tocar no Brasil inteiro e no mundo também.”
Em 2016, Vintage fechou contrato com a Spin Agency, uma das maiores agências internacionais de música, que tinha nomes como Avicii. Assim assim, ele, humildemente declara que “muitas das músicas minhas foram achadas pela internet. Foi na insistência que cheguei aonde estou”.
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