Preste atenção e veja se você se identifica com uma ou mais dessas situações descritas abaixo:
• você leva menos de 1 minuto para olhar o celular assim que acorda de manhã;
• o celular – e não uma pessoa – é a última coisa com a qual você interage antes de dormir;
• você leva o celular para o banheiro;
• fica com o celular ao seu lado enquanto faz as refeições, independentemente de haver ou não outras pessoas à mesa;
• em meio a um diálogo com algum familiar ou amigo, você dá uma espiada – ou muitas espiadas – no celular;
• você gasta mais do que 4 a 5 horas do seu dia preso à tela do celular.
Se você se identificou com alguns desses comportamentos, devo dizer que é bem provável que você tenha desenvolvido dependência do aparelho. Eu não sou crítico da tecnologia, até porque ela nos ajudou a preencher o vazio causado pelo distanciamento social e vem nos ajudando em uma série de outras coisas no dia a dia.
Sou crítico, sim, do uso obsessivo dela, porque a dependência gera impactos psicológicos, fisiológicos e sociais que afetam grandemente não apenas a vida do usuário, mas também de quem o cerca. Por exemplo, você deve ter percebido ter mais dificuldade para dormir quando passa o dia todo checando o que há de novo, jogando ou assistindo vídeos no celular, ou que, quanto mais você fica colado ao seu aparelho, mais ansioso fica.
O aumento do uso do celular não é novidade. Ele cresceu muito desde o surgimento das redes sociais e dos aplicativos de envio de mensagens. A grande questão é que a pandemia acabou por incentivar o uso obsessivo do aparelho. Não foram poucos os que passaram a checar as notícias sobre o coronavírus quase que compulsivamente, sem se dar conta de que isso só fazia alimentar ainda mais o medo e a ansiedade.
Se você se identificou com as situações que mencionei acima, provavelmente deve estar pensando: dá para me livrar dessa dependência? Dá, mas, em alguns casos, é até necessário o uso de medicamentos psiquiátricos, que vão poder auxiliá-lo no manejo da dependência.
O importante é que você procure encontrar algo que lhe dê prazer tanto quanto o que você tem quando vai mexer no seu celular. É o que chamamos de psicoeducação. A ideia é substituir um prazer que traz consequências danosas por outro que lhe trará benefícios.
Estabelecer uma rotina prazerosa é uma das melhores ferramentas. Pode ser ouvir música, sair para dar uma volta na rua ou fazer alguma atividade física. Praticar um esporte tem um impacto positivo tremendo, pois é capaz de aumentar o nosso bem-estar e de reduzir o estresse e a ansiedade.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.