Enquanto estamos focados em uma possível nova onda de casos de Covid-19 e nas eleições, surgem outras crises que podem ter um impacto descomunal nos EUA e no mundo.
Os dois maiores são um possível conflito entre a Turquia e a Grécia, cuja inimizade remonta a séculos, e problemas na subestimada e pouco noticiada Bielorrússia, que fazia parte da antiga União Soviética, mas se tornou uma nação independente quando o império soviético desmoronou, em 1991.
Turquia e Grécia estão cada vez mais em desacordo quanto aos direitos de exploração de petróleo e gás no leste do Mar Mediterrâneo. A Grécia, que tem muitas ilhas na região, afirma ter soberania sobre as águas. A Turquia contesta e enviou um navio sísmico, apoiado por embarcações de guerra, para fazer sondagens na área. Os dois países aumentaram as forças navais e aéreas. O chefão turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou: “A Turquia continuará a seguir uma política decidida e ativa no leste do Mediterrâneo…[Os gregos] vão entender a língua da política e da diplomacia, ou terão experiências dolorosas”. A UE, especialmente a França, bem como o Egito e os Emirados Árabes Unidos, estão apoiando a Grécia.
Ninguém quer a guerra, mas uma escalada acidental pode desencadear um conflito. Em 1996, os dois países quase se conflagraram por causa de duas ilhas desabitadas. Em 1974, quando a Grécia anunciou que se uniria a Chipre, que tem uma minoria turca considerável, a Turquia invadiu a ilha, apossando-se de um terço dela, e declarou a zona ocupada um novo país: a República Turca de Chipre do Norte.
A Turquia e a Grécia são membros da Otan, e um conflito armado entre elas poderia ter repercussões catastróficas para o futuro dessa aliança, o que seria um deleite para a Rússia.
Outra crise que eclodiu foi na Bielorrússia, que está sob o punho de ferro do ditador Alexander Lukashenko há 26 anos. As eleições foram realizadas em agosto e, previsivelmente, os resultados foram fraudados. Mas o povo está farto e vem tomando as ruas. A ditadura de Lukashenko está ruindo.
O perigo é que Vladimir Putin não quer que uma democracia autêntica surja na fronteira com a Rússia. Silenciosamente, ele pode já estar enviando forças especiais para ajudar Lukashenko a permanecer no poder ou para instalar um fantoche como sucessor.
A Lituânia, pequeno país vizinho da Bielorrússia, obteve independência do império soviético em 1991. Ao contrário da Rússia e da Bielorrússia, a Lituânia é uma democracia vigorosa. É também membro da UE e da Otan. O princípio central da Otan – aliança essencial para derrotar a União Soviética durante a guerra fria – é que um ataque a um país-membro é considerado um ataque a todos. Putin já deixou claro seu ódio à organização. Ele entende que minar a Otan seria um golpe devastador para os EUA e tornaria a Europa complacente com os desejos da Rússia.
Veja o que pode acontecer. Se Putin intervier na Bielorrússia sob algum pretexto falso, também pode ficar tentado a levar tropas à Lituânia – não uma invasão em grande escala, apenas uma ocupação de terras com base em alguma outra justificativa falsa. O que a Otan e os EUA fariam? Washington enviaria tropas para combater os russos? Ou seria esta a resposta: não é uma área muito grande; os russos prometem sair, então vamos esbravejar, denunciar e dar por encerrado.
Se não fizéssemos nada, Putin teria obtido uma vitória gigantesca, e os EUA sofreriam um revés maior do que na Guerra do Vietnã.
Steve Forbes é Editor-chefe da Forbes
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