Se você perguntar para qualquer investidor por que ele faz isso, as respostas serão diversas – ficar milionário, comprar uma casa… muitas vezes, nem se sabe exatamente por que está investindo.
Investir sem propósito, em si, não é um problema. Porém, em um país tão desigual quanto o Brasil, ter um objetivo lá na frente parece fazer muito mais sentido – além de tornar o hábito de aplicar mais prazeroso.
Penso que os sonhos são um gatilho importante para abrir mão de alguns prazeres do momento, como alguns gastos além da conta. Mas não basta ter uma meta: é preciso desenhar um caminho para ela.
E foi assim que eu criei um sistema para montar uma carteira diversificada, mas não entediante. Ele consiste em três etapas:
- Reserva de emergência
- Futuro/aposentadoria
- Diversão
Dividir as aplicações em apenas três categorias não faz ninguém abrir mão da diversificação – pelo contrário, ajuda a sistematizar e escolher o melhor para cada etapa.
Etapa 1: reserva de emergência
Quando a vida nos surpreende – e, acredite, ela vai fazer isso –, é fundamental estar preparado. Este colchão financeiro serve justamente para lidar com o eletrodoméstico que quebrou, desemprego, doença e outras intempéries.
Para tanto, recomendo juntar o equivalente a seis meses de sua renda líquida – e não mais do que isso em um cenário de Selic tão baixa. Por exemplo, caso você receba R$ 3 mil líquidos, a reserva deve ter pelo menos R$ 18 mil. Para empreendedores e autônomos, basta fazer uma média do lucro líquido de três meses e usar este valor como referência.
Este dinheiro deve ficar em aplicações conservadoras, com liquidez diária e que rendam, ao menos, 100% do CDI. É o caso de CDBs, fundos DI de liquidez diária, algumas contas remuneradas e Tesouro Selic.
Com este valor bem guardado, hora de ir para o segundo passo.
Etapa 2: futuro
Onde você quer estar daqui a 20 ou 30 anos? Esse é o foco do segundo passo.
Por se tratar de um longo prazo, está liberado partir para investimentos mais arriscados, como Bolsa, uma vez que o tempo que o dinheiro ficará aplicado permitirá recuperar possíveis perdas ao longo do tempo.
As maiores perdas no Ibovespa acontecem no curto prazo. Observando o gráfico do índice ao longo dos anos, percebemos que a tendência da curva é ascendente. Por isso, sim, ações são um bom investimento para a aposentadoria.
Além delas, elenco fundos de Previdência Privada de ações e Tesouro IPCA+.
Coloco essa como segunda etapa porque, quanto mais tempo você tiver, menor será o esforço poupador graças à mágica dos juros compostos.
A partir do momento em que o seu planejamento para a aposentadoria estiver em ação, você pode passar para a terceira etapa – e manter as duas em paralelo.
Etapa 3: diversão
Quais são seus sonhos? Feche os olhos e mentalize: o terceiro passo é sobre isso.
Para quem segue o método 50/30/20, indico destinar 20% da renda líquida mensal para os investimentos. Ou seja, se você ganhar R$ 3 mil líquidos, deverá aplicar R$ 600 todo mês, consistentemente.
No entanto, convenhamos: neste ponto, você já terá a reserva financeira garantida e a aposentadoria talvez esteja muito longe. Então, vamos aproveitar um pouco os sonhos do médio prazo?
Você poderá dividir estes 20% da sua renda líquida entre o futuro distante e um não tão distante assim – como a compra da casa, de um carro novo, uma viagem, um curso no exterior… o céu é o limite. Uma divisão equilibrada seria aportar 10% para a segunda etapa e 10% para a terceira.
Os investimentos dessa etapa não seguem nenhuma receita de bolo, já que eles variarão de acordo com seu objetivo. Desta forma, se você quiser fazer um curso de extensão daqui a um ano, o dinheiro deverá ficar em uma aplicação que permita que você resgate no período certo e não perca rentabilidade neste tempo. Seu assessor saberá dizer o melhor para você.
Penso que investir serve exatamente para isso: ser feliz e independente.
Com Ana Paula de Araujo, jornalista do Finanças Femininas
Carol Sandler é jornalista, educadora financeira e fundadora do Finanças Femininas, a maior plataforma online do Brasil de educação financeira para mulheres. É apresentadora do podcast “Meu Dinheiro, Minhas Regras” e colunista da Rádio Bandeirantes. Autora dos livros “Dinheiro Nasce em Árvore?” e “Detox das Compras”, além de coautora do “Finanças Femininas – Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos”. Instagram: @financasfemininas
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