O princípio de igualdade foi forjado a ferro e fogo durante a Revolução Francesa com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão — documento histórico que simbolizou a universalização de direitos após, literalmente, decapitar a monarquia francesa e iniciar um processo de rompimento com o servilismo e os privilégios no século 18. Os revolucionários passaram cerca de dez dias na Assembleia Nacional debatendo os artigos que compõem a declaração, tamanha a importância que atribuíam ao tema dos direitos.
O conceito de igualdade também foi um dos princípios do liberalismo, que, digamos, lá nos seus primórdios admitia uma certa dose de desigualdade. O documento francês concentrou-se nos direitos civis e na igualdade de participação política. De qualquer maneira, da queda da Bastilha para cá, o mundo passou a respirar um ideal de liberdade, igualdade e fraternidade.
Nossa Constituição de 1988, por exemplo, é pródiga em reafirmar direitos. Vale lembrar o caput do art. 5º: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. No papel, nossa Carta Magna deixa no chinelo muitas outras mundo afora. Oxalá todos esses direitos fossem realmente alcançados. Mas a responsabilidade continua sendo do indivíduo por seu sucesso ou fracasso em sociedade.
É preciso mais. É preciso mudar a ideia das pessoas, pois são elas que tomam decisões, não são as organizações nem os sistemas político, econômico ou social. É “a pecinha” que está por trás deles. E isso me leva a Jonah Berger, professor da Wharton School, Universidade da Pensilvânia (EUA). Especialista em marketing e influência há mais de 15 anos, Berger dedica-se aos estudos sobre a influência do comportamento humano e social no sucesso de um produto ou uma ideia. “Em vez de dar às pessoas mais fatos, números ou razões, os agentes de mudança inteligentes encontram os obstáculos ocultos que impedem as mudanças e os mitigam”, escreveu Berger.
Talvez seja a hora de transportar essa ideia do marketing digital para a seara social, buscando “remover barreiras” para alcançar de fato igualdade, principalmente a racial, e, neste ponto, devo enaltecer a Forbes Black. O segredo para popularizar um produto ou uma ideia, de acordo com Jonah Berger, está na mensagem. Em sua fórmula para viralizar ideias e produtos há alguns ingredientes decisivos: “moeda social – o que falamos influencia o modo como os outros nos veem; gatilhos – estímulos que incitam as pessoas a pensar em produtos ou marcas relacionadas; emoção – quando nos importamos, compartilhamos; público – pessoas observam e imitam atitudes; valor prático – pessoas gostam de ajudar os outros”.
Essas diretrizes, que apontam principalmente aos profissionais de marketing e negócios, podem ser usadas por agentes sociais e organizações para influenciar e provocar, de fato, uma metanoia, ou seja, mudança profunda de mentalidade. O ativismo digital responsável deve ser a gravidade que viraliza essas ideias para o centro das pessoas. Afinal, elas influenciam, elas decidem. E isso me lembra uma peça de nosso Instituto em razão do Dia da Consciência Negra: “Respeito e Igualdade: na Constituição, no Coração, na Consciência.”
Lembrando que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, influenciada pela declaração francesa, modulou o primeiro artigo para: “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. Para além do papel, precisamos abrir mentes e corações.
Nelson Wilians é CEO da Nelson Wilians Advogados
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