A editora francesa Assouline é conhecida como “biblioteca do luxo”, graças a um catálogo de títulos sobre arte, design, moda, fotografia, viagens e lifestyle – em um mix de informação e imagens impressos e encadernados com extremo refinamento. Martine Assouline, que fundou a empresa com o marido, Prosper Assouline, em 1994, prefere a definição “marca cultural de luxo”. Picasso, Niemeyer, Cartier, a família real inglesa e a Coca-Cola estão no seu portfólio. A flagship store da marca em Londres é considerada uma das mais belas livrarias do mundo. De Nova York, onde vive, Martine falou sobre o prazer da leitura e sua paixão pelo Brasil.
Donata Meirelles: Qual foi o primeiro livro que você comprou?
Martine Assouline: Não faço a mínima ideia. Mas adoro livros desde sempre e cheguei a ler dois ou três por semana. Na adolescência, Albert Camus foi o autor que abriu as portas da minha consciência. Hoje, por causa da Covid, voltei a me apaixonar pela descoberta de autores. Um prazer que segue madrugada adentro.
DM: Como você e seu marido desenvolveram o conceito do livro como objeto de arte?
MA: Nós criamos um estilo em meio a livros ilustrados convencionais, usando imagens e textos para tocar a emoção e os sentidos em qualquer tema. Tratamos o livro como “objeto” e também como “assunto”. Nossa coleção “Ultimate” é destinada a conhecedores de livros. Em formato artesanal, é uma espécie de exposição particular de Niemeyer, Botero e Picasso, incluindo marcas como Rolex e Chanel, além de carros, vinhos…
DM: Qual é a diferença entre a Assouline e concorrentes como Phaidon e Taschen?
MA: Tudo é uma questão de estilo. Como na moda, na arte e na arquitetura.
DM: Como transitar com desenvoltura tanto pelo luxo francês de Chanel e Dior quanto pelo pop americano da Coca-Cola?
MA: É o prazer do desafio! Amo ser confrontada em algum campo que preciso descobrir e, a partir dali, criar um livro.
DM: Vocês publicaram o livro “Brazilian Style” e agora lançam um volume sobre o arquiteto Sig Bergamin. Qual é a sua relação com o Brasil?
MA: Aos 22 anos visitei minha querida tia Alice de Jenlis, que vivia no Rio, e me apaixonei pelo Brasil e pelos brasileiros. Um grande amigo dela, Guilherme Araújo (empresário do showbiz), já falecido, me presenteou com uma medalha de lápis-lazúli que uso até hoje. Vocês, brasileiros, receberam um dom especial de Deus, a alegria. Estamos publicando o segundo livro sobre o trabalho de Sig Bergamin, um talento que sabe, melhor do que qualquer outro designer de interiores no mundo, projetar vida e felicidade em um ambiente chique.
Com Mario Mendes, Antonia Petta e Sofia Mendes
Donata Meirelles é consultora de estilo, atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle
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