A cearense Andrea Pinheiro conta que desde criança se interessava pelo trabalho do pai. Ele só fez incentivar a vocação da filha. Não deu outra, Andrea se tornou banqueira. Ela é sócia e managing director do banco de investimentos BR Partners, que encerra 2020 – apesar das chuvas, trovoadas e solavancos – com o melhor desempenho de seus 11 anos de existência. Um verdadeiro sucesso.
“Conseguimos nos adaptar e manter as coisas acontecendo”, resume, mantendo uma visão otimista para 2021. Apesar da expectativa sobre as medidas da equipe econômica do governo, Andrea está confiante. “Estamos em um momento de mercado chamado ‘risk on’. O mundo está com os juros baixos e procurando riscos. Isso abre uma janela de oportunidade para o Brasil. Além disso, as vacinas devem trazer uma sensação boa, um clima melhor, e isso deve gerar bons negócios”, acredita.
Formada em Administração de Empresas pela FAAP, com MBA em finanças pela Stern Business School – da New York University – ela inciou a carreira trabalhando no banco da família, o BMC, que foi vendido para o Bradesco em 2007. Lá ela passou mais dois anos e em seguida, tirou um ano sabático para se oxigenar. Foi quando recebeu o convite de dois amigos para a criação do BR Partners.
Consciente de ocupar uma função de liderança em um meio predominantemente masculino, ela quer fazer a diferença. “O mercado está mudando muito, mas ainda está longe do ideal”, observa. Por isso, em sua empresa faz um trabalho para estimular a contratação de estagiárias. “Este ano, 40% dos estagiários contratados foram mulheres”, comemora. “As próximas gerações darão conta de equilibrar as coisas, porque então haverá role models que irão inspirar mais mulheres jovens a ingressar no mercado financeiro. Coisa que não havia na minha geração”, lembra.
Outra preocupação social de Andrea diz respeito ao ensino e à educação. “Adotamos duas escolas públicas em uma parceria com a Associação Parceiros da Educação”, conta. “Esse trabalho social realmente me emociona porque a maneira de realmente diminuir a desigualdade é através da educação. Toda a população deve ter acesso ao ensino de qualidade”, afirma.
Atarefadíssima, Andrea falou com a coluna entre uma reunião, um call, um telefonema e outro. Quando ela descansa? “A cada dois ou três meses tiro uma semana para desligar de tudo”, avisa. Algo não tão fácil em 2020. Mas o ano novo está aí e logo, logo ela poderá se dedicar a um dolce far niente em Capri: “Adoro o mar. Mas também gosto de montanha”.
Bon voyage, Andrea!
A seguir, Andrea Pinheiro, #MulherdeSucessoResponde:
Donata Meirelles: Qual o seu maior exemplo de mulher de sucesso?
Andrea Pinheiro: Na história, há várias que me inspiram e sobre as quais li muitas biografias. Elas quebraram barreiras essenciais para todas nós, apenas pela maneira como viveram suas vidas. A imperatriz Catarina, a Grande da Rússia, é uma delas. Margaret Thatcher é outra. Mulheres que não se limitaram às expectativas do papel feminino na sociedade de suas épocas e conquistaram um lugar na história com muita inteligência e ousadia. Por outro lado, no dia a dia, encontro mulheres que merecem muita admiração. Elas fazem malabarismo para equilibrar todos os papéis das mulheres atuais, com uma super resiliência.
DM: Qual sua ideia de felicidade no trabalho?
AP: Minha ideia de felicidade no trabalho é me sentir desafiada e saber que o que faço impacta positivamente meus clientes e funcionários.
DM: Eu achava que sucesso era… e descobri que é…
AP: Eu achava que sucesso era ganhar dinheiro. E continuo achando isso importante, pois não há empoderamento maior do que pagar as próprias contas. Mas descobri que ser respeitada pelo seu trabalho tem ainda mais valor.
DM: Depois da pandemia qual será a mudança mais significativa na sua área de atuação profissional?
AP: O home office teve um grande impacto na minha qualidade de vida. Demorei a me acostumar e não faria 100% do tempo, pois acho importante a interação no escritório, mas me proporcionou uma flexibilidade maravilhosa.
DM: Se você pudesse escolher um superpoder, qual seria?
AP: Gostaria de ter o superpoder da cura.
DM: Que tipo de hábito ou exercício você recomenda para desligar ou aliviar sua mente?
AP: Leitura para mim é fundamental. Este ano li muita coisa boa e cito dois livros que chamaram a minha atenção. Acabei de ler “The Vanishing Half”, da escritora Brit Bennet – ainda sem tradução no Brasil – e também li “O Rouxinol”, de Kristin Hannah. O primeiro é sobre duas irmãs gêmeas afro-americanas e o segundo, sobre duas irmãs francesas na Segunda Guerra Mundial. Um dos meus livros favoritos é “Pastoral Americana”, do Philip Roth. Também adoro biografias. Literatura e história nos permitem ter uma perspectiva da nossa própria vida.
DM: Qual mensagem você gostaria de deixar para as próximas gerações?
AP: Seja audaciosa, enfrente seus medos, pois é a única maneira de atingir todo o seu potencial. Nós mulheres somos criadas para sermos mais obedientes, aceitar mais e se posicionar menos. Isso é um grande atraso, na carreira profissional e na vida. Use sua voz e você provavelmente descobrirá que tem muito a contribuir.
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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