Em recente entrevista à BBC News Mundo, o historiador musical americano Craig Wright falou de seu mais novo livro: The Hidden Habits of Genius: Beyond Talent, IQ, and Grit — Unlocking the Secrets of Greatness, batizado aqui de “Os Hábitos Secretos dos Gênios”. Craig, que passou mais de duas décadas estudando as personalidades mais brilhantes da história, detalha no livro traços que os gênios têm em comum. Na lista de gênios do passado, aparecem Beethoven, Picasso e Einstein.
Na lista dos gênios recentes, surgem nomes como Steve Jobs, Bill Gates e Lady Gaga. De bate-pronto, fica razoavelmente fácil entender Jobs e Gates como superdotados da informática, mas o que Lady Gaga está fazendo na lista? A reação de perplexidade foi manifestada, em primeiro lugar, pelos alunos de Craig. O professor emérito da Universidade de Yale disse que a cantora pop é um exemplo contemporâneo de genialidade, distinção que não cabe ao nadador Michael Phelps, o atleta com mais medalhas olímpicas da história. A explicação do historiador é relativamente simples: “Um gênio é uma pessoa com extraordinários poderes mentais, cujas obras ou conceitos originais mudam a sociedade de uma maneira significativa para melhor ou para pior em todas as culturas e ao longo do tempo”. Ele até desenvolveu uma formulazinha do gênio: G = S x N x D. Ou seja, gênio (G) é igual a quão significativo (S) é seu impacto ou mudança, multiplicado pelo número (N) de pessoas impactadas e por sua duração (D) no tempo.
Dei toda essa volta para chegar até aqui e anotar que existe uma onda que tem modificado sobremaneira a vida de milhões de pessoas: a do empreendedorismo social. Talvez no futuro, essa onda, em vez de um nome, seja anotada como um processo genial — como gosto de sonhar — de forte impacto global.
A ideia do empreendedorismo social está concretizada na criação de uma nova realidade, igualitária, justa e mais humana. O Brasil já conta com bons exemplos de empresas sociais, assim como conta com boas iniciativas que nascem dentro das próprias comunidades.
A nós, juristas, cabe zelar e auxiliar na liberdade de empreender, ressaltando-se o art. 3º, I, da nossa Constituição, que estabelece que dentre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil está “construir uma sociedade livre, justa e solidária”, e ainda no III, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”. Aliás, diga-se, ao construir os pilares do Estado democrático de direito e dos direitos fundamentais da pessoa humana, a Constituição de 1988 apontou para a construção de uma democracia igualitária, exigindo também uma prática jurisdicional comprometida com a luta humana por direitos, justiça e dignidade.
Confesso que não tenho a fórmula para saber como alçaremos o que estabelece a nossa Constituição, mas, intuitivamente, e ainda que o futuro seja incerto, vejo no empreendedorismo social a construção de uma ponte que pode ajudar a atravessar o abismo cotidiano pela implementação dos direitos sociais e causar o maior impacto sobre a vida dos mais vulneráveis.
E aí não é preciso de uma fórmula genial para entender que, no atual cenário de questionamentos que o país atravessa, iniciativas fora do Estado, com caráter complementar, podem colaborar para essa perspectiva, fazendo valer as garantias elencadas no artigo 5º, caput, da Constituição, de acesso a direitos e deveres a todos. Isso é a verdadeira busca pela igualdade, isso é dever de ofício – é Justiça que todos devemos buscar.
Nelson Wilians é CEO da Nelson Wilians Advogados
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