Esta semana em #AMulherdeSucessoResponde, Gabriela Manssur, promotora de justiça criadora do Instituto Justiça de Saia de apoio aos direitos da mulher e combate à violência contra a mulher.
“Toda mulher merece ser respeitada pelas suas escolhas. Lugar de mulher é onde ela é quiser”. Esse é o mote de Gabriela Manssur no trabalho e na vida. Promotora de justiça, ela é a criadora do Instituto Justiça de Saia (@justicadesaia e justicadesaia.com.br), entidade destinada a promover os direitos da mulher, combater a violência contra a mulher – o Brasil é o quinto país do mundo em número de ocorrências desse tipo – tornando acessível auxílio jurídico, social e psicológico. Gabriela tem um histórico de engajamento de pelo menos 20 anos na causa. “Sempre trabalhei para dar visibilidade e voz às mulheres que não são vistas nem ouvidas, que não têm seus direitos nem sua liberdade de escolha respeitados. E fazer ver que se uma pode, a outra também pode”, diz. Como promotora de justiça, ela tem poder para fazer cumprir a lei e, por exemplo, cuidar para que um infrator não seja punido apenas com a doação de cesta básica.
Gabriela diz que, apesar da Lei Maria da Penha ser a terceira mais importante no mundo para a proteção da mulher e seus direitos, no Brasil ainda vivemos em uma sociedade bastante machista e preconceituosa. Portanto, é preciso estar sempre de olho, atentas e fortes.
E por isso decidiu criar o Justiça de Saia em 2013, a princípio como uma ação na blogosfera. “Eu era blogueira mesmo, postava todo dia, contatava a imprensa para dar visibilidade a certos casos relevantes, fazia tudo sozinha”, recorda.
Hoje, o instituto engloba vários projetos que vão do auxílio jurídico, à capacitação profissional e inserção no mercado de trabalho, passando pela recuperação da autoestima e até a ressocialização do autor da violência contra a mulher. Enfim, trata-se de uma verdadeira central de apoio e de empoderamento feminino. “Mulher de sucesso é aquela que exerce seus direitos e sua liberdade de escolha”, resume.
Gabriela conta que todo seu interesse e engajamento nos direitos femininos começou em casa, observando a mãe que, depois de quatro filhos, voltou a estudar e se formou em Direito. “Não existe isso de que mulher só pode ser ou esposa e mãe ou profissional, que uma coisa atrapalha outra. Dá para fazer tudo”, garante. Ela seguiu o mesmo caminho materno, graduando-se pela PUC-SP e “como minha meta era ser desde o início promotora de justiça, estudei absolutamente tudo o que se refere ao Direito”, revela. “Meu pai também é advogado”, faz questão de dizer.
Um de seus grandes orgulhos profissionais aconteceu este ano, durante a quarentena, com a criação e desenvolvimento do projeto Justiceiras, o primeiro de atendimento multidisciplinar online no Brasil. “O distanciamento social durante a pandemia jogou luz sobre muitos casos de violência e abuso, principalmente devido ao aumento do uso de álcool e drogas”, observa. No momento, são 3.600 voluntárias trabalhando e 1.800 mulheres vítimas de violências atendidas em todo o País. Sem falar no tanto de lives, webinars, reuniões virtuais, cursos, entrevistas, lançamentos de projetos e parcerias que Gabriela participou no período.
Durante o rumoroso caso de abuso feminino envolvendo o médium João de Deus, na virada de 2018 para 2019, Gabriela Manssur foi quem recebeu as primeiras denúncias das vítimas. “O Bial me convidou para participar do programa onde as acusações de abusos foram reveladas e então, as vítimas começaram a me procurar”, conta.
Para quem pensa que a vida da promotora de justiça se resume a um cotidiano onde só há espaço para abraçar causas e embates legais, ela avisa que aproveita ao máximo a companhia dos três filhos e do namorado. “Adoro moda e maquiagem, não renunciei à vaidade e adoro assuntos de mulheres, que falo muito com as minhas amigas”, diverte-se. É também corredora ferrenha, dessas de encarar três maratonas inteiras – a última foi em Chicago – e vinte meias maratonas. Também faz terapia, ioga e, no momento, está mergulhada na leitura do “Elogio da Serenidade: E outros Contos Morais”, do italiano Norberto Bobbio. É preciso serenidade, sem dúvida.
A seguir, Gabriela Manssur, mulher de sucesso responde:
Qual o seu maior exemplo de mulher de sucesso?
Mulheres independentes.
Qual a sua ideia de felicidade no trabalho?
Poder transformar a sua vida e das pessoas ao seu redor através do trabalho.
Eu achava que sucesso era… e descobri que sucesso é…
Achava que o sucesso era trabalhar. Descobri que é trabalhar cada vez mais para atingir os seus objetivos. Meu nome é trabalho.
Depois da pandemia, qual será a mudança mais significativa na sua área de atuação?
Percebo uma desburocratização do serviço público. Muitas questões, para as quais antes havia muita formalidade na execução, hoje vemos que podem perfeitamente serem feitas de maneira mais fácil e rápida, garantindo maior acesso ao Sistema de Justiça para toda a sociedade brasileira.
Se você pudesse escolher um superpoder, qual seria?
Já tenho um superpoder: ser mulher. No momento, eu queria ter mais um superpoder, o de curar a Covid-19, para nos livrar dessa ameaça e todo mundo poder retomar a vida.
Que tipo de hábito ou exercício você recomenda para desligar ou aliviar sua mente?
Gosto de corrida, gosto de treinar para correr, me desafiar participando de maratonas. Já corri três inteiras e cerca de vinte meias-maratonas. Essa é a minha válvula de escape do dia a dia.
Qual mensagem você gostaria de deixar para as próximas gerações?
Pode soar clichê, mas é a realidade: seja correta, tenha coragem, lute pelos seus objetivos e nunca desista dos seus sonhos. Acredite em você.
Com Mario Mendes e Antonia Petta
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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