Passo a maior parte do dia em chamadas do Zoom em minha função como CEO da Zigazoo e ainda não conheci alguém que goste mais de chamadas de videoconferência do que de reuniões presenciais. Na verdade, notei um aumento no número de profissionais da cidade de Nova York e de São Francisco pedindo para receber telefonemas porque “não gostam do Zoom” ou “têm fadiga do Zoom”. Se os adultos estão tendo essa reação, como as crianças que aprendem por meio de plataformas remotas estão se sentindo durante as videoconferências que tem horas e horas de duração, em vez da escola presencial?
O distanciamento social é parte fundamental do combate à Covid, mas meu conselho para professores e líderes educacionais é deixar de lado as longas aulas via Zoom. Se você tiver de ensinar remotamente, atribua aos alunos projetos que eles possam fazer offline e marque conferências individuais ou em pequenos grupos. Reuniões curtas com o grupo completo podem ser usadas para questionamentos, mas qualquer coisa além disso pode ser prejudicial ao desenvolvimento social, emocional, físico, acadêmico e cerebral das crianças. Não podemos simplesmente prejudicar uma geração inteira de crianças com ensino virtual insalubre e ineficaz, quando todos precisaremos em breve que essas crianças resolvam os complexos problemas que não trouxeram a momentos como este de crise.
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Resumindo: longas videochamadas são ruins para a saúde e o para bem-estar dos estudantes, apesar de ser algo necessário no momento.
Veja a seguir cinco razões de porque as aulas remotas são prejudiciais às crianças:
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brightstars/ Getty Images 1. Videochamadas implicam tempo em frente à tela, e muito tempo em frente à tela não é saudável
As razões pelas quais ficar muito tempo na frente do computador na vida pré-pandemia não era algo saudável para as crianças são as mesmas razões pelas quais as crianças não deveriam usar as plataformas de ensino remoto o dia todo na escola: aumento das taxas de obesidade, distúrbios do sono e problemas comportamentais. A Academia Americana de Pediatria, que estabelece normas de saúde pediátricas nos EUA, recomenda não mais do que duas horas de tela por dia e seria prudente para os líderes escolares seguirem o conselho.
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Sladic/ Getty Images 2. Videochamadas capturam apenas 2 de 5 sentidos humanos
A menos que a tecnologia nos tenha feito esquecer, temos três outros sentidos além dos dois que as videoconferências nos permitem experimentar: olfato, tato e paladar. Todos os cinco sentidos são parte crítica das experiências e relacionamentos humanos, e é impossível replicar o ambiente sensorial de uma sala de aula usando apenas a visão e a audição. Porém, infelizmente, até o vídeo e áudio de plataformas de vídeo podem ser trêmulos e fora de sincronia. Como o “The New York Times” relatou no início da pandemia, esses problemas visuais e sonoros sutis forçam nossos cérebros a “se esforçar para preencher as lacunas” e nos fazem “sentir-nos vagamente perturbados, inquietos e cansados sem saber bem por quê”. Diante disso, as videochamadas tornam um desafio realizar o processamento cognitivo crítico envolvido no processo de aprendizagem.
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Shelyna Long/ Getty Images 3. Aulas remotas nos isolam socialmente
De acordo com a Pirâmide de Maslow –famosa hierarquia de necessidades humanas proposta pelo psicólogo americano Abraham H. Maslow– a terceira necessidade mais básica de uma criança depois da sobrevivência e segurança, é o sentimento de pertencimento. Sem ele, as crianças não são capazes de construir auto-estima ou iniciar uma jornada para a autorrealização. As amizades construídas na sala de aula presencial, no almoço e no parquinho são os blocos de construção de uma parte crítica do desenvolvimento infantil. O afeto e os relacionamentos dos professores e colegas são os motivos pelos quais muitas crianças vão à escola todos os dias. No entanto, pesquisas sobre chamadas de videoconferência demonstram que é difícil construir conexões satisfatórias a partir delas. Em vez de unir as pessoas e lhes dar energia, elas isolam os participantes de uma conexão humana real e os deixa mais cansados.
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Vesnaandjic/ Getty Images 4. Aulas remotas não facilitam as pausas cerebrais necessárias para o desenvolvimento
As pausas são uma parte natural e importante da experiência em sala de aula. Quer sejam idas ao banheiro, um alongamento rápido, uma transição entre atividades ou aulas, um pouco de tempo social, uma pausa para lanche ou simplesmente sonhar acordado no meio de uma aula, essas pausas são quando a reflexão e o processamento mental fundamentam o que acabou de acontecer. Há crescentes evidências de que a “reflexão interna construtiva” é crítica para o desenvolvimento infantil. Em videochamadas, é difícil para os professores avaliarem as necessidades de 20 ou 30 crianças e essas pausas importantes são mais difíceis de acontecer naturalmente, tanto para alunos como para os educadores. Além disso, a natureza viciante da tela digital impede que os intervalos planejados de um professor sejam eficazes, porque as crianças continuam ligadas à tecnologia, em vez de focarem em seus próprios pensamentos.
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Thitaree Sarmkasat/ GettyImages 5. Os aplicativos de videochamada são primariamente ferramentas para palestras e aulas centradas no professor
Embora os aplicativos tenham salas para sessões em grupo e alguns outros recursos de envolvimento, o principal caso de uso para “sala de aula” são as palestras. Este método pedagógico unidirecional, síncrono (ou em tempo real) e centrado no professor é menos eficaz do que uma abordagem multidirecional, baseada em projetos e centrada no aluno. Não há razão para os professores darem palestras sincrônicas online para dezenas de crianças por quatro a oito horas seguidas, quando eles poderiam atribuir experiências assíncronas que facilitam um aprendizado offline mais significativo.
1. Videochamadas implicam tempo em frente à tela, e muito tempo em frente à tela não é saudável
As razões pelas quais ficar muito tempo na frente do computador na vida pré-pandemia não era algo saudável para as crianças são as mesmas razões pelas quais as crianças não deveriam usar as plataformas de ensino remoto o dia todo na escola: aumento das taxas de obesidade, distúrbios do sono e problemas comportamentais. A Academia Americana de Pediatria, que estabelece normas de saúde pediátricas nos EUA, recomenda não mais do que duas horas de tela por dia e seria prudente para os líderes escolares seguirem o conselho.
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