Carla Assumpção se encontra às voltas com uma tarefa brilhante. Na posição de diretora geral da Swarovski no Brasil, Chile e Argentina, ela está à frente do processo global de reposicionamento da centenária marca austríaca de cristais na região do Cone Sul.
“Estamos trabalhando com a emoção”, conta a executiva de sucesso que trabalha na empresa há 20 anos, onde começou criando estratégias de relações públicas junto a estilistas brasileiros, para consolidar a presença da marca no país.
Duas décadas depois, o alcance da atuação de Carla inclui todas as frentes do negócio. “Desde a história da marca, o design das peças, o desejo do consumidor, a evolução digital e até o novo logo”, enumera.
“Costumo dizer que somos a fantástica fábrica do Willy Wonka”, diverte-se Carla, contando que a ideia é aliar imaginação, ciência e luxo acessível em um conceito chamado Wonderlab. “A diretora criativa global, Giovanna Engelbert, que foi editora de joias da Vogue Itália e trabalhou para Dolce & Gabbana e Dior, tirou a marca da zona de conforto. Criou até uma série de piercings em cristal colorido”, comenta. Segundo ela, a mudança que anda pilotando “é profunda e disruptiva”.
Antes de ingressar no mundo dos cristais e lapidações, Carla Assumpção formou-se em Publicidade e fez pós-graduação em Gestão na UCLA, na Califórnia, onde morou por cinco anos. Por lá, teve uma experiência na moda: “Entrei em contato com varejistas da Costa Oeste norte-americana e representei uma marca brasileira de biquínis – que era de uma amiga – e aprendi muito de importação-exportação e varejo”, conta.
Na volta ao Brasil, conheceu um monstro sagrado da moda internacional, a inglesa Isabella Blow, editora e stylist da Vogue UK e descobridora de ninguém menos que John Galliano e Alexander McQueen. Pois é, Isabella também descobriu e contratou Carla como assistente, enquanto trabalhava como consultora para a Swarovski, que se preparava para entrar no mercado brasileiro. “Naquele tempo, pouca gente no Brasil conhecia a marca e muitos me perguntavam se eu estava trabalhando com vodca”, lembra.
Mas Carla jura que, apesar de trabalhar em meio ao brilho faiscante dos cristais, leva uma vida muito simples. Levanta às cinco da manhã e faz sua prática de ioga. E tem Loretta, sua filha de 16 anos: “Uma feminista de carteirinha com quem eu sou grudada e me ensina muita coisa”, conclui deliciosamente coruja.
A seguir, Carla Assumpção #MulherdeSucessoResponde:
Donata Meirelles: Com qual mulher de sucesso da História você mais se identifica?
Carla Assumpção: Bem, existem várias. Uma delas foi minha madrinha profissional, Isabella Blow. E vou destacar outras três, de quem li as biografias e admiro muito. Tendo uma filha feminista, não poderia deixar de citar Simone de Beauvoir. Outra mulher incrível foi Helena Rubinstein, a criadora da indústria da beleza. E, por último, Michelle Obama.
DM: Qual a sua maior conquista, profissional e pessoal?
CA: Profissional, sem dúvida, é minha independência financeira. Na verdade, eu não desenhei um plano de carreira. Minha meta, acima de tudo, sempre foi ser uma mulher independente. Com isso vieram segurança, autoconfiança, tranquilidade para expressar minhas opiniões. Conquistei minha liberdade com a carreira profissional. Conquista pessoal é, apesar de ter chegado onde cheguei, manter um estilo de vida muito simples e equilibrado. Não preciso de grandes acontecimentos para me sentir plena.
DM: Não confunda sucesso com…
CA: Não confunda sucesso com quem você realmente é. Porque o sucesso está atrelado a uma série de circunstâncias – como estar no lugar certo na hora certa, por exemplo – que a gente pode ou não experimentar ao longo da vida.
DM: Que qualidades você mais admira em uma pessoa?
CA: Justiça e inteligência. Gosto de pessoas curiosas, originais e genuínas.
DM: Qual o seu maior luxo não material?
CA: Sei que é clichê, mas é o tempo. Então, luxo é poder alocar essa energia, fazendo as escolhas adequadas, dentro da nossa própria linha do tempo. E o tempo passa muito rápido. Por isso é um luxo.
DM: Se você pudesse ser um animal, qual seria? E por quê?
CA: Uma ave de rapina. Gosto da ideia de ter uma visão do alto mas, ao mesmo tempo, sem descolar muito da realidade onde se vive.
DM: Qual a sua filosofia de vida?
CA: Citando um pouco de Nietzsche: “ninguém nasce ser humano, torna-se”. Então, sei que não nasci pronta, mas estou na busca constante pela evolução. Inclusive porque as certezas envelhecem e devem ser deixadas para trás. Procuro enxergar a vida com mais naturalidade e menos opulência. Apesar de adorar um brilho.
Com Mario Mendes
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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